Pecuaristas de Bom Despacho diversificam produzindo abacate

 

Diversificação é a alma do negócio, pelo menos para muitos produtores rurais. Em Bom Despacho, que tem tradição na produção de leite, pecuaristas, incentivados pela Emater, estão investindo em outras culturas como alternativa de renda. Uma delas é a produção de abacate, cultura perene que começa a produzir de três a cinco anos após o plantio, com condução de baixo custo.

O produtor Eriton José Dias Cançado é um dos pioneiros no plantio da fruta em Bom Despacho. Para ele, a cultura do abacate tem trazido sustentabilidade para sua propriedade. “É sempre bom ter uma renda extra e o abacate é uma ótima alternativa. Eu recomendo bastante”, diz.

Antes, a área onde Eriton planta abacate era uma horta. Isso favoreceu o início do cultivo, reduzindo a necessidade de adubação. Segundo o agrônomo Fábio Gonçalves Campos, técnico da Emater que presta assistência ao produtor, como a cultura do abacate é nova na região, quase não há ocorrência de doenças fúngicas e de pragas em geral. “Aqui é um sistema agroecológico. Ele nunca precisou pulverizar inseticida, fungicida, nem herbicida”, acrescenta.

Consórcio

A cultura do abacate, por ter espaçamento grande entre as árvores, pode ser consorciada com outras culturas. Eriton optou por plantar o capim capiaçu. Assim ele garante alimentação para o gado e mais qualidade para o solo.

“Ao mesmo tempo ele irriga o capim e o abacate. Além disso, o capim ajuda a manter cobertura para o solo, mantendo a umidade e aumentando a quantidade de matéria morta, que serve de nutriente para a terra”, explica o agrônomo Fábio Campos.

Numa área de quatro hectares, Eriton tem muitas variedades distintas de abacate: geada, que melhor se adaptou à região e produz durante a entressafra (entre novembro e fevereiro); fortuna, quintal, margarida, manteiga e breda.

Tantas variedades, que produzem em meses diferentes, fazem com que Eriton consiga colher abacate praticamente o ano inteiro. Depois de cinco anos de plantio, o produtor já colhe cerca de 60 toneladas por ano. De acordo com Fábio Campos, a produtividade média da cultura já estabilizada do abacate é de 20 a 25 toneladas por hectare por ano.

Para o técnico da Emater, a fruticultura é ótima opção para os produtores de leite diversificarem a atividade. Além de ser rentável, pode ser feita em pequenos espaços. “Fruticultura é uma das maiores rentabilidades da área rural, só que não é para amador. Aqui no município temos grande produção de leite, que passa sempre por crises, além de exigir bastante investimento. Então, tentamos levar diversificação para o produtor, para que ele consiga sustentar sua família na propriedade, tendo alternativas de renda. Aqui nós já introduzimos, além do abacate, culturas como maracujá, pitaya e banana. São plantios que podem ser feitos em pequenas áreas e com grande rentabilidade. No caso do Eriton mesmo, aqui ele tem limão, laranja, diversas variedades de abacate, além do capim capiaçu. Assim conseguimos despertar o interesse dos filhos dos produtores pela atividade também”, comenta.

Abacateiro

A melhor época para o plantio do abacate na região é na primavera ou no início do verão, quando as temperaturas estão mais amenas e não há risco de geadas.

O período de safra do abacate muda de acordo com a variedade cultivada e as condições climáticas. Em geral, a colheita ocorre de três a oito meses após a floração. Uma árvore de abacate saudável pode viver por décadas e fornecer uma colheita consistente de frutas ao longo dos anos.

Produção

Segundo o IBGE, em 2021, Minas Gerais produziu aproximadamente de 89 mil toneladas de abacate. São Paulo é o maior produtor do país, com pouco mais de 140,5 mil toneladas. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais da fruta e a maior parte da produção destina-se ao consumo interno, que ainda é considerado baixo, mas está em expansão, por causa da versatilidade da fruta na culinária e dos benefícios para a saúde.

O abacate é rico em vitaminas, minerais, gorduras saudáveis, fibras e antioxidantes, entre outros nutrientes. Por tudo isso, o consumo regular tem sido associado à redução do risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, doenças cardíacas, derrame e até controle de peso. (Agência Minas / Texto editado pelo Jornal de Negócios / Fotos: Emater)

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