Duzentos artigos para o Jornal de Negócios

ALEXANDRE MAGALHÃES – Para o raro leitor e a rara leitora, tenho uma efeméride, e como toda efeméride, sem nenhum resultado prático: este é meu ducentésimo primeiro texto, ou minha coluna de número 201.

São 5 anos escrevendo para esse importante meio de comunicação bom-despachense. A primeira coluna foi publicada na edição n° 1.530, em 2 de setembro de 2018.

Conheço a importância do Jornal de Negócios, pois ouço muita gente comentando meus artigos, bem como textos de outros colaboradores e notícias em geral divulgadas na edição impressa, no site e redes sociais do veículo.

Vida longa ao Jornal de Negócios! É muito difícil manter um veículo local, concorrendo com veículos digitais, que pela força do dinheiro acabam matando essas iniciativas tão importantes para a comunidade, para focar no que realmente importa para a economia local, para seu povo e sua cultura.

Que venham os artigos 400, 1000… se o povo bom-despachense quiser e achar interessante continuar a ler um velho paulistano falando sobre Bom Despacho.

Parabéns, Alexandre Coelho, pela batalha diária!

Diferenças entre São Paulo e BD

Muitas de minhas colunas, especialmente no início da relação com Bom Despacho e com o Jornal de Negócios, tratavam sobre as diferenças entre viver em São Paulo e em minha nova cidade preferida. Palavras diferentes, como o significado de Quitanda (em São Paulo é lugar que vende verduras e legumes e aqui são quitutes para tomar café), Capaz (em São Paulo sempre indica uma possibilidade e aqui pode indicar que nunca vai acontecer), Nanica (caturra por aqui), passando pelas diferenças na maneira de encarar a vida, como o hábito de comer fruta no pé (que em São Paulo isso é impossível), nadar em rios limpos (coisa que nunca tinha feito em minha vida, já que São Paulo só tem esgotos a céu aberto), correr em matas, em estradas de terra, no meio das fazendas (coisa que em São Paulo é impossível, já que o rancho mais próximo fica a mais de cem quilômetros da capital), enfim, o início foi muito focado em meu espanto com a beleza de viver em Bom Despacho.

O pico da pandemia

A partir da coluna número setenta, aproximadamente, surge a Covid-19, passamos a viver fechados, com pouca interação social. Minhas colunas refletem meu desespero com a situação, a perda de três alunos logo nos primeiros meses de 2020, a morte de amigos e parentes, o medo de fazer os testes e descobrir que estava infectado (coisa que nunca ocorreu, felizmente). Muitas colunas focadas nesta doença.

Música, corridas, ciclismo e caminhadas

Muitas colunas mostram minha admiração com os hábitos saudáveis dos bom-despachenses: a quantidade de pessoas que correm, minha relação com a CorreBom, associação de corredores da cidade, minhas investidas no ciclismo, tentando acompanhar minha namorada e seus amigos em pedaladas de 30, 40, 50, 60, 70 quilômetros, que invariavelmente terminam com minhas pragas contra quem me convidou para o passeio, e textos sobre o grande número de caminhantes na Avenida Dr. Roberto.

Muitos textos citaram o Circuito dos Ranchos, grupo de amigos que se reúnem mensalmente (antes da Covid era sagrado ser mensal o encontro e hoje está mais irregular) e tocam música da melhor qualidade (os músicos são os amigos e não pessoas contratadas), comem bem e bebem melhor ainda durante o fim de semana.

Fumaça, cachorros soltos, lixo nas estradas

Muitas colunas destas duzentas que escrevi foram focadas no que não gosto em Bom Despacho: o cheiro eterno de queimada, por exemplo, um péssimo hábito de muitos moradores da cidade, inclusive gente muito próxima, de queimar lixo, folhas, capim em beira de estrada, sofás velhos, entre muitas possibilidades. Para quem corre, as queimadas são inimigo terrível, pois a respiração fica difícil. Para quem não corre, também, pois afeta a saúde e os anos de vida futuros; a quantidade de cachorros soltos e sem donos na cidade e nas estradas de terra foram objeto de muitas colunas. Cães que dormem no meio das ruas, sujeitos a atropelamentos, cães famintos que reviram lixo doméstico, ou bichos que perseguem os corredores e mordem muitos esportistas. Eu, não acostumado a enfrentar cães nas ruas de São Paulo, sempre fico com muito medo dos cachorros, que em algumas estradas de terra andam em grupos enormes e ameaçadores; também reclamei muito do lixo jogado pelos moradores nas estradas de terra, que enfeiam a paisagem, juntam urubus (muitos animais mortos são jogados nestes lixos), cheiro ruim, entre muitos efeitos; também comentei várias vezes sobre o hábito dos bom-despachenses de andarem fora do passeio (calçada, em São Paulo), pois há muitas áreas onde não há um local para caminhar. Os moradores ficam sujeitos a atropelamentos e acidentes diversos.

Conversar na porta de casa 

Muitas vezes mencionei o hábito dos bom-despachenses de sentarem-se em grupos na porta de casa para conversarem, geralmente, no final do dia. Isso me fascina, pois em São Paulo isso não existe e, caso alguém faça isso, corre sério risco de assalto.

Personagens de Bom Despacho

O andarilho Cláudio apareceu em muitas colunas, assim como o sorridente seu Tarcisio do Xuá, os trabalhadores incansáveis do bairro Esplanada, Joãozinho verdureiro e Tõe, que tira o leite de suas vacas e vende o resultado pelas ruas do bairro, a mãe e filha que pegam material reciclável pelo mesmo bairro, agora só a filha, já a mãe faleceu durante a pandemia, o Ivan onde tomo meu café espresso, o William da mercearia, sempre atencioso de um jeito muito simples e com a cerveja sempre gelada, o bar do Ernani Ferramenta, onde vejo os jogos do Galo e encontro os amigos, o KiMassa, o Deck, o Kampala, a Panolli, a padaria São Vicente, o delicioso bar do Tio Vicente e da Tia Tita, o pessoal da Praça de Esportes, enfim, personagens que apareceram sempre no meu texto, além do Leo e Boleka, meus professores de música.

Bom Despacho, a cidade que me acolheu

Claro, Bom Despacho acabou sendo a atração principal de meus mais de duzentos textos. A cidade que é o oposto de São Paulo, que me faz ser a pessoa mais feliz do mundo, porque tenho sempre um refúgio maravilhoso, cheio de vida, de natureza, de pessoas interessantes, de uma cultura riquíssima, como as festas do Reinado e de Reis, e a matinha, lugar que corro na mata fechada e saio de lá energizado.

E quantos lugares e pessoas mais, que não caberiam neste texto.

Obrigado a Bom Despacho e seu povo pela paciência que tiveram comigo nestes cinco anos de parceria!

(Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por BD e SP)

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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