Assalto: minha primeira vez quase foi em Bom Despacho
ALEXANDRE MAGALHÃES – Nos primeiros dias de 2024 eu ainda estava em Bom Despacho.
Eu e minha namorada bom-despachense resolvemos convidar nossa amiga Denise, psicóloga e ativista social da cidade, para que ela conhecesse meus dois irmãos gêmeos, que passaram o Natal e o ano novo em Bom Despacho.
Como estava muito calor, resolvemos escolher um local que servisse uma cerveja gelada em mesas do lado de fora, com serviço no passeio (ou calçada, para quem é de São Paulo).
Depois de pensar por uns minutos, escolhemos ir a um local que fica na esquina da Rua Flávio Cançado Filho. Fomos ao restaurante, que estava bem cheio, com as pessoas aproveitando o período de férias escolares, o calor, o restinho de décimo terceiro salário, entre outras possibilidades, para divertirem-se.
Tivemos de montar uma nova mesa no passeio, já no meio do quarteirão. Depois de alguma dificuldade para instalar a cadeira de rodas de meu irmão na mesa, passamos momentos muito agradáveis, com ótima conversa com a Denise.
Enquanto estávamos nos divertindo, um casal de amigos de minha namorada bom-despachense chegou ao local e se instalou em uma mesa ao lado da nossa. Minha namorada foi até a mesa dos amigos, conversou um pouco e voltou para nossa conversa.
Ficamos ali até umas 22:00 horas, depois de passarmos momentos deliciosos.
Nesta semana, minha namorada bom-despachense encontrou sua amiga, a mesma que sentou-se a poucos metros de nossa mesa naquele começo de ano. Para sua surpresa, ou melhor, para nossa surpresa, a amiga relatou que uns cinco minutos depois que saímos do restaurante, um grupo armado roubou os clientes todos, especialmente os que estavam nas mesas que estavam no passeio.
Eu, paulistano da gema, nascido em São Paulo, uma das cidades mais violentas do mundo, nunca fui assaltado. Por cinco minutos, não tive minha primeira experiência de assalto à mão armada. E essa primeira vez seria em Bom Despacho, uma cidade que considero segura, pacata, calma, especialmente quando comparada a minha cidade natal.
Quando escutei a história da boca de minha namorada bom-despachense, fiquei paralisado. Menos pela possibilidade de ser assaltado pela primeira vez, mas pensando qual seria a reação de meus irmãos deficientes, que se assustam com qualquer barulho, com qualquer pequeno movimento. E fiquei pensando sobre qual seria a reação dos assaltantes ao ver duas pessoas muito frágeis assustando-se, jogando copos para cima, talvez gritando, talvez chorando, enfim, reagindo sem ter domínio de seus próprios corpos e emoções.
Por sorte nossa e, infelizmente azar dos que ficaram no agradável restaurante, saímos cinco minutos antes do roubo.
Seria muito “engraçado” contar a meus amigos paulistanos que fui assaltado pela primeira vez à mão armada em Bom Despacho, local que relato a eles que é um paraíso na terra, cidade onde muitos largam os portões de suas casas abertos, não trancam seus carros, andam despreocupados pelas ruas, entre muitas loas que canto a esta terra que aprendi a amar como minha própria terra natal.
Espero que este fato tenha sido apenas um caso isolado e que não vire uma coisa comum em Bom Despacho.
Querendo voltar logo a Bom Despacho
Desde que voltamos a São Paulo, depois de ter passado três semanas em Bom Despacho com meus irmãos gêmeos, tenho enfrentado um problema: Daniel e Rafael não falam em outra coisa que não seja voltar à cidade.
Para todos os parentes ou amigos que nos visitam, eles voltam ao assunto e contam sobre como foi maravilhosa a experiência deles em Minas Gerais.
Claro, a passagem deles por Bom Despacho significou um giro de 180 graus em suas vidas. De uma hora para outra, abandonaram a vida 100% dentro de casa, para uma vida cheia de passeios, restaurantes, bares, clube, sítios, primeira experiência com a Festa de Reis, a presença na Igreja Matriz para ouvir o Coral Voz e Vida e o quarteto de cordas regido pelo maestro Ewerton Cordeiro, entre muitas outras atividades, sem citar a festa de Natal e de Ano Novo, momentos maravilhosos passados com a família de minha namorada bom-despachense, incluídas as experiências de participar da brincadeira de amigo secreto (ou oculto).
Tinham que ficar apaixonados por Bom Despacho, mesmo.
Tentaremos voltar à cidade em breve, para alegria deles.
Enquanto não voltamos, tenho usado Bom Despacho para melhorar o comportamento deles: “caso se comportem bem, voltaremos a Bom Despacho” ou “se ficarem bonzinhos, vou tentar levá-los para Minas Gerais”, entre outras frases que venho repetindo dia sim e dia também.
Triste notícia!
Esta semana recebi uma notícia muito triste. Meu professor de violão, o Boleka, me enviou uma foto de uma aluna sua na escola Estadual Professor Wilson Lopes do Couto, jovem de 19 anos, que eu encontrava com alguma frequência no supermercado Fidelis da Linha, havia morrido de dengue hemorrágica, depois de passar um tempo internada na Santa Casa da cidade.
Fiquei chocado e triste. Chocado, por saber que uma jovem, da mesma idade de minha filha, faleceu de uma forma tão inesperada. E triste, porque era uma pessoa que encontrava sempre.
Que a família tenha força para continuar a vida, depois de uma tragédia como esta. (Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por BD e SP / Foto ilustrativa).