Salve! Queridas mães bom-despachenses

 

TADEU ARAÚJO – Nesta data especial para todos os corações filiais, com gratidão, carinho e amor, esta coluna presta uma homenagem a todas as caríssimas mães de nossa cidade, na pessoa de cada uma daquelas cujas fotos acima ilustram esta página no dia de hoje.

Irmã Maria: a mãe dos pobres e desvalidos

Dos anos 1900, até a década de 60, a região do atual próspero bairro São Vicente e adjacências não passava de um paupérrimo arruado de casas de pau-a-pique, num lugar conhecido com Quenta-Sol. Ele estava situado junto ao Morro Vermelho, numa estrada que ia pra Moema, Dores e outras localidades menores.

Terra ocupada, na sua maior parte, por ex-escravos e seus descendentes que depois de alcançarem a “libertação” não tinham para onde ir e nem onde morar, expulsos que foram das fazendas. O Quenta-Sol foi a terra da pobreza e da carência.

Infelizes e miseráveis seres humanos nunca podiam sonhar que Deus, na sua misericórdia, lhes enviaria uma verdadeira mãe para amá-los e lhes dar carinho e dignidade humana.

Essa mãe de bondade foi Irmã Maria Blasigni. Era uma jovem austríaca que emigrara para o Brasil e para Bom Despacho no final da década de 1920. Ela, seguindo os ensinamentos do Cristo no Evangelho, arrebanhou gente bastante para ajudá-la a socorrer aquele povo e livrar Bom Despacho de tanta ignomínia. Aqui, Irmã Maria deu de comer a quem tinha fome. Vestiu os desnudos. Criou catecismos, debaixo de copa de árvores, para quem ainda não conhecia a religião nem o nome de Deus. Alfabetizou os analfabetos. Criou uma bela escola para acolhê-los. Deu-lhes e fez a cidade lhes dar respeito, dignidade e condição humana.

Irmã Maria foi a nossa Pequena Notável, nossa Irmã Dulce, nossa Teresa de Calcutá: Anjo enviado por Deus. Emociona-me e com devoção, nesse dia dedicado às mães, saber que nossa gente pode ainda hoje chamá-la de Mãe!

Dona Maria Guerra

Consultando as crônicas do historiador, escritor e poeta Geraldo Rodrigues da Costa (o Geraldinho do Engenho), o povoado do Engenho do Ribeiro começou a ser gestado por volta de 1917, com a construção da casa de Escola, por iniciativa e liderança de Guilhermino Rodrigues da Costa II. Logo em seguida foi estabelecida uma pequena casa comercial que animou o lugar.

A primeira professora da escola foi Dona Maria Guerra, que ali lecionou por 33 anos. Ela foi a mãe cultural e moral do “bebê” recém-nascido.

Diz Geraldinho: “Considerada também como uma das fundadoras do povoado é a quem devemos a paz e a harmonia que até hoje perduram em nossas famílias. Dona Maria Guerra, com seu carisma, doçura e capacidade de ensinar, foi a maior responsável pela formação da personalidade de nossa gente.”

Rosalina Teodora da Costa (Tia Rosa do Engenho)

Sobre Tia Rosa, diz o historiador Geraldo Rodrigues da Costa: “Tia Rosa como outras mulheres daquela época teve de desempenhar o papel de administradora de fazenda e fazendeira com muita garra e determinação por causa do falecimento do marido que, como outros, faleceram muito jovens.”

“Ela foi” – escreveu Geraldinho – “um importante pilar de nossa sociedade. Tornou-se a maior benfeitora do Engenho naquela época, doando a área de terras onde hoje se encontra localizado todo o centro de nossa vila.”

Mais uma iniciativa que alavancou o progresso do povoado, sob a liderança de Guilhermino Rodrigues da Costa II, com ajuda os poucos moradores de então, foi a construção da igreja em 1935, por ocasião do lançamento da pedra fundamental da igreja, Tia Rosa, mais uma vez demonstrou sua generosidade, doando uma boa soma em dinheiro para sua construção. E num pedido aceito pelo Padre Augusto ela patrocinou a vinda de uma imagem de Santa Rosa de Lima, que ficou sendo a padroeira da Igreja e de todo o Engenho Do Ribeiro.

Rosa Teodora da Costa, assim também pode ser celebrada, como a mãe da criança pequenina que acabava de nascer, ao lado do Rio Picão.

Tadeu Araújo

Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL

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