Minas me deu uma ótima virada de ano

 

ALEXANDRE MAGALHÃES – Em grande parte dos países, independente da data que o ano novo começa, nem mesmo de qual é o ano que está começando (Israel está no ano 5.782 e a China está no ano 4.720, entre muitas opções em outros países), o início do próximo ano é sempre visto como um renascimento, uma nova oportunidade de mudanças, novos amores, novas finanças, novos hábitos de vida, chance de emagrecer, de fazer exercício físico, mudança de empresa, enfim, mudança de algo ruim para algo maravilhoso.

Nunca fui um crente nestas questões de efemérides, pois as acho bem aleatórias e sem sentido, mas cercado de amigos e pessoas que gostamos, acabamos programando festas para comemorar a passagem do ano.

Meus amigos bom-despachenses resolveram passar os últimos dias de 2022 na Serra da Canastra, o que achei ótimo, já que não conhecia a região, muito famosa pelas belezas naturais, cachoeiras e excelentes queijos. Fomos de carro para lá.

Choveu a viagem toda, mas, apesar disso, o trecho entre Bambuí e São Jorge de Minas, cidade na qual ficaríamos hospedados, estava razoavelmente bom, mesmo sendo uma estrada de terra de dezenas de quilômetros.

A cidade de São Jorge de Minas é bem pequena, com pouco mais de seis mil habitantes. A vantagem é que a cidade fica bem perto da entrada do Parque Nacional da Serra da Canastra, local cheio de cachoeiras de todos os tamanhos e volumes de água, além de ficar a poucos quilômetros da casa onde passaríamos o réveillon.

Nascente do Rio São Francisco

Desde que comecei a frequentar Bom Despacho, há cinco anos, sempre ouvi falar que a nascente do Velho Chico era na Serra da Canastra, portanto, era minha chance de visitar este local. Conversando com pessoas em São Jorge de Minas, fiquei sabendo que há dois locais considerados a nascente do famoso rio. Uma é a nascente histórica, que é o local que durante décadas as pessoas achavam que era o início do São Francisco. Outra é a nascente “verdadeira”, que é um amontoado de fontes d’água, que hoje é considerado o real início do rio.

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Visitei a nascente histórica, um pequeno poço de água, com um minúsculo rio que sai do local. Fiquei muito emocionado. Não é todo dia que um paulistano vê o início histórico de um dos rios mais importantes do Brasil e do mundo.

A Casca D’Anta

Com muita chuva no caminho de terra, fomos até o alto da famosa cachoeira de Casca D’Anta, uma queda d’água muito alta e com muita água nesta época de chuva. Voltando para nosso gostoso hotel em São Jorge de Minas, com chuva torrencial, foi possível perceber que a água brota de cada centímetro do Parque Nacional. Vendo tanta beleza e tanto líquido saindo do solo, percebi porque o São Francisco inicia como um filete d’água e vira um lindo e gigante rio. Toda aquela água vai para o São Francisco em algum momento.

No dia seguinte, já dia 1 de janeiro de 2023, dirigimos cerca de sessenta quilômetros para ver a mesma Casca D’Anta de baixo. Alternou-se momentos de chuva e momentos de sol no longo e acidentado caminho até a cachoeira. No caminho todo, a Serra da Canastra nos acompanha. Em algum momento, olhando pela janela do carro, contei dezenas de cachoeiras na Serra.

O último quilômetro para chegarmos à Casca D’Anta é feito a pé e o terreno é bem escorregadio, por causa das fortes chuvas, com enormes barrancos durante todo o trajeto. Melhor não olhar muito para baixo…

Nos últimos duzentos metros já não é possível ficar seco, pois as águas da cachoeira, por meio de minúsculas gotículas, vai nos molhando. Quanto mais perto da gigante queda d’água, mais encharcado vamos ficando. O volume de água impressiona e emociona. Um barulho enorme.

É impossível chegar embaixo das águas, pois quebrariam nossos ossos, especialmente neste momento de muita chuva. Linda!

A água bate com tanta força no rio, que sobe uma nuvem de água, que muitas vezes nos impede de ver a mata ao redor. A natureza é incrível e lindíssima!

Todos saíram de lá renovados, mais leves, mais confiantes que o ano de 2023 será melhor.

A visita de ano novo

Passamos a noite do réveillon em uma reserva privada, bem perto do Parque Nacional. Dentro do terreno desta reserva privada há muitas cachoeiras, uma delas a poucos metros da casa na qual passamos a virada do ano.

Às 18:00 horas do dia 31 de dezembro, quando todos os amigos já haviam chegado ao local, um visitante ilustre apareceu na casa: um lobo guará.

Provavelmente, sentiu o cheiro da comida na casa e chegou bem perto da porta da casa. Deixou-se observar por todos, sempre desconfiado de tanta gente junta olhando para ele. Foi emocionante ver um animal tão lindo tão de perto.

A festa foi ótima, com muita chuva, muito chopp, além de música de ótima qualidade executada pelo Eriton, seu filho Lucas e com a ótima participação do professor Lau na percussão, tocando um cajón.

Bom Despacho

Voltamos a Bom Despacho na noite do dia 1 de janeiro de 2023. Muita chuva na estrada, temperada por muitos raios e trovões entre Moema e Bom Despacho.

Sempre escutei os bom-despachenses dizerem que “Bom Despacho é ruim de chuva”. No verão de 2021/2022 choveu muito, com a região da “espraiada” ficando com água até na altura da pista de asfalto. Neste verão também está chovendo muito, especialmente na primeira semana do ano de 2023. Logo, logo as pessoas começarão a dizer que “Bom Despacho era ruim de chuva…”. A natureza é sempre sábia!

Gostaria de desejar a todos os bom-despachenses e aos que moram na cidade, um grande 2023! Que todos consigam novas conquistas, que tenham saúde, paz e harmonia. E que as diferenças políticas não sejam um empecilho para que a amizade permaneça.

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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