Vem aí a vacina da dengue
A oferta da vacina Qdenga pelo SUS é uma excelente notícia, mas não afasta a responsabilidade que cada um de nós tem em continuar com as medidas de prevenção.
FERNANDO CABRAL – Em 2023 a dengue voltou com força. Como ela aparentemente continua crescendo, podemos ter um momento de maior incidência em março próximo. Isto é péssimo para o cidadão e para o Brasil. O cidadão perde a saúde e pode perder a vida. O Brasil gasta muito dinheiro para cuidar dos pacientes.
Quanto à gravidade da doença, eu mesmo posso atestar por experiência pessoal. No final de dezembro tive dengue e fiquei incapacitado por quase duas semanas. Como se não bastasse, ela me deixou como sequela um problema nos rins. Mesmo passados 20 dias da remissão da doença, minhas funções renais ainda não tinham voltado ao normal. É provável consequência dos antitérmicos que tomei na tentativa de baixar a febre que estava muito alta.
Mas, felizmente, entramos em 2024 com boas notícias nesta área. O governo federal comprou praticamente toda a produção da vacina Qdenga para este ano. São 6,2 milhões de doses. Como a pessoa precisa receber duas doses, 3,1 milhão de pessoas serão vacinadas. O início da vacinação está previsto para as próximas semanas.
Esta vacina está aprovada para pessoas entre 4 e 60 anos, protege contra os quatro tipos de vírus, e pode ser tomada tanto por quem já teve quanto por quem nunca teve dengue. Como a quantidade é insuficiente para vacinar toda a população brasileira, neste primeiro ano haverá regras de prioridade num esforço para proteger as pessoas mais vulneráveis.
Manter-se alerta
Com a inclusão da vacina no PNI e seu uso regular ano após ano, é bem possível que estejamos finalmente nos aproximando do fim deste flagelo chamado dengue. Mas não podemos nos descuidar. Primeiro, porque a eliminação total da dengue pela vacina ainda vai demorar alguns anos. Segundo, porque há outros arbovírus em circulação, como o chikungunya e o zika. A vacina não funciona para estes dois.
Assim sendo, devemos nos manter alertas e continuar fazendo que sempre foi recomendado: não deixar lixo no quintal, não acumular água parada, não cultivar flores em ambiente aquático, proteger-se contra picadas dos mosquitos.
A oferta da vacina Qdenga pelo SUS é uma excelente notícia, mas não afasta a responsabilidade que cada um de nós tem em continuar com as medidas de prevenção. (Portal iBOM / Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho / Foto arquivo).
