Que período triste esse que estamos vivendo

 

ALEXANDRE MAGALHÃES – “Numa folha qualquer / Eu desenho um sol amarelo / E com cinco ou seis retas / É fácil fazer um castelo / Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva / E se faço chover com dois riscos, tenho um guarda-chuva / Se um pinguinho de tinta / Cai num pedacinho azul do papel / Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu / Vai voando, contornando / A imensa curva norte-sul / Vou com ela viajando / Havai, Pequim ou Istambul / Pinto um barco à vela / Branco navegando / É tanto céu e mar num beijo azul / Entre as nuvens vem surgindo / Um lindo avião, rosa e grená / Tudo em volta colorindo / Com suas luzes a piscar / Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo / E se a gente quiser / Ele vai pousar / Numa folha qualquer / Eu desenho um navio de partida / Com alguns bons amigos / Bebendo de bem com a vida / De uma América à outra / Eu consigo passar num segundo / Giro um simples compasso / E num círculo eu faço o mundo / Um menino caminha / E caminhando chega no muro / E ali logo em frente / A esperar pela gente o futuro está / E o futuro é uma astronave / Que tentamos pilotar / Não tem tempo, nem piedade / Nem tem hora de chegar / Sem pedir licença, muda a nossa vida / E depois convida a rir ou chorar / Nessa estrada não nos cabe / Conhecer ou ver o que virá / O fim dela, ninguém sabe / Bem ao certo onde vai dar / Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela / Que um dia enfim (descolorirá) / Numa folha qualquer / Eu desenho um sol amarelo (que descolorirá) / E com cinco ou seis retas / É fácil fazer um castelo (que descolorirá) / Giro um simples compasso / E num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)”.

Esta é a linda canção chamada Aquarela, que ficou muito famosa na voz de Toquinho, mas que tem vários compositores: Maurizio Fabrizio, Guido Morra, Antonio Pecci Filho (Toquinho) e Marcus Vinicius da Cruz de M. Moraes (o Poetinha ou Vinicius de Moraes).

A música resume como me sinto nestes últimos anos e como continuo me sentindo com tantas catástrofes climáticas no Brasil neste 2024.

A canção começa muito alegre e colorida, mas aos poucos as coisas começam a perder as cores, a tornarem-se mais tristes, exatamente como estamos, nós seres humanos, fazendo com nosso triste Planeta Terra. O estamos destruindo, a ponto de muitos cientistas importantes já afirmarem que não há mais volta, que a destruição do planeta já está consolidada. Pena! Nossa Terra está descolorindo…

Enchentes no Rio Grande do Sul

A destruição de nosso planeta, especialmente de nosso Brasil, vem acarretando mudanças climáticas radicais, com os extremos climáticos (como muita chuva, muita seca, muito calor, muito frio, etc) cada vez mais presente em nosso dia a dia.

O estado do Rio Grande do Sul tem sofrido enchentes constantes nos últimos dois anos, e neste ano, há cidades que não conseguem ver suas ruas não inundadas, pois a cada nova chuva, as inundações voltam.

Um pastor estadunidense esteve no Brasil dias atrás e disse que as inundações no Rio Grande do Sul são frutos do pecado do povo que ali reside… Sem comentários. O verdadeiro pecado é a destruição do meio ambiente.

Seca no Pantanal e na região Centro-Oeste

Ainda no nosso Brasil, enfrentamos a maior seca do Pantanal nas últimas sete décadas. Ao contrário do Rio Grande do Sul, os maiores afetados da região são os animais, insetos, enfim, a natureza. Muitas espécies podem desaparecer para sempre da face da Terra, infelizmente.

Vi uma cena aérea que me deixou estarrecido: de um lado da imagem, uma enorme festa de São João em Corumbá e no outro lado da imagem, do outro lado do rio, o fogo destruindo uma grande área de mata virgem. De chorar! Veja a cena CLICANDO AQUI.

Há décadas fechamos os olhos para a destruição que os seres humanos, especialmente, os ligados ao agronegócio, impõe ao Pantanal. Tendemos a achar que jamais destruiremos uma área tão linda. Porém, essa visão é enganosa. Estamos destruindo tudo e logo não teremos mais Pantanal, nem animais selvagens, e nem plantações de soja, milho ou qualquer outro produto, pois a natureza desequilibrada não sobrevive.

E Bom Despacho com isso?

São Paulo tinha menos de cem mil habitantes em 1900. Hoje tem vinte milhões de moradores, não há rio limpo na cidade, a natureza está reduzida a pombos, ratos, pardais, baratas e mosquitos. E uma poluição atroz que deixa a todos doentes sempre.

Bom Despacho parece estar ainda longe de ter o destino de São Paulo. Parece…

A cidade tem sido tomada de bosques de eucaliptos, planta terrível para o meio ambiente, pois destrói as fontes de água das regiões onde é plantada. A situação de Bom Despacho é tristíssima, pois a paisagem muda completamente. Em alguns momentos há árvores, no dia seguinte aquele bosque vira um deserto, pois as plantações são feitas apenas para serem derrubadas tempos depois. Nenhum cuidado com os animais, aves, águas e pessoas que vivem ao redor. Pena!

Conhecidos meus de Bom Despacho contam que nadavam em riachos que brotavam em vários bairros da cidade. Muitos destes riachos secaram ou estão secando. Quando se anda pelas estradas de terra do município sempre encontro pessoas que contam a mesma história: uma famosa família da região desviou e roubou grande parte das águas dos rios e riachos, especialmente, o Picão. Todos conhecem a história e as autoridades simplesmente ignoram as evidências, nada é feito, nada é investigado. Algumas pessoas contam que foram ameaçadas de morte quando denunciaram o roubo das águas da cidade.

Desse jeito, rapidamente vamos ver Bom Despacho transformada em uma cidade muito diferente da que conhecemos hoje. Extremos climáticos vão acontecer por causa das destruições que, por finalidades econômicas, são impostas ao município e aos habitantes dessa terra maravilhosa.

Pequenas e médias destruições são vistas todos os dias, como a retirada das árvores que ficavam em frente ao Sesc, ou retirar árvores de várias partes da cidade sem motivo aparente (a companhia de energia da cidade queria cortar um jatobá lindo e novo, sem qualquer doença, árvore que vive quase mil anos, porque atrapalhava a fiação da rua. Não permiti. Sem comentários), ou asfaltar a praça que fica entre o Sesc e o supermercado Fidelis, evitando que tivesse um jardim ou algumas árvores ali, são exemplos dessas pequenas destruições.

Se não cuidarmos, como diz a canção de Toquinho, Bom Despacho descolorirá… o Brasil descolorirá… nossas vidas descolorirão…

(Portal iBOM / Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por BD e SP / Foto: Imagem de wirestock no Freepik).

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *