Paulo Teixeira Campos foi um cronista admirável

AELSON ZUCA LOBATO – Mês passado, eu e minha mulher fomos convidados por nosso filho, o Toco, para conhecer e almoçar no acolhedor “Bar do Ferramenta” e saborear um peixe preparado pelo proprietário do estabelecimento, o simpático Ernane. E lá estivemos.

Do lado da mesa onde ficamos, dois jovens, conhecidos de nosso filho, conversavam animadamente. Fomos apresentados a ambos. Com um deles, filho do saudoso Paulo Teixeira Campos, Júlio Teixeira Campos, batemos um longo papo. A conversa girou em torno do pai. Contou interessantes passagens do pai, escritor e cronista, admirado por todos. Passamos a conhecer muitos curiosos momentos do “Paulinho da Gráfica”, “Paulinho da Utilar”, mas acima de tudo do Paulinho pai, escritor, vereador, cronista, avô. Aquele cronista que estabeleceu um forte vínculo com os amantes da literatura, o destacado colaborador do jornal “O Bom Despacho”. O Paulinho que cativou Bom Despacho com suas reportagens e crônicas.

Um mês após a conversa que tivemos com o Júlio ele esteve em nossa casa e nos presenteou com o livro “O Homem e o Poeta”. Uma coletânea de reportagens e crônicas escritas entre o período de 1960 e 1961. O livro inicia com um admirável prefácio do Professor Tadeu Araújo. Relembrei de dezenas de crônicas: “A mulher e o poeta”, “Rabiscos”, “A você, criança abandonada”, “O problema da devastação” e “A vaidade”. Estas são algumas das centenas de crônicas que amarravam o cronista a seus fiéis leitores.

O cronista “Paulinho” mostrou desde jovem o seu brilhante talento. Registrou momentos de nossa história com arte e competência. Sempre foi muito presente nos acontecimentos de nosso município. Participava e inovava sempre. Suas crônicas refletiam personagens participantes de todas as classes sociais. Conhecia a alma bom-despachense.

Guardo muitas lembranças de momentos com o “Paulinho”. A primeira foi muito marcante. Eu acabara de ser eleito presidente dos estudantes de Bom Despacho, com apenas 16 anos, e ele me ofereceu vários conselhos e encerrou dizendo: “Zuca, continue seguindo os passos do Fernando Humberto”. Ele era muito amigo do Fernando.

Outro encontro marcante foi quando o procurei para pegar um retrato dele. A Câmara programara a inauguração da galeria de ex-presidentes da Casa. Adiou várias vezes a entrega porque era bem avesso a esses momentos sociais.

Sua atividade literária não trazia nenhuma marca de esnobismo. Pelo contrário, seus trabalhos eram o retrato da presença da simplicidade.

Paulinho sempre mostrou uma visão ampla dos acontecimentos nacionais e internacionais, mas nunca deixando a importância da aldeia e de seus simples moradores. Retratava todos com muita arte e simplicidade. Era um consumidor de cultura que deixava em suas páginas a convivência que tinha com escritores nacionais.

Paulinho, sob a aparência “séria” deixava pelo caminho a tranquilidade da boa convivência. Uma figura inesquecível! Siga @jornaldenegocios no Instagram e veja muito mais.

Hoje, quando iniciava este texto, um programa de TV me fez lembrar mais uma vez o Paulo Teixeira Campos. A televisão mostrava um documentário sobre a escritora Maria de Jesus, autora de “Quarto de Despejo”. Aí me veio a crônica de “Paulinho” escrita em 1981 falando de Maria de Jesus, com o título “A Escritora da Favela”.

Escrevo esta crônica para prestar uma homenagem ao grande cronista “Paulinho”, bem como oferecer uma sugestão a todas as escolas do município: vamos divulgar o nosso admirável cronista colocando-o no palco do reconhecimento.

Paulo Teixeira Campos, “Paulinho”, você continua vivo nas páginas sensíveis da história de Bom Despacho. Deixo aqui as palavras de um bom-despachense que sempre o admirou e que sempre esperava ansioso por suas crônicas. Era você no fim de semana no jornal “O Bom Despacho” e Drummond nas quartas nas páginas do “Jornal do Brasil”.

Obrigado, Paulinho. Você ajudou a eternizar minha admiração pela beleza da literatura. (iBOM / Aelson Zuca Lobato é advogado, ex-vereador e professor aposentado).

 

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