Do silêncio à voz: importância de enxergar as minorias
DÉBORA RODRIGUES – Oi, leitor! Não falo com você há longos seis anos. Imagino que muita coisa tenha mudado por aí, assim como por aqui também. Do lado de cá, deu saudade de falar contigo dessa forma que considero mais emocional, pois o jornal impresso tem textura, cheiro, ele pode ser compartilhado de uma mão a outra, ele é real, palpável.
E sabe o porquê dessa saudade? Porque eu não penso que esse nosso encontro seja solitário ou que seja uma via de mão única. Quando escrevo, você, na rua, sempre me dá algum feedback e é isso que me deixa feliz, ter um retorno das palavras que aqui coloco.
Fiquei 7 anos escrevendo no Jornal de Negócios e parei porque percebi que não tinha mais o que dizer. Mesmo depois desse tempo, ainda tem gente que me cobra e diz sentir saudades de me ler. Acho importante a gente aprender que, em alguns momentos, ficar calado é melhor do que falar besteira, concorda?
E o que me motivou a estar aqui foi justamente essa passagem de tempo, esses 113 anos que Bom Despacho está fazendo e o que percorremos até aqui (de bom e de ruim). Nossa cidade sorriso nem sempre sorri para todos. Ela é seletiva, cruel com as minorias, assim como nosso país como um todo.

Em 2024 aconteceu em BD um evento muito importante, que foi um divisor de águas no olhar para a população LGBTQIAPN+ da cidade. Essas pessoas foram vistas e representadas na 1ª Marcha do Orgulho LGBT+ de Bom Despacho. Ela aconteceu de forma surpreendente porque nós, organizadores, teríamos ficado felizes com 20 pessoas e, compareceram mais 60, ou seja, mais que o triplo do público esperado.
E agora, dia 14 de junho, faremos o segundo evento destinado ao público LGBT+, que será a Parada do Orgulho. Esse evento terá início na Praça da Matriz às 11:00, às 12:30 haverá uma marcha até a pista de skate onde acontecerão apresentações e muita diversão até às 18:00. No local haverá arrecadação de alimentos não perecíveis e agasalhos.
Aí você me diz, “Débora, eu não sou desse público, porque devo ajudar?”. Eu também não sou, mas, pense comigo: as minorias sofrem opressões e violências das maiorias que acreditam no padrão heteronormativo e branco. Logo, não é obrigação dessa população lutar para que isso mude?
Caso você não possa ou não queira participar do evento, mas, mesmo assim, queira ajudar, pode doar para nosso financiamento coletivo através da chave pix orgulhobdmg@gmail.com. Toda contribuição é bem-vinda.
Não sei quando nos veremos novamente, porque tenho esse compromisso pessoal de vir te visitar apenas quando eu tiver algo relevante para dizer. Então, até qualquer dia desses, leitor! (Portal iBOM / Débora Amarildes Rodrigues é psicóloga em Bom Despacho/MG / Fotos: Renato Tavares).