A democracia te dá o poder de decidir o futuro de BD

Nós somos uma democracia jovem. Tendo como principal marco a Constituição de 1988, a democracia que vivemos atualmente no Brasil tem pouco mais de 30 anos. Comparados a países que mantêm sistemas democráticos há mais de 200 anos, somos adolescentes, no máximo. E, como tais, sofremos das inseguranças, das dúvidas e dos erros naturais da nossa idade.

Quantos de nós não se pegaram recentemente pensando que bom mesmo era quando estávamos no regime militar? Eu tenho pouco para dizer daquela época, estava preocupado com brinquedos, piscina e o início da vida escolar quando ela já estava no final. Lembro-me do movimento “Diretas Já”, em 1984, que mostrava na TV manifestações gigantescas, mas se viu ao final frustrado porque não conseguiu ver aprovada a emenda constitucional pelas eleições diretas. Lembro-me claramente da eleição indireta de Tancredo Neves em janeiro de 1985, seguida por sua repentina morte.

É curiosa a razão de me lembrar disso. À época, naquele janeiro, fizemos uma viagem para uma praia com um monte de familiares e amigos. Se não me engano, era Vila Velha o destino. No mesmo janeiro, acontecia o primeiro “Rock in Rio”, e alguns primos mais velhos, ídolos da minha infância, me apresentaram a outros ídolos como Freddie Mercury, Rod Stewart, Cazuza e Herbert Vianna nas apresentações que foram transmitidas pela TV. Ao mesmo tempo, se fazia uma cobertura intensa das eleições e depois da agonia e morte de Tancredo. E por que eu assisti tanto a TV na praia? Porque chovia muito, amigo. Como chovia no Espírito Santo naqueles verões…

Depois da eleição de Tancredo, com posse de Sarney, conseguimos aprovar em 1985 a elaboração de uma constituição democrática, o que se concluiu em 1988, com aquela célebre promulgação nas mãos de Ulysses Guimarães. O Brasil estava numa euforia só e vislumbrávamos um futuro brilhante!

Infelizmente, não foi bem o que aconteceu. Como todos sabemos, nesses 30 anos, enquanto países como China e Coreia do Sul, com regimes totalmente diferentes, alcançaram resultados extraordinários em termos de desenvolvimento, ficamos praticamente no mesmo lugar. Quando, na década de 1990, chegamos a nos entusiasmar com as perspectivas para o Brasil, mal sabíamos que seríamos consumidos ao longo de décadas por tantos problemas na administração pública.

Na mesma linha, vimos infelizmente Bom Despacho copiar o Brasil no subdesenvolvimento econômico ao longo da maior parte desse tempo. Lembro-me de que, na minha infância, Pará de Minas tinha mais ou menos a mesma população que Bom Despacho e Nova Serrana era metade da gente. Somos muito menores do que ambas agora! Não quero enumerar ou debater os motivos que nos trouxeram até aqui, acredito que evoluímos sim em outras áreas nos últimos anos, mas não alcançamos o esperado desenvolvimento econômico. Isso tem custado a emigração de muitos bom-despachenses, a pobreza de outros tantos e diversas dificuldades que daí decorrem. E, ao final, fica-nos a impressão de que paramos no tempo.

O bacana da democracia é que a gente mesmo é quem pode manter ou mudar os caminhos que vimos seguindo. Acertar e errar, além de extremamente subjetivo, é do jogo democrático. E lembra que nós somos uma democracia jovem? Assim como o país mostrou amadurecimento na escolha de governantes e representantes na última eleição em 2018, como Bom Despacho já mostrou na sua última eleição em 2016, temos uma nova oportunidade agora em 2020.

Vote consciente. Escolha os candidatos e candidatas que melhor se alinhem com o que você pensa e com o que você espera de trabalho pelo município. Se o candidato que você escolheu antes atendeu às suas expectativas, não mude por mudar, o voto é seu e também é maturidade escolher continuar. Se não atendeu, busque opções, converse com sua família, vizinhos, amigos, busque alternativas. São 4 anos que os escolhidos e escolhidas terão para ajudar a manter o que você gosta e melhorar o que falta na nossa Bom Despacho.

Esse é o bacana da democracia: nós podemos escolher! A maioria de nós vai definir quem vai comandar Bom Despacho nos próximos 4 anos e quais serão as pessoas que nos representarão no legislativo. É chavão, mas é essencial: vote com consciência, vote com convicção! Usufrua do poder que herdamos lá da turma que brigou pela redemocratização na década de 80.

Por fim, um pedido aos candidatos e futuros eleitos: o processo eleitoral é competitivo por natureza, tudo bem, eu entendo. Mas ele não precisa ser perverso. Não destrua as relações que foram construídas ao longo de anos por causa dessa competição. As pessoas de bem não devem se tornar outras em função da corrida eleitoral. Respeito é uma boa receita para termos um depois de amanhã saudável.

Além disso, a eleição deve se encerrar no dia 15 de novembro. Depois, eleitos ou não, adversários ou aliados na eleição, proponho nos esforçarmos para construir uma administração e uma câmara municipal comprometidas com o município. Usar esses cargos como meios para sanar diferenças ou dívidas morais de campanha não ajuda em nada o município, e muito pouco ao ego dos envolvidos. Bom Despacho precisa de todos para dar passos firmes rumo ao futuro.

Paulo Henrique Alves Araújo

Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

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