Mulheres: ainda há muito para avançar…

As mulheres estão sempre correndo atrás de seus direitos. Isto significa que ainda não conseguiram equipar-se aos homens em vários itens, como respeito social, salário e mais alguns milhares de temas que, especialmente os homens, nunca prestam atenção.

A mulher só ganha o direito ao voto em 1932. Vota pela primeira vez em 1933, para eleger a Assembleia Nacional Constituinte. Em 1934, a constituição consolida a mulher como uma pessoa com direito a voto. Entre 1932 e 1965, o voto feminino era facultativo, ou seja, a mulher decidia se queria ou não votar. Em 1965, o voto feminino, como o masculino, transforma-se em obrigação, como é até hoje.

Até 1933, quando participam da eleição como votantes pela primeira vez, apenas os homens tinham direito ao voto, relegando a mulher a ser de segunda classe, sem inteligência suficiente para escolher seus representantes…

O problema não era exatamente brasileiro. O primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia, em 1893.

Em 1988, a população de São Paulo elegeu sua primeira prefeita, a Luiza Erundina. Mulher de fibra, honesta, governou olhando a periferia da cidade, os mais pobres. Até hoje é elogiada e tida como uma ótima governante. Saiu sem nenhuma acusação ou caso de corrupção. Teve ótimos secretários. O da educação foi o grande Paulo Freire. Não é necessário falar mais nada…

O Brasil elegeu uma mulher presidenta, a Dilma Rousseff, antes de países mais ricos, como os Estados Unidos.

Porém, ainda há pouquíssimas mulheres prefeitas, deputadas e senadoras.

Ainda falta muito…

Mercado de trabalho

As mulheres brasileiras não trabalhavam fora de casa até o meio do século XX. Eram criadas pelos pais para casarem e terem muitos filhos.

Aos poucos, foram ganhando espaço no mercado de trabalho, mas ainda falta muito para serem tratadas igualmente. Ganham menos que os homens, mesmo fazendo o mesmo trabalho.

Das mil maiores empresas brasileiras, menos de dez têm mulheres como principal executiva. Uma tristeza, uma clara demonstração do machismo que impera em nossa economia.

Há um grande caminho ainda por trilhar…

Dupla jornada de trabalho

As mulheres, especialmente as brasileiras, trabalham muito mais do que os homens. Além de ter um trabalho em uma empresa ou em uma lavoura, quando chegam em casa ainda têm de cuidar dos filhos, limpar a casa, lavar as roupas, olhar pelo marido, pelos doentes, pelos bichos da casa, enfim, é um trabalho sem fim.

Alguns países, como o Chile, já discutem tratar o trabalho doméstico como um trabalho qualquer, contando como tempo de trabalho para a aposentadoria, e até sendo remunerado.

A cena mais comum em uma família brasileira é a mulher ou mulheres na cozinha, trabalhando duro para preparar a comida e lavar as louças, enquanto os homens tomam cerveja na sala, conversando e vendo um jogo de futebol na TV.

Ainda há muito que mudar…

Machismos diários

Desde criança ouço frases de homens, e às vezes até de mulheres, que mostram como a luta pela igualdade é muito difícil.

“Quer apostar que é mulher dirigindo”, frase sempre dita quando algum carro está muito lento ou atrapalhando o trânsito. O mais estranho é que quase sempre eram homens dirigindo, mas era sempre a mulher levando a fama de péssima motorista.

“Essa daí quer ser estuprada”, comentário machista ouvido quando alguma mulher está usando uma minissaia ou uma roupa decotada. A frase acaba transferindo para a mulher o crime e a brutalidade do assédio ou violência sexual masculina.

“É a TPM”, comentário utilizado contra uma mulher que está alterada. Mesmo que esteja com a razão, a menstruação é usada como argumento para justificar ou ridicularizar as mulheres. Uma variação desta frase é a “vai procurar marido”, jogando na falta de sexo o nervosismo feminino. Falta de sexo nunca é usado como argumento contra um homem.

“Vagabunda”, “sem vergonha” ou “puta” são palavras para definir mulheres liberadas sexualmente. Quando um homem exerce seu livre direito de dormir com quem quiser, nunca é vagabundo ou sem vergonha, mas recebe elogios dos amigos, por ser “pegador”, “garanhão”, entre outros adjetivos. Ainda continuamos a ver a mulher como “para casar” e o homem como “naturalmente namorador”.

Ainda há muito para avançar…

Violência contra as mulheres

O Brasil é um dos países com maior índice de feminicídio, agressões a mulheres, estupros, entre outras agressões. Muitas mulheres sofrem agressões de delegados quando fazem denúncias contra seus parceiros. Nossa sociedade não está preparada para a emancipação feminina e tenta impedir a justa igualdade entre os gêneros.

Nossa cultura continua sendo a do “homem não sabe porque está batendo, mas a mulher sabe porque está apanhando” ou de “em briga de marido e mulher, ninguém deve meter a colher”, o que ajuda muito ao machismo agressivo do dia a dia.
O estupro continua sendo utilizado como arma de guerra, invasões territoriais e humilhação às mulheres. Muitos homens casados ainda acham que é obrigação da esposa fazer sexo, mesmo contra a vontade dela.

Há muito para caminhar…

Dia da mulher

Só o fato de haver a necessidade de existir um Dia da Mulher, já indica que há um problema em nossa sociedade. Se elas fossem tratadas com igualdade, não haveria a necessidade de haver o movimento feminista. O feminismo é resultado das agressões e humilhações impostas a elas. É uma necessidade!

Continuem lutando por seus direitos para serem tratadas com igualdade, para ganharem salários iguais aos dos homens e que consigam avanços na divisão no trabalho doméstico. Não aceitem a violência de seus parceiros e, caso sejam agredidas, denunciem!

Parabéns, mulheres de luta!

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *