Potencialidades turísticas da nossa Bom Despacho

LÚCIO EMÍLIO – Faço questão de trazer parentes, amigos e conhecidos, muitos estrangeiros, para visitar Bom Despacho, já antevendo o resultado. Todos sem exceção ficam maravilhados com as peculiaridades e o patrimônio artístico e cultural da cidade. Nascemos, passamos nossa infância aqui e o que é para nós banal, encanta os que pela primeira vez caminham pelas nossas avenidas, becos e vielas, experimentam o nosso bucolismo, a calma e a tranquilidade que todos procuram.

Ao final desses passeios e as impressões sinceras dos visitantes, concluo que Bom Despacho tem uma vocação turística que poucas cidades têm, que continua inexplorada, quando poderia ser convenientemente organizada e gerar renda para nossos munícipes. Para não ficar só na teoria, ouso imaginar o roteiro para um passeio turístico a Bom Despacho, aberto ao Brasil e ao mundo, tal como o das Serras Gaúchas, Campos do Jordão, por exemplo.

O tour poderia começar com a visita a nossa Igreja Matriz, com um guia turístico bem informado, mostrando toda a saga de sua construção e detalhes arquitetônicos. Ali mesmo na Praça, com uma profusão de flores e cores, o turista tomaria o seu café da manhã numa espécie de Festival do Pão de Queijo, onde se venderiam o nosso polvilho, queijo e ovos caipiras. Existem receitas de pão de queijo tradicionais, que seriam repassadas aos visitantes, numa verdadeira aula de culinária local.

O turista poderia ser, em seguida liberado, para suas compras no comércio circunvizinho. Dali partiria para a Cruz do Monte, onde entraria em contato com a cultura afro, o congado, a história da Tabatinga. Poderia sair falando a língua dos quilombolas, o que seria muito divertido. Aí mesmo nesse ambiente mágico, o visitante poderia saborear uma feijoada completa, bem ao sabor bom-despachense, com (pequenas) doses da nossa cachaça artesanal e até licores tradicionais, dos tempos de nossos avós.

A Colônia dos Alemães, restaurada, poderia encerrar a noite com um jantar com comida alemã típica dos tempos em que os imigrantes viveram ali. Os próprios descendentes poderiam se encarregar de contar a história de seus antepassados, falando dos utensílios, vestimentas e melodias que cercaram aquele passado.

A Praça da Estação poderia ser sede de um evento, primeiro, uma exposição sobre seu significado histórico e, depois, visita ao museu ferroviário. A feira livre que já funciona ali poderia ser redimensionada para receber visitantes com produtos da nossa indústria e agropecuária.

O ponto culminante de qualquer passeio turístico seria a visita ao conjunto arquitetônico da Vila Militar. O passeio seria feito à tarde, com uma caminhada pelas ruas da Vila, e no Quartel, mostrando sua origem e importância para a história de Minas Gerais. A arquitetura da Vila tem peculiaridades que passam despercebidas pelos que já a conhecem e com ela se acostumaram. Metade das casas são em estilo continental europeu, os chamados bangalôs, e a outra metade é de arquitetura anglo-americana, com aqueles pequenos alpendres na entrada (hall). A chamada “Casa do Comandante” é também uma construção requintada, reproduzindo com máxima fidelidade o estilo anglo-saxão. A dificuldade seria que essas casas são imóveis habitados, mas poderiam ser mostradas por fotos. As demais casas são de estilo americano, mas muito simples. Temos ali uma capela, que acompanha as linhas arquitetônicas do conjunto. O teto do coreto existente na praça é sustentado sem colunas centrais, por um curioso processo de engenharia. O passeio poderia ser encerrado com uma Vesperata-Jantar, utilizando-se as janelas do prédio do 7º Batalhão. Sei que há ideias contrarias à industrialização e à urbanização, que atraem forasteiros e oportunistas, roubando a calma da cidade. Numa época de eleição, não custa dar uma sugestão e mostrar uma oportunidade.

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