Líderes do agronegócio pedem fim da importação de leite

 

Leite argentino é subsidiado na origem e não paga imposto para entrar no Brasil, fazendo concorrência desleal com produtores nacionais, dizem lideranças. Produtores de Bom Despacho/MG e região estão deixando a atividade porque trabalham com prejuízo. Pode haver desabastecimento e alta de preços, alerta Faemg. Movimento “Minas Grita pelo Leite” faz manifestação em BH nesta segunda-feira (18/3). Comitiva sai de BD às 5h30 da manhã.

Falta de leite nas gôndolas de supermercados, aumento dos preços de leite e derivados, produtores rurais desistindo da atividade leiteira e abandonando o campo. Este é o cenário que a população brasileira poderá ter pela frente se o governo federal não barrar as importações de leite do Mercosul, especialmente da Argentina e do Uruguai. O alerta é da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas (FAEMG),

Diante desse quadro, a Faemg está liderando um movimento nacional chamado “Minas Grita pelo Leite” visando sensibilizar o Governo Federal para o problema e proteger os produtores de leite nacionais. “A pecuária leiteira está presente em 99% dos municípios mineiros, gerando emprego e renda para milhares de famílias. No estado, são 216 mil fazendas, entre pequenas e médias em sua maioria, e mais de mil indústrias de laticínios”, informa a Faemg.

Manifestação no Expominas

Nesta segunda-feira (18/3), cooperativas, produtores rurais, autoridades e lideranças políticas fazem uma manifestação pública no Expominas, em Belo Horizonte. O movimento pede que o Governo Federal suspenda as importações subsidiadas da Argentina e adote medidas compensatórias imediatas para ajudar os produtores de leite mineiros e brasileiros.

Concorrência desleal

“As importações estão inviabilizando o setor leiteiro em nosso país. É uma concorrência desleal que ameaça nossos produtores. Na Argentina, de onde vem mais da metade do leite importado, os fazendeiros recebem subsídio do governo deles para produzir leite. Além disso, o leite argentino entra no Brasil sem pagar nenhum imposto. Já o nosso produtor não recebe nenhum subsídio do governo e ainda paga impostos sobre o que produz. Aí não tem como trabalhar porque a conta não fecha”, explicou Patrick Brauner, presidente do Sindicato Rural de Bom Despacho, ao ser entrevistado pelo iBOM. Segundo Patrick, “com o aumento da importação nossos produtores têm recebido cada vez menos pelo seu leite. Muitos estão deixando a atividade. Isso está ocorrendo neste momento em Bom Despacho e na região”.

Produtores trabalham com prejuízo

O presidente da Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho (Cooperbom), Fúlvio de Queiroz Cardoso Neto, o Fulvinho, confirmou ao portal iBOM que a situação é grave e está prejudicando os produtores de Bom Despacho e região. “Na Argentina os pecuaristas recebem subsídio do governo para produzir leite. Com isso, o custo sai em torno de US$ 0,32 por litro. Já aqui no Brasil, onde os produtores não recebem nenhum incentivo do governo federal, produzir leite custa em torno de US$ 0,42 por litro. Aí o leite importado entra no Brasil custando menos, forçando os preços para baixo e prejudicando muito os nossos produtores, que deixam de ganhar com seu trabalho”. Fulvinho faz um alerta: “muitos produtores da nossa região estão vendendo suas matrizes para honrar compromissos financeiros, porque estão trabalhando com prejuízo. É uma situação insustentável!”.

Mostrar a cara

O presidente da Cooperbom pede que os produtores de Bom Despacho e região participem da manifestação em Belo Horizonte nesta segunda-feira, 18 de março. Segundo ele, “é a oportunidade dos produtores mostrarem sua cara e sua insatisfação com a atitude do governo federal permitir a importação desenfreada de leite. Isso está tornando inviável continuar produzindo leite em nosso país”, diz Fulvinho. CLIQUE AQUI e assista ao VÍDEO gravado por Fulvinho para o iBOM.

Comitiva para a manifestação

O Sindicato Rural de Bom Despacho e a Cooperbom organizaram uma comitiva para participar do “Minas Grita pelo Leite”. Produtores e lideranças vão se reunir na sede do Sindicato na segunda-feira às 5 da manhã, onde haverá um café para os presentes. Às 5h30m a comitiva sai em ônibus e veículos pequenos para Belo Horizonte. A manifestação será realizada de 10 às 13 horas no Expominas, com caravanas de várias partes do Estado. Terminado o evento a comitiva participa de um almoço no Expominas e depois retorna para Bom Despacho.

O presidente do Sindicato Rural de Bom Despacho, Patrick Brauner, reforçou o convite para que produtores e pessoas interessadas no assunto façam parte da comitiva. Todos os custos, incluindo o almoço em BH, serão pagos pelos organizadores. “Queremos mostrar a força e a união dos produtores por essa causa”, afirmou Patrick ao portal iBOM. (Reportagem Portal iBOM / Foto e vídeos: Portal iBOM e Faemg).

Reivindicações do setor leiteiro

  • Suspensão das importações subsidiadas da Argentina ou adoção imediata de medidas compensatórias para os produtores brasileiros.
  • Plano Nacional de Renegociação de Dívidas de todos os produtores de leite.
  • Inclusão de leite nos Programas Sociais do Governo Federal.

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