A árvore que dá vida à cena

VANDER ANDRÉ ARAÚJO – Buscando inspirações em grandes nomes do cinema, como o estadunidense Terrence Malick, o diretor de cinema Cristian Felipe, nascido em Bom Despacho e radicado em Lagoa da Prata, tem se destacado, em festivais internacionais, com o seu curta-metragem “Vento Frio do Norte”. Assista ao trailer do filme CLICANDO AQUI

O curta tem estreia prevista para outubro, durante os três dias do 2° Festival de Cinema de Lagoa da Prata. Ano passado o festival reuniu centenas de pessoas em uma noite agradável na “praia”, com telão, cadeiras e entrada gratuita na Praça dos Trabalhadores daquela cidade.

O filme de Cristian, que conta com parceiros profissionais de Divinópolis, já está sendo exibido em vários festivais internacionais, como em Madri e em Paris, na Galleryspt, e tem recebido menções honrosas pela sua direção na Holanda, além de conquistar a premiação de finalista como melhor atriz em Nova Iorque e melhor direção de arte. 

A equipe do filme

Na foto do alto, da esquerda para a direita, estão Cristian Felipe (diretor e roteirista), Juliana Almeida (diretora de arte), Marcélia Leonor (diretora de arte), Rita Matiusso (atriz e produtora) e Maria Luiza (atriz).

Em “A árvore da vida” (2011), filme preferido de Cristian, Malick dirige um filme que tem uma roupagem filosófica e teológica sobre a aceitação do luto. É uma “ fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão”.

Assim também nos parece ser a mais recente produção de Cristian, um curta-metragem que fala sobre a perda de uma filha no jardim da própria casa e, no seu lugar, o encontro de um pássaro ferido. Após meses de busca intensa, a mãe decide cuidar deste pássaro como se fosse a sua filha e, como nos mitos da Metamorfose de Ovídio, poeticamente se transforma também em uma ave. 

Cinemas fazem falta

O jovem diretor de 22 anos nasceu em Bom Despacho e mora desde criança em Lagoa da Prata. Ele comenta que sente falta das salas de cinema na sua cidade atual e na terra natal, assim como nós que ainda lamentamos o triste fechamento do Cine Regina, na Praça da Matriz, há quase 40 anos.

Para amenizar essa falta de acesso às salas de cinema, Cristian tem feito uso dos streamings, assiste a alguns filmes em Divinópolis e realiza suas pesquisas sobre a história e filmes antigos e clássicos na Internet. Sonha com sua iminente possibilidade de graduação, apostando no curso de Cinema. 

Produzir filmes como esse não é tarefa fácil. O jovem recebeu apoio de parceiros importantes como a Prefeitura e o Sicoob daquela cidade. Com o lançamento dos editais da Lei Paulo Gustavo, que direcionam recursos para o audiovisual, pretende também inscrever seus projetos. Para o futuro, já prepara o curta “Deriva” e o longa-metragem “A eternidade do hoje”, que já estão em fase de pré-produção e teste de elenco, que podem contar inclusive com atores de Bom Despacho. 

Memória do Cine Regina

Felizmente e para nossa satisfação, há pouco lemos aqui no Jornal de Negócios que o médico Gabriel Gontijo encabeça um “movimento para recuperar a memória do nosso glorioso Cine Regina”, com o objetivo de criar um instituto para esse fim. Esperamos que a iniciativa receba bastante apoio e nos permita relembrar os velhos tempos do cinema naquele espaço e, por que não, conquistar uma nova sala para nossa fruição estética. 

Pablo Lobato

Além do Cristian, Bom Despacho é árvore que dá outros frutos no audiovisual e está fazendo bonito na cena cultural em todo o país: Pablo Lobato, filho de Zuca Lobato e Maria Angélica, lançou recentemente seu documentário “Dos 3 aos 3”, um longa-metragem cujo tema principal é a primeira infância. 

No filme, podemos acompanhar o crescimento do menino Ravi, dos 3 meses aos 3 anos, juntamente com sua mãe, uma estudiosa da abordagem da pediatra austríaca Emmi Pikler no Brasil. O trailer do filme pode ser acessado CLICANDO AQUI.

 

O documentário de Pablo foi exibido em várias salas de cinema em todo o Brasil, ficando durante semanas em cartaz, com grande público. Em Belo Horizonte, houve sessões no Una Cine Belas Artes e ainda não há previsão de exibição em Bom Despacho. 

Para que possamos contar cada dia mais com a transcendência estética do audiovisual, ampliando nossos canais de acesso para além da tela do celular ou TV e entrando em contato mais frequente com o bom e velho cinema em Bom Despacho, com suas salas atraentes e acolhedoras, capazes de potencializar a nossa experiência sensorial (acústica, visual e olfativa, dentre tantas outras), não podemos nos esquecer de conhecer e reconhecer os projetos daqueles que lutam por isso. 

Recursos da lei Paulo Gustavo

Os artistas que se dedicam à sétima arte merecem todo o nosso apoio e respeito, notadamente agora que se avizinha a possibilidade de fazer uso de recursos da Lei Paulo Gustavo, o mais novo instrumento de resgate do incentivo à cultura no Brasil.

De acordo com o Plano de Ação aprovado no mês passado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Bom Despacho, serão destinados mais de R$ 250 mil em dez projetos “voltados para a produção de curta-metragem de ficção, documental, produção de videoclipes e de núcleo criativo”.

Além deste valor, outros R$ 57 mil atenderão “2 vagas de projetos que invistam em equipamentos e infraestrutura em espaços que funcionarão salinhas de cinema, podendo ser em sedes de associações e afins, desde que abertas ao público”. A novidade é a destinação de recursos para 4 projetos no valor de R$7 mil cada, sendo um para quilombolas, outro para congadeiros e os demais voltados para a produção de mostra. O restante do recurso (R$ 136 mil) será investido na Virada Cultural, prevista para os dias 1 e 2 de setembro, na Praça da Estação, com edital já publicado pela Prefeitura.   (Portal iBOM / Vander André Araújo é advogado, filósofo e escritor / Fotos: Arquivo)

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