Cachorros abandonados nas ruas de Bom Despacho
ALEXANDRE MAGALHÃES – Os raros leitores e as raras leitoras desta coluna sabem que o tema cachorro abandonado é frequente neste espaço. Sempre reclamo dos cães abandonados e dos cachorros que me perseguem durante as corridas que faço na cidade ou nas estradas de terra nos arredores.
Há alguns dias eu estava em um jantar com amigos e surgiu uma conversa sobre um dos cachorros da casa. A fêmea ficou prenha e deu à luz seis filhotes. Todos, felizmente, foram doados e encontraram uma boa casa para morar.
O que me chamou a atenção foi um momento da conversa na qual a responsável pela fêmea em questão disse que “felizmente encontrei dono para os filhotes, pois não tive de soltá-los na rua…”. Demorei uns dias para processar essa frase. Como assim? O dono da cachorra acha que tem o direito de soltar os filhotes na rua se não achar um dono para eles? Como assim?
Conversei sobre isso com minha namorada bom-despachense e ela concordou que a mentalidade da cidade é, infelizmente, soltar os filhotes na rua, caso não haja novos donos para os filhotes. Como assim?
Em São Paulo isso é muito diferente. O problema é do dono da fêmea: não a castrou? Problema dele. Ninguém quer os filhotes? Problema do dono da cachorra. Vai criá-los até aparecerem donos para eles.
A prefeitura tem de fazer um forte trabalho para castrar os animais de rua e os que tem casa. Segundo, conscientizar os moradores que cada dono de pet, seja cachorro ou gato, tem de cuidar dos filhos e que não podem abandonar os filhotes em hipótese alguma.
Há uns três anos fui a um posto de saúde aqui em Bom Despacho e havia um cachorro enorme, bem fragilizado, na porta dessa UBS. Comentei com a atendente que era um absurdo essa situação, de ter um cachorro abandonado esperando para morrer. Ela concordou que “é um absurdo, mesmo”.
Passado alguns minutos ela comentou que havia adotado um cachorro havia um ano e que o “bicho ficou muito grande”. Decidiu então, soltá-lo nas ruas de Bom Despacho. “Dava muito trabalho e despesas”, concluiu. Mencionei a ela o absurdo que eu acabara de ouvir e ela me disse que era o normal da cidade.
A classe média bom-despachense tem de se conscientizar que os problemas da cidade são problemas dela também.
Acredito que campanhas governamentais são o primeiro passo para resolver o problema. Se persistir, acredito que pesadas multas ajudarão a resolver o problema. Não é possível que as pessoas achem normal soltar os filhotes de seus pets, sejam cachorros ou gatos, nas ruas. Não é possível achar isso e achar que somos civilizados. (Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães / Imagem ilustrativa).