Projeto Sapa Caoia: uma breve homenagem a João Delfino
ÍTALO COUTINHO – As aulas de Educação Física do Colégio Tiradentes eram recheadas de aventuras, desventuras, risadas, brigas desnecessárias e necessárias, uma verdadeira selva. Aprendíamos de tudo, um pouco do esporte que estava sendo o tema daquela aula (futebol, vôlei, corrida, salta a distância, salto em altura, outros) e também aprendíamos a sobreviver.
Confesso que nunca fui o mais forte, o mais veloz e o que mais alto chegava. Essas habilidades do lema olímpico (citius, altius, fortius) deixava para amigos como o Arimatéia no Futebol, o Breno Régis na Corrida de 100m, o Reinaldo no Vôlei e toda aquela turma que traz tantos casos.
Um caso curioso foi com o Sérgio, ou Serginho, ou Tatu, como queiram. O professor João Delfino, a quem chamávamos de João Manga Rosa (isso em momento mútuo de bullying), chamou a turma para que pudéssemos correr os 2.400m ao redor do campo de futebol do Batalhão. “Vamos lá, todos de quatro!”, esbravejava e apitava ao mesmo tempo nosso impiedoso professor. Eis que o Sérgio me aparece na posição que Napoleão perdeu a guerra, de quatro no ato como diria a Rita. Isso foi motivo para xingamentos motivacionais do nosso professor.
Por falar em xingamentos, o mestre João Delfino era especialista nisso também. Alguns ganharam apelidos como Daniel Gostosa. Outros ouviam em alto e bom som palavras de um verdadeiro coach: sapa caôia, mula manca, mocorongo e outros mais, todos criativos e que deixavam um lastro de 2 a 3 semanas nas outras aulas do Tiradentes. A gente ficava se chamando um ao outro pelos nomes inventados pelo João Delfino até alguém pedir arrego e desistir da brincadeira, ou ser desistido, se é que me entendem.
Saudades do João Manga Rosa, pai do Gerbert Delfino, ou Gebão, que herdou o amor pelo esporte e por lecionar. A autenticidade do João nos obrigava a sermos atentos com os desafios, não só das aulas de educação física, mas também na vida.
No ano de 2023 consegui finalizar a prova de triatlo na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima/MG. O All Limits ocorreu no dia 3 de dezembro último. Fiquei me preparando quase 3 meses antes. Para quem nunca levou esportes a sério, tenho sentido que o desafio me despertou novos objetivos e sonhos. A prova que fiz foi de iniciante, são 500 m de natação (já nadou em lagoa, então não ache que é tão fácil assim), 13 km de bicicleta e 3.300 m de corrida. Como diria o fundador da Nike, o difícil não é começar, é se manter na corrida.
Eu chamei este meu desafio de Projeto Sapa Caôia, um dos nominativos recebidos pelo professor João. Já estou me preparando para as provas de março e dezembro deste ano e, por isso, dei início a outra empreitada, o projeto Mula Manca. Para mim, o importante será terminar a prova. E por falar nela, nessa de dezembro passado fiquei na 132ª colocação entre os 132 iniciantes que terminaram a competição. Ou seja, fui o último.
Tenho certeza que o Professor João Delfino, eterno Manga Rosa, de onde está se encontra orgulhoso do seu aluno, levando a sério o que ensinou: altivez, persistência, resiliência.
Vem comigo para a prova de março. Se estiver interessado me chame no whatsapp (31) 99081-4742. (Portal iBOM / Ítalo Coutinho é bom-despachense, engenheiro, professor e triatleta / Foto do alto: o professor João Delfino com sua esposa. Foto publicada no Facebook do Bar do Tonhão na época do seu falecimento, em janeiro de 2023)