Histórias de sucesso nos 113 anos de Bom Despacho/MG

 

ROBERTA GONTIJO TEIXEIRA – Grande parte de nós tem o conceito equivocado de que Bom Despacho nasceu de três portugueses, que aqui chegaram para cumprir uma promessa à Santa.

Felizmente, como quase todo brasileiro, nossa história começa com os povos originários. Somos frutos da mistura de índios, negros e portugueses.

Nossa região, ao contrário da história que corre à boca miúda, foi inicialmente habitada por índios, como os Cataguás, depois tomada por negros escravos fugidos, e, apenas posteriormente, “invadida” por brancos colonizadores, que vieram no encalço dos negros foragidos e em busca da conquista de novos territórios.

Em 1797, com a queda da exploração do ouro, muitas sesmarias foram doadas por aqui, dando início às primeiras fazendas de plantação e criação de gado.

Em 1880, nos separamos de Pitangui. Passamos a fazer parte do município de Inhaúma, hoje Santo Antônio do Monte. Nessa época, o vigário da cidade, o padre italiano Nicolau Ângelo Del Duca, liderou o movimento para transformar o arraial em uma vila independente, o que aconteceu em 1911, quando fomos desmembrados de Santo Antônio e tivemos instalada a Vila em 1912.

Antes disso, em 1900, nascia a nossa Biquinha, que virou ponto importante para o crescimento da Vila. Servia de parada para bandeirantes e viajantes, passando também a ser usada por lavadeiras, moradores e crianças que iam até lá brincar.

Naquela época tudo transcorria num outro ritmo. O comércio se organizava de outra forma. Nossa área urbana contava com cerca de apenas dois mil habitantes.

Nosso primeiro grupo de vereadores foi eleito e, a partir daí, até 1920, foram criados a primeira escola pública estadual, o Grupo Escolar de Bom Despacho – hoje Escola Municipal Coronel Praxedes -, o Fórum, a Cadeia, o Clube Bom Despacho, o Aeroclube e a companhia Força e Luz de Bom Despacho.

Na década de 1920 chegou a Bom Despacho a Estrada de Ferro Paracatu, trazendo desenvolvimento social, urbano, cultural e revirando a cidade.

Naquela época, pasmem, tínhamos cinema. Filmes clássicos eram exibidos no Cine Odeon e depois no majestoso Cine Regina, uma revolução para a época.

Depois, com o empenho e a contribuição financeira da comunidade, de 1927 a 1948, foi construída a Nossa Matriz.

A Vila dos Ferroviários deu lugar ao atual 7º Batalhão, que teve e tem importante papel na construção da nossa história.

Nas décadas seguintes, a Vila cresceu, passou por diversas etapas de desenvolvimento, com a construção do Colégio Miguel Gontijo, a chegada de Cemig, Copasa, Telemig e a construção da BR-262. Nos tornamos uma poderosa bacia leiteira e o comércio aflorou.

O sucesso dos Freitas

Em meio a tantas histórias, uma família se destaca na construção e alavancagem do comércio local: os Freitas.

Geraldo Ferreira Freitas veio de perdigão, conheceu Dona Odete Simão Freitas e, em 1958, com ela se casou. Dessa união vieram 4 filhos: Geraldo Freitas Júnior (Juninho), Luís Cláudio, Maria Teresa e minha querida amiga, Maria Cristina. Netos, foram 10: Matheus, Thiago, Andressa, Kamila, Luís Henrique, Leandro, Clícia, Thais, Felipe e Letícia. Isso, sem contar os bisnetos: Pedro, Henrique, Helena, Gabriel e Rafael.

Seu Geraldo, além da linda e numerosa família, construiu uma poderosa rede de comércio. Fundou, em 1956, o Armazém São Geraldo, hoje Casa Freitas. No início, vendiam de tudo: verduras, legumes, alimentos a granel, tecidos, retalhos, itens de higiene, dentre outros.

Mais tarde, o comércio se especializou em tecidos e roupas prontas, adotando um novo slogan: “Casa Freitas Retalhos e Roupas Feitas”.

Graças ao talento, à força de trabalho e à fé inabalável do Geraldo e da dona Odete, não apenas a família cresceu e se multiplicou, mas os negócios também se expandiram.

Os Freitas, atualmente, ocupam um lugar de destaque na comunidade. Geram muitos empregos, movimentam a economia e contribuem com a evolução da cidade. Isso sem falar na relação estreita e intensa com as tradições católicas. Eles carregam, além da elegância e do bom gosto, a fé e a religiosidade como uma de suas marcas registradas.

O núcleo familiar, hoje, conta com várias lojas que contribuem para o fortalecimento do comércio local. Assim, eles seguem fazendo história, ditando moda e professando sua fé.

Segundo Matheus Freitas, neto do senhor Geraldo e meu interlocutor para essa história, é imensa a importância da família no trabalho que realiza. Segundo ele, o avó, Geraldo, um homem de fé, humildade, dedicação e honestidade inaugurou um novo modo de conduzir os negócios por aqui. O jovem bom-despachense garante que não se trata apenas de moda e comércio, mas de cuidar dos clientes, buscar acessibilidade e encantar com o ofício que escolheu realizar. Assista AQUI à entrevista de Matheus no PodBom Podcast.

Dono de uma leveza e simpatia invejáveis, Matheus representa bem os Freitas, transita pelo mundo da moda e do empreendedorismo com um olhar voltado para o futuro e os pés firmes nas raízes familiares que o sustentam.

Em nome do jovem e talentoso Matheus cumprimento e agradeço os Freitas e cada um dos empregados de suas empresas pela bela trajetória. Saúdo o legado de cada família bom-despachense, com suas especificidades e louvo Bom Despacho nesses 113 anos de história.

Viva nossa cultura, nosso comércio, nossas produções leiteiras e agrícolas. Viva nosso Reinaldo, nossas manifestações de fé, nossas escolas e educadores. Viva nossos meios de comunicação, nossos jornais e rádios. Viva nossos atletas e músicos. Salve Bom Despacho! Que possamos continuar a escrever uma bela e próspera história. (Portal iBOM / Roberta Gontijo Teixeira / Fotos: Arquivo Família Freitas).

 

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