Um pedaço de Bom Despacho em São Paulo
Galos e galinhas vivem soltos numa praça da capital paulista
ALEXANDRE MAGALHÃES – Voltei a correr depois de uns seis meses. Razões pessoais me obrigaram a parar o exercício que pratico, sem gostar muito, é verdade, desde 1997. Houve tempos que eu corria provas públicas de 10 Km, 15 Km ou meia maratona todos os domingos, já que a capital na qual nasci tem muitas atividades públicas em vários pontos da cidade todas as semanas.
Bom Despacho é o lugar ideal para correr, já que há muitas estradas de terra, rios, matas e matos, bichos que voam, que correm, que rastejam e que aparecem durante os exercícios. É muito mais prazeroso correr em Bom Despacho do que em São Paulo.
Porém, quando estou na minha cidade natal, corro meus 14 km quase diários, quilometragem que não é para dar sorte, mas porque corro ao redor do aeroporto do Campo de Marte e o perímetro do local é de exatos 7 km.
Perto do Sambódromo, em uma praça bem arborizada, vive uma família. Com suas barracas armadas, sempre um fogo preparando a comida, os moradores criam galinhas e galos. Há tempos que passo pela praça durante o exercício, local onde o aplicativo Samsung Health marca exatos 3 km quando vou para a direita, ou 4 km quando começo a atividade pela esquerda, e vejo um galo vermelho e umas galinhas pretas, todos bem gordos. E os bichos estão sempre soltos, bem perto de avenidas muito movimentadas e a poucos metros da Marginal Tietê, umas das mais movimentadas avenidas de São Paulo e do Brasil.
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Dias atrás, aproveitando que um rapaz respondeu meu “bom dia”, parei e perguntei a ele como era possível que aquele galo e as galinhas estivessem vivos ainda, já que há meses os vejo ali, com milhares de carros e motos passando tão perto. “São bobos não”, respondeu. Ri e perguntei se os havia ensinado e como fizeram isso. “Nasceram aí e a mãe deles ensinou que carro é perigoso”. Ri novamente. “E quando vão virar canja?”, arrisquei para voltar a correr. “Nunca. São nossos bichos de estimação. Não temos cachorro, então, eles são nossas companhias”. Virei fã.
Acostumado ao galo criado por meu sogro, que atacava a todos, machucando muito os moradores no sítio, ver aqueles bichanos tão calmos, não atacando a mim, que passo no meio de “seu terreiro”, nem arriscando-se no meio dos veículos, me fez enxergá-los com simpatia. Agora, quando passo no meio do “sitio”, sinto-me como se estivesse em uma pequena Bom Despacho. Adoro passar ali, naqueles poucos metros, cumprimentar os moradores, muito humildes, com seus bichos de estimação. Todos, gente e bichos, muito educados. (Portal iBOM / Fotos: Alexandre Magalhães)