A cada ano 5.700 brasileiros morrem por afogamento

 

Semana passada dois meninos de 11 e 12 anos se afogaram no Rio São Francisco. O local fica próximo à Extrema, abaixo da ponte de ferro da antiga linha que ligava Bom Despacho a Dores. Aparentemente, embarcaram numa canoa os dois meninos e o pai de cada um deles. A canoa virou. Os meninos afundaram e não foram mais vistos. Os pais conseguiram chegar à margem do rio e se salvaram. Os corpos foram encontrados dois dias depois, 3 e 6 quilômetros abaixo do ponto de afogamento.

FERNANDO CABRAL – É difícil imaginar a dor que sentem os pais quando perdem seus filhos de forma trágica como esta. E esta não é uma dor que vem e passa em alguns dias. É um pesar que se carrega quase sempre pela vida toda. Em casos como este, o tempo é o único bálsamo que mitiga o sofrimento e traz alívio.

Mas, enquanto unguento do tempo não opera seus efeitos a solidariedade dos amigos é o único consolo da família. Esta não faltará.

Casos trágicos e tristes como este devem ao menos nos ensinar algumas lições para que acidentes como este sejam evitados.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada ano o afogamento mata 236 mil pessoas no mundo todo. No Brasil são 5.700 afogamentos por ano. Lamentavelmente, no Brasil a taxa de mortalidade é pior do que a média mundial. Enquanto esta é de 0,4 mortos por 100 mil habitantes, no Brasil é de 2,7 por 100 mil. Ou seja, aqui, em números relativos, há sete vezes mais afogamentos do que no mundo todo.

Talvez mais triste ainda: jovens e crianças são os que mais morrem. Tanto que 70% dos afogados têm menos de 25 anos. Deste, o maior número de mortos tem entre 10 e 15 anos. As causas principais são o nado em locais perigosos como rios, mares e represas; consumo de álcool e falta de equipamento de proteção e de treinamento adequado na prática de esportes aquáticos.

Entre bebês e crianças mais novas, os afogamentos geralmente acontecem em casa, em bacias, banheiras, piscinas. Decorrem de pequenas distrações de adulto.

Para prevenir o afogamento as autoridades recomendam que os pais ensinem seus filhos a nadar. Mas isto não é suficiente. Bebês e infantes devem estar sob vigilância constante de adultos sóbrios e atentos. Para esta faixa etária, um minuto de distração pode ser fatal.

Quanto aos adolescentes e adultos de qualquer idade, devem evitar entrar na água após consumir bebida alcoólica; evitar locais sabidamente perigosos, como praias abertas, rios com correnteza, represas com objetos no fundo. Em piscinas comuns é preciso evitar o salto de cabeça – uma causa comum de quadriplegia e de morte.

No caso da prática de esportes aquáticos, é necessário ter treinamento e habilitação legal (quando exigível). Usar colete flutuante sempre que entrar em qualquer tipo de embarcação, seja ela uma simples canoa, um caiaque, uma lancha.

A água, especialmente em tempo de calor, é um atrativo irresistível. Com prudência e cautela podemos afastar os riscos que ela traz e usufruir dos seus benefícios como fonte de refrescamento, de lazer e da prática de muitos esportes.

À família enlutada nossos pêsames e nossa solidariedade.

(Portal iBOM / Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho / Imagem ilustrativa).

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

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