O que faz falta em Bom Despacho e em São Paulo?
ALEXANDRE MAGALHÃES – Nesta semana fará um mês que estou em São Paulo, sem ir a Bom Despacho nem um único fim de semana. Juntei uma cirurgia, com trabalho, com questões familiares e, tudo junto, me fez ficar por aqui. E, pior, ainda ficarei mais duas semanas em minha terra natal.
Nestes momentos, tenho de confessar que fico com saudades de Bom Despacho, da cidade mesmo, não só da namorada.
Nesta semana, minha irmã completou quarenta e dois anos de vida e enquanto comíamos uma pizza, seu marido me perguntou se eu não iria morar de vez em Bom Despacho. Eu disse que vivia uns 60% do tempo em Minas Gerais e uns 40% em São Paulo. Papo vai, papo vem, acabamos falando sobre o que mais gosto em cada cidade.
Resolvi dividir esses pensamentos nesta coluna.
OS PONTOS FORTES DE SÃO PAULO
Não usar carro
São Paulo me permite viver sem carro. Há mais de uma década não uso veículo próprio. Isso é maravilhoso para mim: ir a todos os lugares da cidade usando transporte público, como metrô, trem, ônibus, taxi, UBER, bicicleta, patins, etc. Além de não me estressar no tráfego intenso de São Paulo, no transporte público ainda leio dois jornais por dia, o Valor Econômico e a Folha de São Paulo, além de livros. Caso prefira pedalar, na cidade inteira há pontos para retirar bicicletas do Banco Itaú e largá-las em outros pontos da cidade, toda interligada por centenas de quilômetros de ciclovias.
Restaurantes, bares, livrarias, cinemas e teatros
Na rua na qual fica o escritório de minha empresa há centenas de restaurantes e bares de todos os lugares do mundo. Isso é maravilhoso. No mês passado, minha namorada bom-despachense estava aqui e fomos a um bar que só serve bebidas feitas com gim. Centenas de opções só com essa bebida. E o prazer de encontrar livrarias em vários pontos da cidade, cinemas e teatros em pontos diversos? A cinquenta metros do escritório fica o tradicional teatro Procópio Ferreira, sempre com bons espetáculos, e o CineSesc, a uma quadra de distância do teatro citado.
São milhares de opções, literalmente, para encontrar diversão.
OS PONTOS FORTES DE BOM DESPACHO
Rotatórias ao invés de semáforos
A cidade de São Paulo tem oficialmente 7.000 semáforos. Adoro Bom Despacho por usar rotatórias que funcionam, além do respeito ao pedestre nas faixas de segurança. Tudo isso com um único semáforo, aquele em frente à Caixa Econômica Federal, na Praça da Matriz. Que coisa boa! Em São Paulo, os milhares de semáforos estressam a todos, além de quase ninguém respeitar as faixas dos pedestres, causando acidentes de todos os tipos.
Sentimento de pertencimento
Em Bom Despacho, as pessoas se conhecem, conhecem os pais e avós de quase todos. Por causa disso, falar um bom dia, boa tarde ou boa noite é um ato comum, correspondido por todos. Esse conhecimento e essa educação cria um clima mais leve, que permite viver com sorrisos mais fáceis. Já contei aqui neste espaço que passei sete anos no mesmo andar de um vizinho em São Paulo, do qual nunca soube nada, nem mesmo o nome das pessoas da família.
Proximidade da cidade e da roça
Em Bom Despacho, em alguns minutos saímos da cidade e chegamos a uma roça. Isso é maravilhoso, pois acontece de amigos nos chamarem para um almoço, para uma cerveja, para tomar um banho de piscina ou para passar um fim de semana em um sítio, e rapidamente nos deslocamos.
Em São Paulo, não há roças perto da cidade. Isso significa que uma família que possua um sítio tem de se deslocar mais de cem quilômetros, no mínimo, para passar um fim de semana longe da poluição da cidade.
Como mencionei a meu cunhado, durante a comemoração do aniversário de minha irmã, sou um sujeito de sorte, já que posso desfrutar do melhor de cada uma das duas cidades.
Na próxima semana, compararei o que não me agrada nas duas cidades.
(Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD / Foto: Arquivo)