BR-262: duplicação vai chegar a Bom Despacho. Ufa!

 

(Tempo de leitura: 7min30seg)
O bom-despachense sofre triplamente há anos com a BR-262. Para leste, temos um trânsito intenso, perigoso e lento até Nova Serrana. Para oeste, a lentidão e o perigo se concentram na Serra da Saudade. Mas, tão grande quanto o sofrimento na estrada é o sofrimento psicológico. A angústia de ver uma promessa de longuíssima data que não se realiza nunca: a duplicação entre Nova Serrana e Bom Despacho. Agora, a esperança se renova. Embora as frustrações passadas limitem o nosso otimismo, o novo edital de duplicação é mais modesto. Portanto, é mais factível.

FERNANDO CABRAL – A primeira novidade com relação à novela da duplicação da BR-262 é o nome. O trecho entre Betim e Uberaba foi batizado de Rota do Zebu. A atribuição de um nome não muda a realidade, mas fica mais fácil entender onde começa e onde termina o trecho que nos interessa mais de perto. Esta rota tem 440 quilômetros.

A Rota do Zebu (Mapa: ANTT)

A segunda novidade tem uma parte boa e uma parte ruim. A parte ruim é que apenas 44 km serão duplicados. A parte boa é que o trecho vai de Nova Serrana a Bom Despacho.

A notícia não é ótima, mas é boa. Seria ótima se toda a 262 fosse duplicada. Mas, chegar até aqui, já será bom para todos nós que moramos aqui.

Contudo, na parte boa da notícia, há uma nota ruim: Segundo o edital, a duplicação deste trecho pode levar cinco anos. Ou seja, em média, meros 700 metros por mês! Ou seja, deve começar em 2025 e só terminará em 2030.

Esta duplicação mensal média, é claro, não significa que a obra avançará neste passo de tartaruga. Significa, isto sim, que pode não começar tão cedo. Tomara que eu esteja errado!

Melhorias em Betim

O edital prevê também 16 quilômetros de pistas adicionais entre Betim e o trevo da Fiat. Isto dará uma desafogada naquele trecho.

Juntando a duplicação daqui a Nova Serrana e as faixas adicionais entre Betim e a Fiat, a viagem de Bom Despacho a Belo Horizonte ficará mais rápida. Ficará mais segura, também.

Serra da Saudade

De Bom Despacho em diante não haverá duplicação. Isto significa que a ANTT, mais uma vez, deixou de resolver de vez o perigo constante que a Serra da Saudade representa para quem usa a Rota do Zebu. Não só perigo para a vida das pessoas, mas também o elevado ônus em tempo e dinheiro que o trecho impõe a quem precisa subir ou descer a Serra.

Foto: PRF

Mas, a bem da verdade, algumas melhorias estão na lista. De Bom Despacho até perto do trevo de Uberaba estão previstos 298 quilômetros de pistas adicionais. Não é o ideal, mas ajuda bastante. Ajudará mais ainda, se forem colocadas em lugares estratégicos da Serra. Atualmente, na subida ou na descida, basta um veículo pesado para criar fila de muitos quilômetros. Naquele trecho raramente é possível ultrapassar. As faixas extras ajudam muito nisto.

Rampa de escape

Outra melhoria prevista é a construção de uma rampa de escape. Embora não tenha sido possível localizar o seu lugar exato, o relevo da Rota do Zebu indica que será na descida da Serra da Saudade. Ali, uma rampa destas aumentará muito a segurança.

Rampa de escape é uma saída lateral de emergência que costuma ser colocada em descidas fortes. São mais comuns onde há uma curva acentuada numa descida forte. Assim, quando algum veículo pesado, como ônibus ou caminhão, perde os freios, o motorista pode jogá-lo para rampa de escape. Ela desacelera o veículo, minimiza os danos, salva vidas e ainda protege o ambiente.

Uma rampa destas, colocada no ponto mais perigoso da Serra da Saudade pode salvar vidas e preservar o patrimônio.

Ponto de descanso

Nos países desenvolvidos, todas as rodovias têm pontos de descanso. São estacionamentos amplos, com banheiros, chuveiros, água potável, mesas e bancos, gramados, árvores com boa sombra. Nesses lugares, os viajantes podem parar para descansar, fazer um lanche, esticar as pernas.

Na relicitação da BR-262 está previsto um ponto de descanso. No edital, o nome dado é ponto de descanso para caminhoneiros. Ele ficará ao lado do trevo de Luz, na saída para Dores do Indaiá.

