Lixo que prejudica a todo mundo
ROBERTA GONTIJO TEIXEIRA – Lendo um artigo um dia desses, descobri que está comprovado cientificamente que uma breve caminhada em áreas verdes melhora a saúde mental, traz benefícios para o humor e nos presenteia com muitos outros benefícios. Adoro caminhar e pedalar pelas estradas de terra no entorno de Bom Despacho. Sempre volto renovada. No entanto, nem tudo tem sido flores nesses passeios. Tenho me deparado com muito lixo e desmatamento.
Na estrada que vai dos Cristais ao São Vicente, vi outro dia terrenos inteiros desnudos e belíssimas árvores gigantescas tombadas ao chão. Dezenas delas. Ao lado da matança, uma cratera, com toda sorte de lixo. Procurei me informar e soube que grande parte da derrubada dá por causa do plantio da cana que vem alastrando-se de forma indiscriminada e em larga escala nessa região.
No Jaraguá, bairro que fica ao lado do antigo Sesc, há um local de coleta e reciclagem de lixo. Ainda assim, sempre ao caminhar por aquelas bandas, principalmente perto do corregozinho que fica no final do loteamento, me deparo com muito lixo esparramado pelos caminhos e trilhas verdes. São papelões, sofás velhos, televisores inutilizados, copos descartáveis …
Outro lugar que gosto muito de ir e vive coalhado de lixo é o acesso que vai da estrada dos Cristais ao Babilônia e a estradinha de chão que vai da Avenida Dr. Roberto ao Pica-pau. No último sábado, eu e minha amiga Denise Soares estávamos caminhando por lá e nos deparamos com um descarte muito grande de lixo: bezerros mortos, garrafas de cerveja, sacos de plástico e, dentre a montanha fedida, um volume enorme de cartuchos de impressora industrial, que obviamente pertenciam a alguma empresa que não se deu ao trabalho de reciclar, tampouco encaminhar para o lugar correto. Simplesmente descartou ali, sem nenhum cuidado, respeito ou critério. Puseram tudo naquela estradinha linda, aprazível e que deveria ser bem cuidada ou ao menos respeitada por todos. Quase recolhemos os cartuchos para uma denúncia. Deveríamos ter cuidado disso.
Quando será que nos daremos conta de que precisamos nos ativar, urgentemente, na proteção do meio ambiente, na coleta, na triagem e no processamento dos resíduos?
Essas atividades, além de reduzirem o volume de lixo enviado para aterros sanitários e depósitos, diminuem a poluição do solo, da água e do ar, melhoram a limpeza da cidade e a qualidade de vida da população, podendo gerar, inclusive, renda e emprego. Precisamos compreender que adotar essa ideia e ter, de fato, ações diárias para a destinação correta do lixo não exige grandes mudanças no nosso estilo de vida. Não despenderá tanto esforço quanto imaginamos.
Basta descobrirmos os lugares de coleta e separarmos, dentre outras coisas, latas, garrafas, copos, embalagens (refrigerantes, leite, sabão em pó, vinagre, óleo), sacos/sacolas, frascos de produtos, caneta sem tinta, canos, tubos de PVC, embalagens de produtos de limpeza, brinquedos de plástico, móveis velhos e até o lixo eletrônico que hoje tem lugar de destinação. Fazendo isso não estaremos cuidando apenas do planeta. Estaremos zelando pela qualidade do nosso futuro.
Os aterros não suportam a quantidade de lixo produzida. Nossos rios, solos e florestas estão cada vez mais contaminados e favorecendo todos os tipos de doenças. A destruição, o consumo desenfreado e o desmatamento do meio ambiente vêm atingindo proporções perigosas para nossa sobrevivência.
Precisamos parar, repensar e mudar nossa atitude.
Roberta Gontijo Teixeira é bacharel em Direito, ambientalista e servidora pública federal / Portal iBOM / Fotos: Denise Soares