Em 1954, as urnas eleitorais foram violadas em BD
Em 1954, a UDN (Partido da União Democrática Nacional) e o PSD (Partido Social Democrático) concorriam cada um com um candidato à Prefeitura do município. A UDN era favorita pois vinha de vitórias sobre o PSD em todas as eleições depois da queda da ditadura Vargas. Mas recolhidas as urnas, no final das votações, o PSD foi dado como vencedor. Foi aí que se descobriu a grande farsa montada pelo PSD, que com artimanhas conseguiu violar as urnas e trocar os votos.
Acusações. Revoltas. Provas. A UDN correu ao Rio de Janeiro com pedido de anulação do pleito. O ministro da Justiça, Francisco Campos, mineiro de Abaeté, grande vulto de Dores do Indaiá e de Minas Gerais, o homem forte do governo Vargas, foi realista e jogou água no fogo dos udenistas:
– Dr. Nicolau Leite e Dr. Miguel, líderes da UDN da cidade, vejo bem que a prova da farsa eleitoral contra vocês é cabal. Mas vejam também que o Governo de Minas está nas mãos do PSD e o presidente da República é Getúlio Vargas do PTB. Dois fortes aliados que terão de enfrentar. Então o que acontecerá? Esse processo justo de anulação da eleição vai correr de mão em mão, de gaveta em gaveta nos tribunais e sua decisão só será anunciada talvez daqui a 10 anos e tudo já terá passado e acabado.
E Francisco Campos concluiu: – Voltem para Minas! Grande médico, Dr. Miguel, e ilustre advogado, Dr. Nicolau, não percam tempo com isso, não. A causa de vocês está perdida!
Pés no chão, realisticamente, sem choros nem velas, Bom Despacho deixou tudo como estava. O prefeito cujo partido violou as urnas governou por 4 anos.