Homenagem ao Bené Peão, o grande talento do rodeio

 

VITÓRIA AUGUSTA – Recentemente, minha cidade de Bom Despacho/MG se tornou um lugar ainda mais especial para mim. A praça em frente ao CAIC, um dos pontos mais conhecidos da cidade, foi oficialmente nomeada Praça Bené Peão, em homenagem ao meu avô, Benedito Alves, carinhosamente conhecido por todos como Bené Peão. Ele foi muito mais do que um grande homem e um ícone do rodeio. Bené foi um pilar de nossa comunidade, uma pessoa que, com seu caráter e bondade, deixou uma marca eterna na nossa família e em nossa cidade. Como neta, fico imensamente feliz e orgulhosa de ver o nome dele eternizado em um espaço que faz parte da nossa história e da memória de todos que viveram ao seu lado.

O legado de Bené Peão

Bené nasceu em 20 de setembro de 1943, em Carmo da Mata/MG, mas foi em Bom Despacho, ainda criança, que ele fez sua história. Criado na Fazenda Ressaca, desde pequeno se destacou com suas habilidades com os animais. A fama de que “tinha parte com o capeta” ficou conhecida na cidade, principalmente por causa das suas façanhas. Mas quem o conheceu de perto sabia que sua verdadeira força vinha da fé e do amor pela sua terra, onde ele sempre acreditou no poder de Deus, especialmente em Padre Libério, de quem era devoto.

Aos 22 anos, Bené iniciou sua trajetória no rodeio de uma maneira curiosa. Ele estava trabalhando na Companhia Telefônica quando, ao ver um caminhão carregado de cavalos, não resistiu à curiosidade. Foi aí que tudo começou. Mesmo sem equipamentos adequados, montou o cavalo “Cacique” e conseguiu aguentar oito pulos, conquistando 32 cruzeiros, um prêmio que, na época, representava mais do que um simples valor. Era a prova de que ele tinha nascido para aquilo. Com seu estilo único e coragem, não demorou a se destacar no mundo dos rodeios.

Carreira gloriosa

Ao longo de sua carreira, Bené participou de 156 campeonatos e conquistou diversos troféus, ganhando reconhecimento não só em Bom Despacho, mas em várias partes do Brasil e até no exterior, em países como Uruguai, Argentina e Paraguai. Entre suas grandes vitórias, as duas conquistas no Rodeio de Barretos, em 1968 e 1972, se destacam. Bené não só conquistou esses títulos, mas levou o nome de Bom Despacho para o mundo. Para ele, a cidade que o acolheu foi sempre a maior fonte de orgulho.

Bené em suas próprias palavras

Em muitas conversas com ele, meu avô relembrava com um sorriso no rosto os tempos difíceis da infância, os desafios da montaria e as histórias engraçadas dos primeiros rodeios. Ele era uma pessoa simples, com uma grande capacidade de ver o lado bom da vida, e essa característica encantava todos ao seu redor. Quando falava de sua trajetória, sempre fazia questão de mencionar a ajuda que teve de amigos, de sua família e do apoio da comunidade, sem jamais perder a humildade que o tornou ainda mais admirado.

A homenagem

A nomeação da Praça Bené Peão é uma homenagem tardia, mas que, sem dúvida, é mais que merecida. Bené, embora não tenha nascido em Bom Despacho, sempre fez questão de chamar a cidade de sua casa, e sempre a levou consigo para os rodeios, onde quer que fosse. Ele foi um exemplo de coragem, determinação, e, acima de tudo, de amor à sua família e à sua terra

Hoje, a Praça Bené Peão é um símbolo desse legado, um local que vai além de ser apenas um espaço público. Ela é um lugar que carrega em si a história de um homem extraordinário que, com muito trabalho e dedicação, construiu uma vida repleta de conquistas, mas também de gestos simples de carinho e generosidade.

Bené nos deixou um legado que será lembrado por muitas gerações, não só por ser um grande peão, mas por ser um homem de caráter, um bom marido, pai e avô. E é com o coração cheio de gratidão e orgulho que eu, Vitória, neta de Bené Peão, celebro esta homenagem póstuma a um dos maiores exemplos de Bom Despacho. (Fotos: Arquivo da família).

 

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