Mães voltaram para dentro de casa em tempos de pandemia
Lembra-se do tempo em que as mães ficavam dentro de casa? Cuidando dela, do esposo e dos filhos. Após o nascimento, a gente não se desgrudava dela. Eram quarenta dias de resguardo, nos braços dela, junto dela, de quarentena no quarto, no paraíso de seus carinhos, e a suprema segurança de sua presença. Seus abraços, seu cheiro inconfundível e insubstituível, a nos amamentar sossegada e angelicalmente.
A gente crescia sob sua proteção, seus cuidados: nosso anjo da guarda, a rainha do lar. Mas os costumes mudaram. Tivemos de aprender a conviver com uma mãe fora de casa. Agora, você fica a maior parte longe do filho pequeno, ou adulto. O grande amor das nossas vidas nos abandonou a fim de ganhar seu salário para seu sustento e o das famílias. Para realizar-se e crescer como ser humano na sociedade moderna.
Pandemias
No desenrolar dos séculos e nos capítulos da jornada milenar da humanidade, de quando em vez, o homem se depara com microscópicos vírus, mais perigosos e devastadores que o mais feroz dos animais que nos ameaçam. Na idade média, foi a peste negra que dizimou dois terços da população da Europa. Houve a peste bubônica na Inglaterra que levou à morte populações inteiras. Em 1918, a gripe espanhola esparramou-se pelos recantos de cada continente e fez de 50 a 100 milhões de vítimas fatais.
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Gripe espanhola em BD
Até a Bom Despacho ela chegou. As pessoas ficavam confinadas em casa, aonde eram visitadas e tratadas com destemor e heroísmo pelo farmacêutico Flávio, se não me falha a memória, pai do Favuca e do Cel. Robertinho.
Flávio contava com a ajuda heroica de Afonsina, irmã de minha avó Ritinha, esposa do avô Martinho Fidélis. Há algum tempo, fiz, aqui no jornal, uma reportagem sobre a “peste” espanhola, na cidade, em 1918, colhendo depoimento de uma de suas vítimas, o ex-vereador Francisco José de Oliveira Júnior, o Francisquinho da Cessa e do Chico da Afonsina. Com os cuidados de sua avó, ele sobreviveu e teve longa vida, morrendo há pouco tempo com 90 anos de idade.
O Coronavírus
Estamos no século XXI. A raça humana com o trabalho, a criatividade e a inteligência de seus sábios e cientistas transformou a medicina e os medicamentos em um mecanismo fantástico capaz de curar-nos, via de regra, de qualquer doença. Um orgulho para todos nós.
Mas eis senão quando, surge a pandemia do Coronavírus. Sua transmissibilidade é tão fatal, rápida e arrasadora como a peste negra, a peste bubônica e a gripe espanhola. Então os infectologistas procuram barrar o corona. Chefes de nações do mundo inteiro, menos o do Brasil, adotam e defendem o confinamento das pessoas como meio importante de frear seu alastramento.
A ordem mundial é: fiquem em casa, não saiam às ruas, a não ser para as necessidades essenciais.
De volta à lida do lar
Assim, parece que em cerca de 50% dos lares, apesar do trágico momento em que vivemos, algo significativo mudou para todas as famílias. As mães voltaram para dentro de casa. E como suas mães e avós têm mais tempo para, com suas presenças, conviver dia-a-dia e tornar mais abençoada a vida dos seus entes queridos.As criancinhas lhes dão um trabalho insano. As tarefas diárias exigem-lhe serem disciplinadas, os estudos via internet dos filhos lhes cobram assistência. Os adolescentes, os jovens e o esposo lhe requerem cuidados especiais. Porém seu amor maternal palpável, tangível, aquece seu coração e adoça a vida de seus familiares.
Dia das mães
Se o Coronavírus chegou há alguns meses e ameaça durar por muitos outros mais, contra ele os cuidados, o carinho, o amor instintivo e maternal que ainda habitam o coração de cada mãe resistirão por todos nós.
Quem chegou também foi o mês de maio. O dia das mães. Dia de festas e aglomerações. Dia de reencontros de pessoas debaixo do teto acolhedor da mãe. Vontade danada de pôr no colo, de abraçar e ser abraçada, de beijar e ser beijada. De sentir ser reconhecida sua incansável dedicação à família. Isso tudo era para hoje, o sagrado Dia das Mães.
Abraços do coração
Mas já dizia Saint Exupery, hoje tão esquecido em suas lições de ternura, no seu livro sucesso universal, “O Pequeno Príncipe”: “Só se vê bem, quando se vê com o coração.”
Mãe, esse Covid-19, esse trapalhão, não vai estragar a nossa festa, não. O nosso encontro, a festa continua. Você continua sendo louvada, amada, reconhecida. Se por acaso, hoje, não pudermos te encontrar, te sentar no colo ou sentarmo-nos no seu colo macio, te abraçar apertado, te beijar com emoção o rosto, as orelhas e os cabelos, fica triste, não. Apesar do Corona, hoje, nos encontraremos. Nos sentaremos em seu colo e você no nosso. Te abraçaremos e te beijaremos, na maioria dos vezes não fisicamente, mas com o coração, onde guardamos por você todo afeto do mundo.
Parabéns, mães! Parabéns a você, Geni, mãe de meus filhos. Dona Carmosina Araújo Teixeira, minha mãe, dona Nenê, esteja onde estiver no Reino dos Céus. Minha saudosa sogra Teresinha. Roberta, mãe de minha neta Dadá
Sinara mãe dos meus netos, Bruna e Lorenzo, baianinhos lá de Porto Seguro. Daniela, futura mãe de meus outros netos, que estão por vir.
Louvor e glória às mães do mundo inteiro. Sejam felizes sempre. Com vocês venceremos essa indigesta pandemia. E a imensa prole dessas mulheres guerreiras hão de se multiplicar infinitamente até o fim dos tempos, nessa fantástica epopeia humana, no planeta azul, a Terra, mãe de todos nós.