Animais na pista são um perigo constante
Na madrugada de sábado (24/8) aconteceu na BR-262 um acidente envolvendo uma ambulância do SAMU e uma vaca. Eram duas da manhã. Noite escura, uma vaca preta na pista, e o pior aconteceu. Um choque frontal da ambulância com a vaca. A vaca morreu na hora. A ambulância ficou danificada e não pôde seguir viagem. Equipe médica, motorista e paciente não se feriram. O susto, porém, podemos imaginar.
FERNANDO CABRAL – A ambulância ia de Lagoa da Prata com destino a Belo Horizonte. A paciente era uma gestante. Não há informações detalhadas sobre a situação dela, mas, aparentemente, era levada para a maternidade. Felizmente, após o acidente, saiu da ambulância andando e carregando uma sacola que aparentava conter roupas de bebê.
Além da gestante, a ambulância levava também dois médicos, um condutor socorrista e uma acompanhante.
Como a ambulância não tinha condições de seguir, a Central do SAMU encaminhou duas outras ao local. Uma veio de Nova Serrana e chegou em poucos minutos. A segunda chegou logo depois. Deve ter saído de Bom Despacho, por estar próximo do local do acidente.
A ambulância é das novas, recém-colocadas a serviço do SAMU. Apesar dos danos, nenhuma pessoa se feriu. Desta vez a mão da providência agiu a tempo. Entretanto, nem sempre é assim.
Acidentes com animais no Brasil
Embora não existam números precisos, sabe-se que, todos os anos, as mortes de animais selvagens por atropelamento sobe a muitos milhões. O número de pessoas feridas e mortas em consequência destas colisões sobe a milhares. Estes acidentes sempre causam danos ao patrimônio. Contudo, mais preocupante ainda, é que também machucam e matam pessoas.
Com os animais de criação não é diferente. Nas cidades, os animais que mais causam acidentes são cães abandonados por seus donos e por criadores irresponsáveis. Mas não são só os cães. Ainda encontramos pelas ruas, vacas, burros e cavalos tresmalhados. Onde há um destes, há perigo à vista.
Perigo nas rodovias
Porém é nas rodovias que o perigo é maior. Nas ruas é comum os motoristas desenvolverem velocidades de 20 a 60 quilômetros por hora. Nesta toada é mais fácil desviar do perigo. Mesmo quando acontece, as consequências tendem a ser menos graves. Na rodovia, contudo, a situação é diferente. Os veículos trafegam a 80, 100, 120 quilômetros por hora. A esta velocidade, o choque com uma vaca pode ter consequências muito graves.
Um carro de mil quilos, a cem quilômetros por hora, quando se choca com uma vaca de seiscentos quilos, produz um dano enorme. O animal morrerá, possivelmente com algum sofrimento.
As consequências para os passageiros do carro vão depender do modelo e tipo; se estavam ou não com cinto de segurança, qual a capacidade do habitáculo do veículo resistir ao impacto. Mas, se for um automóvel baixo, pesando cerca de mil quilos, mesmo com cinto os passageiros podem sofrer danos muito graves e até fatais. Isto acontece porque a desaceleração abrupta faz com que o cérebro seja jogado contra o osso da testa. O choque provoca inchaço no interior do crânio. Isto pode ser fatal.
Além da desaceleração que bate o cérebro no osso, pode haver ainda o efeito chicote. A cabeça do passageiro vai para a frente e depois é jogada para trás com violência. Aí é a coluna que sofre.
Dependendo do tipo da frente do veículo, há também o risco de o animal escorregar no capô, atravessar o para-brisa e acabar no colo do passageiro.
Uma ambulância bem equipada do SAMU pode chegar e até ultrapassar quatro mil quilos. Sua frente alta costuma impedir que o animal passe pelo para-brisa. Ao chocar-se contra uma vaca, como aconteceu na BR-262, ela tem energia suficiente para empurrar o animal e amortecer a velocidade antes de parar completamente. Isto ameniza o traumatismo sofrido pelos passageiros.
Mesmo assim, a possibilidade ferimentos graves estará sempre presente. Ainda mais que o veículo pode sair de controle, cair numa ribanceira, capotar ou invadir a pista contrária.
Felizmente, não foi o que aconteceu. Todos que estavam na ambulância saíram ilesos.
Responsabilidade dos proprietários
Segundo as leis brasileiras, os proprietários dos animais na pista são responsáveis tanto civil quanto penalmente. Isto significa que, no caso de acidentes, eles são obrigados a pagar os danos. No caso de ferimento ou morte, eles podem responder por homicídio. Perante a justiça, são consequências graves. Contudo, mais grave ainda é o sentimento de ser responsável pela perda de vidas.
Por isto, é bom lembrar: nas rodovias, é responsabilidade dos fazendeiros manterem suas cercas sempre em boas condições e garantir que os animais não entrem na faixa de domínio e na pista de rolamento.
O mesmo, é claro, vale para animais nas ruas. Seus proprietários são responsáveis por todo tipo de acidente que eles possam provocar.
O que fazer
Quando uma vaca preta sai do matagal e pula na frente do carro à noite, é difícil escapar de um acidente. Mas, sempre que possível, aplique as técnicas de direção defensiva para animais:
– Ao avistar um animal à frente, reduza a velocidade;
– Não jogue o farol no animal e não buzine. Se ele se assustar, pode ser pior.
– Para ultrapassar os animais, vá bem devagar, e sempre tente passar por trás deles, nunca pela frente ou no meio.
– Mantenha os vidros fechados.
– Não acelere bruscamente.
– Se houver filhotes por perto, afaste-se deles. As mães fazem coisas extraordinárias para proteger suas crias.
– Ligue para a concessionária ou para a polícia e informe que você avistou animais na pista ou na área de domínio.
Melhor prevenir do que contar com a sorte para sobreviver a uma batida contra um animal na pista. Desta vez, só a vaca perdeu a vida no acidente. Menos mal. (Portal iBOM / Fernando Cabral / Fotos de redes sociais).