Rotatória ou Semáforo: qual é melhor para o trânsito?
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FERNANDO CABRAL – O grande número de veículos, pedestres e ciclistas nas ruas exige otimização do trânsito. Esta, porém, não é uma missão fácil. O número de veículos aumenta, mas a largura das ruas permanece constante. Para solucionar este problema complicado, há quatro sistemas em uso.
O mais antigo, mais barato e mais simples é não fazer nada. No máximo colocar um sinal de pare. Neste caso os motoristas seguem as regras de prioridade e os pedestres usam as faixas de pedestres. Ele funciona em locais onde o fluxo é pequeno.
A segunda técnica é cara, difícil de implantar e só se justifica excepcionalmente. São as passagens subterrâneas, as vias elevadas, os viadutos. Só são justificáveis em cidades grandes, como São Paulo, Rio, Brasília.
As outras duas soluções disputam as preferências e as ojerizas dos motoristas: são o semáforo e a rotatória. Vamos destacar os benefícios e malefícios de cada uma:
Velocidade: os semáforos permitem que veículos passem pelas esquinas em maior velocidade do que as rotatórias, no entanto, diminuem a capacidade total de fluxo.
Fluxo: Apesar da menor velocidade dos veículos, as rotatórias permitem maior fluxo de veículos. Ou seja, ao longo das horas, as rotatórias dão mais vazão ao trânsito do que os semáforos. Em média, a rotatória comporta 150% do tráfego permitido por um semáforo.
Segurança: as rotatórias são mais seguras, pois diminuem a quantidade e a gravidade dos acidentes. Elas tendem, também, a diminuir os conflitos entre pedestres e veículos. Segundo um estudo conduzido pela Federal Highway Administration, as rotatórias reduzem ferimentos por acidentes de trânsito em 75%, as mortes em 90% e os atropelamentos em 40%. VEJA O ESTUDO AQUI.
Custo: as rotatórias custam menos para o município. Elas não têm consumo de energia elétrica nem custo de manutenção dos semáforos. Também diminuem a poluição sonora e visual. Reduzem a poluição do ar porque diminuem a necessidade de os veículos pararem completamente e depois arrancarem do zero, o que aumenta o consumo e a poluição.
Beleza: enquanto os semáforos enfeiam a cidade com seus postes, hastes e fios, as rotatórias costumam embelezá-la, pois permitem a construção de fontes, jardins e monumentos em seu interior.
Mas há algumas dificuldades também.
Espaço: rotatórias exigem mais espaço do que os semáforos, mas nem sempre as ruas têm espaço disponível para sua instalação.
Tráfego assimétrico ou excessivo: as rotatórias não funcionam quando o tráfego é assimétrico (fluxo maior numa direção do que em outra) ou quando é intenso ao extremo. No caso de assimetria grande, os semáforos podem dar tempos diferentes para cada fluxo e melhorar o andamento global.
Em resumo, os semáforos diminuem a capacidade total de fluxo da via; aumentam o número de colisões com feridos (+29%) e mortos (+131%). Aumentam os atropelamentos (+131%) e causam mais congestão e atrasos do que as rotatórias.
Conclusão
Onde possível, os municípios devem adotar as rotatórias. Elas são mais baratas, mais seguras e dão maior vazão ao fluxo de veículos. São também mais favoráveis ambientalmente, têm menor custo de manutenção e diminuem os acidentes com vítimas.
Contudo, onde o trânsito é muito intenso ou assimétrico, o semáforo pode ser necessário e trazer benefícios. É o caso, por exemplo, de muitas esquinas de São Paulo por onde passam 2.500 até 6.000 veículos por hora no horário de pico. É difícil regular isto com rotatórias. E a situação se complica porque, em certas horas do dia, o fluxo é num sentido e em outras horas no sentido inverso ou perpendicular.
Adotar semáforo ou rotatória pode envolver um complicado cálculo de custo benefício em vidas, em fluidez do trânsito e em dinheiro. Mas, por seus benefícios gerais, na dúvida – e onde possível – é melhor instalar a rotatória. (Portal iBOM / Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho / Foto: Google Inc. / Vista aérea da rotatória no cruzamento da Avenida Dr. Roberto com Rua do Rosário, em Bom Despacho/MG).