Trevos, Retornos e outros

Ao longo dos 440 quilômetros da Rota do Zebu, estão previstas algumas melhorias que vão além das pistas de rolamento, da rampa de escape e do ponto de descanso. São serviços variados. Entre eles, temos: Reforma e modernização dos postos da PRF; aumento do número das praças de pedágio, colocação de leitores eletrônicos para evitar filas e diminuição de velocidade, passarelas, rotatórias, retornos. No total, são 45 intervenções desta natureza. Ou seja, em média, uma a cada dez quilômetros.

O custo é salgado

Na rodovia, conforto e segurança não têm preço, mas têm custo. E o custo pode ser salgado. A ANTT orçou a tarifa básica do pedágio da Rota do Zebu em R$ 0,13969/km para o veículo mais barato (categoria 1) em pista simples. Conforme aumente a categoria do veículo, aumentará o custo. Também aumentará o custo se a pista for duplicada.

O cálculo da tarifa final de cada trecho é laboriosa, pois considera nove variáveis diferentes. Contudo, não parece irrealista pensar que o pedágio daqui até Belo Horizonte pode dobrar em pouco tempo. Pouco tempo, mas não de imediato. Haverá uma transição da atual concessionária (Triunfo-Concebra) para a nova administradora. Depois esta terá que executar algumas obras antes de aplicar a nova tarifa.

Porém, é certo que o pedágio ficará mais salgado. Mas, se aumentar o conforto e a segurança de todos nós, se salvar as muitas vidas que temos perdido, já valerá a pena.  (Portal iBOM / Fernando Cabral / Foto do alto: Google Inc.)

Próximos marcos da duplicação

Leilão: 31/10/2024
Contrato: fevereiro de 2025
Prazo da concessão: 30 anos
Extensão: 438,9 km
Investimento: 8,5 bilhões
Tarifa: R$ 0,13969/km (pista simples), R$ 0,18160/km (pista dupla)
Empregos: 62.156
Prazo para duplicar de NS a BD: 5 anos.

 

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

One thought on “BR-262: duplicação vai chegar a Bom Despacho. Ufa!

  • 6 de agosto de 2024 em 13:00
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    A primeira concessão do trecho BH-Uberaba-Goiânia é de 04Dez2013 e o pedágio inicial era R$ 2,85; deveria durar 30 anos o contrato, contudo só se preocuparam com praças de pedágio e lorota. 11 anos se passaram e nada andou, digo, só o preço do pedágio andou e passou de R$ 2,85 para R$ 6,90, ou seja, mais que dobrou de valor.
    O investimento previsto era de 7,15 bilhões de reais e nos 5 primeiros anos deveriam ter sido investidos 3,98 bilhões, com duplicação de 647,8 dos 1.176,5 km, ficando o restante para realização no restante do contrato; comenta-se que a “Terta e o Pantaleão” assinaram como testemunhas, mas parece que isso é fofoca.
    Concederam o trecho a malandros com bons advogados e deu no que deu; a famosa judicialização. Cheguei a falar, há alguns anos, com a ouvidoria da concessionária e a ANTT, perguntando sobre a duplicação; soube que a concessionária, em princípio, queria dinheiro subsidiado do BNDES. Como não recebeu alegou desequilíbrio e se instalou a guerra de penalidades por descumprimento de etapas e reviravoltas via decisões judiciais.
    Verdadeiro contrato Uirapuru… Só rolo e prejuízo para os usuários da via, que pagaram pedágios por serviços que não foram realizados enquanto paroleiros, por 11 anos, acusavam-se. Quem pagou a conta dessa patuscada não teve direito sequer de receber satisfações acerca de quanto foi arrecadado nesse período em que os investimentos deixaram de ser feitos.
    Essa PPP lembrou a viagem do Chico Anysio para jogar no 1º Quadro do time do Azambuja, lá pelas bandas do RJ. Foram num velho caminhão: “Marca ignorada, ano de fabricação em estudos. Todos na carroceria. Primeira subida um grito do chofer: – Desce para empurrar que não aguenta subir! Primeira descida e outro grito: – Desce para escorar quem o freio não aguenta! Chico reclamou: – Pô Azambuja. 30 subidas e 30 descidas. Tudo certo que a gente viesse, pois vamos jogar; mas preciava trazer este caminhão”?

    Resposta

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