Carregando a bandeira de Bom Despacho para o mundo

 

ALEXANDRE MAGALHÃES – “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. / O Tejo tem grandes navios /

E navega nele ainda, / Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, / A memória das naus. / O Tejo desce de Espanha / E o Tejo entra no mar em Portugal. / Toda a gente sabe isso. / Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia / E para onde ele vai / E donde ele vem. / E por isso, porque pertence a menos gente, / É mais livre e maior o rio da minha aldeia. / Pelo Tejo vai-se para o mundo. / Para além do Tejo há a América / E a fortuna daqueles que a encontram. / Ninguém nunca pensou no que há para além / Do rio da minha aldeia. / O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. / Quem está ao pé dele está só ao pé dele”.

O poema acima, cujo título é “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia´, é de Alberto Caeiro, um dos nomes que o grande poeta português Fernando Pessoa usava.

Sempre lembro desse poema quando vejo o amor enorme que os bom-despachenses têm por sua cidade. Não importa se estão no Rio de Janeiro, São Paulo ou Paris, sempre acham Bom Despacho o centro do universo.

No dia do aniversário de Bom Despacho, dia 1 de junho, eu estava com dezenas de bom-despachenses no Rio de Janeiro para participar da Maratona do Rio. Alguns atletas correram 10 quilômetros, outros 21 e alguns participaram da maratona, ou seja, dos 42 quilômetros e 195 metros. Apesar de estarmos em uma cidade considerada maravilhosa, vi a preocupação de muitos bom-despachenses em não estar presente nas comemorações do aniversário de Bom Despacho. Ouvi conversas ao telefone entre os atletas que estavam no Rio de Janeiro com pessoas que estavam em Bom Despacho e o assunto variava entre “gostaria de estar aí para o desfile” e “não deixe de ir ao desfile”, ou ainda “explique para fulano que estou no Rio e por isso não posso desfilar”.

Parafraseando Alberto Caeiro ou Fernando Pessoa: “a cidade mais linda do mundo não é a minha Bom Despacho e por isso Bom Despacho é a cidade mais linda do mundo”…

Bom Despacho muito bem representado no Rio de Janeiro

Sinto uma certa inveja de ver o orgulho dos bom-despachenses do grupo CorreBom, entidade que impulsiona muita gente a correr e exercitar-se.

A preocupação em levar uma bandeira de Bom Despacho para o Rio de Janeiro, o orgulho de correr com a camiseta identificando que são da cidade, a quantidade enorme de munícipes que se deslocaram por 8, 9 ou 10 horas para participar das provas e mostrar que eram de Bom Despacho, tudo me impressiona muito.

Eu jamais pensaria em levar uma bandeira da cidade de São Paulo para um evento esportivo, pois minha relação com a cidade onde nasci é menos próxima, menos amorosa, menos de orgulho, menos enraizada do que os bom-despachenses têm com Bom Despacho.

Pelo contrário: sinto orgulho de correr estas provas com a camiseta de Bom Despacho, pois a cidade impulsiona os corredores a participarem de várias provas e a ter orgulho do local onde nasceram.

E o mais impressionante: não importa se a pessoa fez 10 quilômetros, 21 ou a maratona, ou mesmo que não tenha conseguido terminar a prova, todos se felicitam, mostram orgulho com o resultado dos outros conterrâneos, comemoram juntos as dores, as unhas machucadas, a medalha duramente conquistada.

Parabéns aos corredores da CorreBom e aos corredores bom-despachenses de outras associações. Vocês brilharam, como costuma dizer minha namorada bom-despachense.

Bom Despacho, a cidade do esporte

Já tentei pesquisar sobre a proporção de paulistanos (nascidos na cidade de São Paulo) e bom-despachenses que praticam algum esporte. Não achei dados comparáveis. Minha impressão é que Bom Despacho tem, proporcionalmente à sua população, muito mais gente correndo, pedalando, caminhando, jogando beach tennis, peteca, futebol, academia de ginástica ou qualquer outro esporte.

Que continuem assim! É bom para a saúde, para o corpo, para a mente, para as amizades, para tudo.

Eita povo unido!

Terminada a meia maratona, ou seja, 21 quilômetros, prova que corri no Rio de Janeiro, nos chamaram para ir a um bar/restaurante em Ipanema. Fomos e qual não foi minha surpresa ao constatar que havia dezenas de bom-despachenses no local, ocupando várias mesas.

Pareceu-me uma grande família em um almoço comemorativo. Todos se conhecem, todos se chamam por apelidos, todos parecem ter laços muito fortes de amizade. Isso me impressiona, porque em São Paulo não somos gregários como parecem ser os bom-despachenses, preferimos o isolamento, poucos amigos, pouca exposição social.

Gostei muito de compreender melhor estas relações e sua profundidade em Bom Despacho.

De Bom Despacho para o Brasil

Há alguns dias comecei a receber, de várias pessoas diferentes, trechos de um programa da Rede Globo.

A primeira pessoa que me enviou um trecho do programa foi minha filha Isabella. Eufórica, dizia que o programa era sobre Bom Despacho. Alguns ex-alunos também me enviaram mensagens falando do programa. Outros, perguntavam se a cidade que frequentava em Minas Gerais era Bom Despacho, pois haviam visto um programa sobre um time de futebol na região.

Esta semana, finalmente, recebi o programa completo e pude vê-lo. O tema do programa é uma equipe amadora que se chamava Sociedade Esportiva Palmeiras, como o famoso time paulistano, mas as cores e o símbolo são do São Paulo Futebol Clube.

O clube, cuja sede era no Bar do Tonhão, nunca foi um time de ponta, mas as histórias contadas pelos jogadores, todos amigos até hoje, são muito boas.

É Bom Despacho aparecendo para todo o Brasil com uma história bem peculiar. Foi muito bom ver cenas de lugares que hoje conheço tão bem na principal emissora de TV do país. E, principalmente, fazendo com que pessoas que eu não tinha contato há alguns anos me procurassem para comentar que haviam visto o programa e se lembrado da cidade que aprendi a amar e que sempre fazia referências nas aulas e nas conversas com amigos. De Bom Despacho para o mundo!   (Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por BD e SP / Foto postada no site da Prefeitura Bom Despacho).

 

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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