Por onde anda Itinho Ternura?

LÚCIO EMÍLIO JÚNIOR – Outro dia, puxando pela memória, lembrei-me que o meu amigo Italo Coutinho era uma figura muito mais comum do que eu nas páginas deste Jornal de Negócios no passado recente. Homem de negócios sério, engenheiro e professor, é um homem ocupado, pai de família, sempre está com muitos projetos. “Seu nome é trabalho”. E anda ao lado de amigos saudosos como Viviane do Tacão, Rodrigo (filho do Hermes) “Buba” e Lenine Alvarenga. Esses últimos, por vezes, aparecem como colegas de trabalho.

Saudade de reencontrar essa turma. Eu nunca estudei com eles, eu não pertencia oficialmente, mas nós nos encontrávamos nos fins de semana ou em Belo Horizonte.

Ítalo nunca teve esse apelido com o qual intitulo essa crônica. Ele deriva de um dia em que, curiosamente, fui assistir aulas junto a ele na escola (que programa!). Lembro-me da aula do Francisco, mais conhecido como Tchesco, aula de Física. Essa minha lembrança é especialmente estranha hoje em dia. Como aceitaram alguém que não era aluno em sala de aula sem reclamar? Eu creio que a turma era tão boa, com alunos como Italo Coutinho e Bruno Garbazza que, enfim, merecia tolerância.

No dia em que eu frequentei uma aula junto ao Ítalo, Karina, uma colega que depois namorou o amigo Wellington Mota, escreveu por todo o quadro: “Itinho é ternura”. Comentei essa frase anos depois com o Ítalo. Ele riu e achou curioso eu recordar justamente isso. 

Sobrinho de Jacinto Guerra, Ítalo escreve muito bem. É como dizem os cariocas: quem sai aos seus, não degenera. São muito boas as suas crônicas escritas no seu site Ítalo na web . Acesse o site AQUI. Vejamos uma delas, Batalhão de Sonhos e Aventuras:

 

“Tenho uma forte ligação com o 7º Batalhão da PM em Bom Despacho. Meu avô era militar e morou bom tempo na Vila. Alguns tios também e amigos conviveram por ali por muitos anos.

A ligação com o Colégio Tiradentes foi inevitável. As aventuras sempre eram em torno dos policias que ali trabalharam e tentavam disciplinar a todos. O Teotônio, quando faltava algum professor, dava aula de sacristia; o Marquinhos (marido da Clarete) só de olhar para ele dava medo e nem precisava repreender alguma pisada de bola nossa; o Valtevir até tinha uma musiquinha.

As festas juninas promovidas pelo Colégio e que ocorriam no Batalhão sempre eram um bônus dos meses pesados de aulas. As barraquinhas continham nossos sonhos de consumo. A fogueira com as bandeirinhas marcou nossas lembranças. Quase sempre participávamos da quadrilha. Escolher o par era uma luta, afinal quem não queria a melhor companhia?

Na época do 7 de setembro a gente marchava após o Batalhão. A fanfarra do Tiradentes era uma competição certa e saudável com outra escola, o Miguel Gontijo. Recordo-me que na inauguração da Rodoviária, que o Célio Luquini construiu na cidade em 1988, estávamos todos ansiosos e orgulhosos pelo evento.

Chegava o final de ano e a Polícia sempre fazia entrega de presentes para os filhos de militares. Caminhãozinho, quebra-cabeça, resta um e outros jogos eram a nossa grande esperança. Mas tinha o grand finale: o sorteio da bicicleta. Certa vez ganhamos uma Monark BMX, meu irmão ficou com ela de presente e acabou trocando por uma potrinha. Esta é outra história animada da adolescência.

Quando chegavam as férias de verão a gente se reunia na Praça de Esportes do Batalhão. O Morato é quem tomava conta de tudo ali. Era uma festa todo dia. Jogar bola na quadra, comprar salgadinhos e refrigerantes na venda do clube, nadar o dia todo até a palma da mão enrugar.

De todas as boas e ótimas lembranças que tenho, talvez a que mais me marcou foi a primeira vez que entrei no prédio do Batalhão e vi aquela imensa Bandeira Nacional no seu teto. O sentimento de patriotismo sempre aflorava.

O Batalhão faz parte da nossa cultura e da nossa história. Somos o que somos porque ali aprendemos o respeito e a disciplina necessários para os dias de hoje”.

(Portal iBOM / Lúcio Emílio Júnior é filósofo, professor e escritor / Foto: Arquivo).

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