Meu querido amigo Bertinho

O jovem médico Bertolino – ou Bertinho, como gosto de chama-lo – é um amigo muito especial para mim. Como ser humano, como cidadão e como profissional. Pessoa de sorriso fácil e coração enorme, se condói sempre com a aflição alheia. Possui uma aura e uma energia cativante. Onde chega forma-se logo uma roda.

Eu conheço Bertinho desde pequeno. Admiro a educação e os valores éticos e morais que recebeu de berço.

Seus pais e avós são o Chiquito da Mariquinha do Berto Rufino e a Ângela, filha de Dona Jandira e de Zé Alexandre da Mãe Joana. Estou certo de que se casaram em 1964. Ano em que se formou comigo no Curso de Formação de Professores Primários do Colégio Miguel Gontijo.

No dia 2 de fevereiro de 1965, nasceu o primeiro filho de Chiquito e Ângela. Como diziam os jornais de antigamente: um robusto e belo primogênito. Era o nosso Dr. Bertolino da Costa Neto. Segundo opinião das que o conhecem, continua robusto e bonito até hoje. Duas meninas vieram fazer-lhe companhia tempos depois: a Lourena (decoradora) e Ana Paula (Papaula), tenente psicóloga da PMMG. Todos os três filhos já cumpriram o sacro dever de dar-lhes netinhos, para alegria da vida.

Casamento e filho

Bertolino casou-se com a jovem Karinne Aguiar e Silva, administradora de empresas. Há vinte anos tiveram o filho, Francisco da Costa Aguiar Neto. Ele cursa o 3º período de Medicina. Karinne é a mãe e esposa carinhosa. Pilar da família. A companheira ideal e administradora das duas clínicas de endoscopia que criaram, em 1998. Uma em Bom Despacho e outra em Nova Serrana.

Estudos

Meu personagem começou na escola lá na primeira infância, com o pré-primário na Escola Egídio Couto, na Vila Militar. Já o 1º e o 2º ano do curso primário cursou no Chiquinha Soares, com as professoras Edna Couto e Vera do Cristiano. Concluiu o 3º e o 4º anos nas Classes Anexas do Miguel Gontijo com Maria Madalena e Maria Angélica.

O chamado curso ginasial – 4 anos – foram completados no Colégio Municipal de BH. O mesmo aconteceu com os 3 anos do 2º Grau. Nesse período trabalhou como bancário na Caixa Econômica Estadual. Passou no vestibular de Ciências Econômicas da Universidade Católica. Tal curso ele trocou pela Medicina por aprovação na Universidade de Uberaba, onde se formou em 1990. Em seguida Bertinho fez residência em Clínica Médica na Santa Casa de Belo Horizonte e Endoscopia no hospital Felício Rocho.

Na terra natal

Em 1993, Bertolino veio para Bom Despacho. Trabalhou em Moema, no Hospital Universitário. Em Santo Antônio do Amparo. Pronto Socorro, prefeitura da capital. Araújos. Nova Serrana. Lagoa da Prata e Santo Antônio do Monte. Em sua terra natal, integrou o serviço público municipal e foi Secretário Municipal de Saúde. Contávamos então só com 2 PSFs na cidade. Ele participou logo da criação de mais 7 PSFs.

Na política

Na política Bertolino fugiu da sina de seus antepassados, que eram fazendeiros e se envolviam só o suficiente com a política local. Ele adora e participa da política e já foi vereador, secretário municipal, vice-prefeito e agora prefeito de Bom Despacho, com o mesmo denodo que se dedica a tudo que participa. Não só denodo e bravura, mas também competência e empatia, companheirismo e solidariedade. Ele é mesmo um bom companheiro.

Genética

Dr. Bertolino me impressiona por sua energia e disposição que põe em tudo que faz. Como sou um estudioso de nossas famílias, sei que isso está na educação de berço, no sangue, na genética de seu bisavô Zé Rufino, que pelos anos 1880 até por volta de 1920, organizava comitiva de carros de bois. Ia levar o açúcar mascavo, a cachaça, a rapadura produzida em sua fazenda para vender. E trazia querosene, arame farpado e principalmente sal para cá. Certa feita não achando o sal em Formiga, por duas vezes, sem saber direito a direção e o caminho, atravessou a serra da Mantiqueira para negociar com os paulistas. Esse arroubos do Dr. Bertolino na medicina, na política e na convivência dos que têm o privilégio de lidar com ele, repito, está no sangue não só de Zé Rufino, mas também do nosso trisavô Francisco Araújo, que negociava em tropas de burros no Rio de Janeiro capital. O mundo era pequeno para ele como parece ter sido para também para o Chiquito. Para a vó Mariquinha. Bem como os “Alexandres” aparentados com José Bonifácio de Andrada, o Patriarca da Independência. Do padre confessor de D. Pedro I, que, nas margens do Ipiranga aconselhou-o a romper com os portugueses e a proclamar a independência do Brasil.

O Padre Belchior, mais tarde vigário de Pitangui, pai de Júlia, a francesa, a menina que se casou com um dos Alexandres Cardoso da Piraquara, pais de todos dessa raça por aqui.

Recordações de infância

Ah! Quem teve vó fazendeira! Conheceu aqui na terra um pedacinho do céu. Primeiro, porque na casa dela, tudo era carinho e cuidados que nos traziam felicidades jamais sonhadas em nossos corações infantis. Ah! Os quitutes, bolos, biscoitos, pão de queijo e doces de tudo quanto é qualidade… coisas de se comer tanto e a toda hora que nos dá dor de barriga.

Bertolino sentia-se mais livre nos pastos, campos, lagoas e córregos, entre os animais, no curral e os porcos, no meio dos passarinhos e arapucas que um curumim do Brasil antes da chegada dos portugueses. Mais livre que os indígenas de agora sem suas terras demarcadas, antes das invasões de suas aldeias no atual governo do país.

Ah! Os córregos, os poços, as bicas d’água. Lagoas. Os colchões de palha e até as pulgas e os bichos de pé. Saudades. Campos verdes da Lagoa Verde. Trilhas nas matas. Banhos peladinhos como nossos primeiros habitantes nas águas claras da Extrema. Esse é um tempo para nunca mais se esquecer. Uma vida feliz para se lembrar eternamente. Para ser aproveitada antes que chegue o tempo de canseira do trabalho adulto: mulher, filhos, receitas, cirurgias, prefeitura…

Isto nas férias, porque é também tempo de gratidão para com a energia e as cobranças maternas da Ângela. Apertos sim e que hoje ele reconhece como a prova maior de amor de mãe e escada que nos faz subir ao topo da vida digna e cidadã.

Tadeu Araújo

Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *