Futuro, filosofia e lições de vida…

 

Passei parte da semana em Bom Despacho. Comprei a passagem de São Paulo a Bom Despacho pensando que ficaria uns quinze dias. Cheguei à cidade no sábado pela manhã. Assim que cheguei, li uma mensagem que me havia sido enviada pelo LinkedIn, rede social voltada para negócios, confirmando uma reunião dia 26 de outubro, em São Paulo. E pior, presencial, não pela internet.

Fiquei triste, mas assuntos profissionais são prioritários em minha vida, já que dependo de meu salário. Comprei a passagem de volta, cheguei a São Paulo quarta-feira pela manhã e participei da reunião.

Contei essa história toda para mencionar a coisa mais óbvia do mundo: não dominamos nosso futuro. Há muita coisa que pode acontecer e mudar nossa realidade.

Um acidente, um dinheiro extra, a perda de um emprego, uma gravidez, uma doença, entrar na faculdade, mudar de país, um casamento, um cachorro, um carro, uma viagem, enfim, muitas coisas podem acontecer em nossa curta vida, que pode mudar tudo da noite para o dia.

Eu, por exemplo, ouvi falar pela primeira vez em Bom Despacho por causa de uma viagem para ver baleias em Abrolhos, no meio do mar, no litoral baiano. Conheci minha namorada lá e passei a frequentar a cidade.

Algumas coisas são inesperadas e outras acontecem por planejamento. Em um jogo de futebol, por exemplo, três resultados são sempre esperados: vitória, empate ou derrota. Claro, a vitória pode ser por um gol de diferença ou por goleada. A derrota também.

Domingo, dia da eleição mais importante da história do Brasil, já sabemos quais são os resultados esperados, os possíveis. Uma parte da população ficará muito triste e outra, muito feliz.

Espero que os resultados sejam respeitados, apesar de esperar qualquer coisa no domingo à noite, quando os resultados sejam divulgados.

Sinto-me como aquele sujeito que pula do alto de um prédio e quando está na altura do décimo andar, ainda acha que o futuro pode ser bom. Quem o olha pela janela deste mesmo edifício, sabe que seu futuro está bem perto do passado, bem pertinho do fim.

Espero que o meu chão seja de água ou de penas de gansos, para que meu futuro não seja como o do personagem da queda livre.

Boa eleição a todos e que o respeito prevaleça entre nós, especialmente depois de sabermos os resultados.

Um livro sobre nosso futuro

Li recentemente o livro “Povo, Poder e Lucro – Capitalismo progressista para uma era de descontentamento”, cujo autor é o vencedor do Prêmio Nobel de Economia, o estadunidense Joseph E. Stiglitz.

O livro narra o capitalismo nos Estados Unidos e foca especialmente no período do ex-presidente Donald Trump. O que este economista narra é exatamente o que está acontecendo no Brasil, pois Trump e Bolsonaro pensam exatamente igual.

Portanto, hoje acho que entendo melhor sobre o futuro de nosso país, somente olhando o que aconteceu em nosso vizinho do norte. Concentração de renda, liberalização radical da economia, fim da divisão entre os poderes, ataque ao funcionalismo público, diminuição radical das verbas de saúde, educação, fim da defesa das minorias, das florestas e outras ações que vemos aqui, foram vistas primeiro nos Estados Unidos.

Continuo sentindo-me como aquele sujeito que pulou do alto do prédio e está passando pelo décimo andar. Lendo o livro, tenho mais chance de saber o que vou achar ao bater no chão.

Vou sentar-me sob uma árvore frondosa e chorar muito… ou não.

Filosofia e meu dia a dia

Um amigo me indicou uma página no Facebook. Geralmente, não uso muito o Facebook, a não ser para enviar parabéns aos amigos que são meus contatos nesta rede social. Porém, achei a página muito interessante.

Traz pequenas frases de grandes filósofos e me faz pensar sobre a importância da filosofia para entendermos a vida. A página chama-se Frases de Sócrates (apesar de não ser somente de Sócrates).

Hoje, por exemplo, vi duas frases que passei algum tempo refletindo sobre elas. A primeira é do escritor argelino e francês Albert Camus, autor de vários livros respeitados, como “O Estrangeiro” e “A peste”. A frase é “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia”.

Como diria minha falecida avó, só a morte não tem solução. Quando optamos pelo suicídio, não damos a chance de revisão da decisão. E a grandeza do ser humano é a sua capacidade de repensar e rever seus atos. Com o suicídio, isso não é possível, já que a morte é a única coisa sem volta.

Outros dizem que só o ser humano pode cometer suicídio, já que os animais não têm essa capacidade de decisão. É outra visão, bem diferente da minha, apesar de concordar que só um humano tem a consciência de que pode terminar sua vida quando bem entender. Independente do resultado da eleição, continuemos com a vida, pois vale a pena.

Outra frase de hoje que me fez pensar por um bom tempo: “Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar”. O autor é o Esopo, grego muito famoso por ser autor de várias fábulas, que são aquelas histórias nas quais os animais falam e agem como humanos.

Com essa frase, eu concordo plenamente. Desde meus quatro anos de vida estou estudando, sempre. Sempre fui correndo atrás da vida e adaptando meus conhecimentos para minhas novas etapas profissionais e pessoais. Busco aprender coisas que são apenas para diversão, como um novo instrumento musical, uma nova língua, algo que não domino ou não tenho ideia sobre o que é. Em outras palavras, quero aprender coisas novas até meu último suspiro.

Meus amigos bom-despachenses devem me achar um chato de galocha, pois faço as perguntas mais estúpidas do mundo, pois quero sempre saber sobre tudo. Sempre interrompo meu sogro ou sogra para perguntar o significado de cada palavra que não domino ou entendo bem.

Mas, o mais importante desta frase do Esopo é a segunda parte: “nem tão pequeno que não possa ensinar”. Entendo o “pequeno” como uma criança ou alguém muito humilde, que tem menos educação formal do que nós, mas que pode ter uma vivência ou uma habilidade que não dominamos.

As histórias que mais me emocionam são as que envolvem os mais humildes, os mais frágeis, talvez por ter dois irmãos gêmeos deficientes mental e fisicamente. Lendo a frase, recordei de um momento que me tocou muito, acontecido nos Jogos Olímpicos de 2000, que aconteceram na Austrália.

O COI convidou alguns países sem tradição alguma em esportes para participar das Olimpíadas, como um incentivo. Convidou o país africano de Guiné Equatorial para a prova de natação. Ninguém que sabia nadar se inscreveu e o que demonstrou interesse não sabia nadar. Seu nome? Eric Moussambani. Começou a fazer aulas de natação em uma piscina de 10 metros de comprimento, que era a maior de seu país. Oito meses depois, participou dos jogos na Austrália. Em sua bateria classificatória, na qual não tinha a menor chance de passar, havia três “nadadores” e dois queimaram a largada. Então, Eric nadou sozinho, pela primeira vez em uma piscina de 50 metros de cumprimento. Na segunda metade de seus 100 metros, nadou cachorrinho, parou algumas vezes, quase morreu afogado e fez, como aconteceu comigo, milhões de expectadores chorarem, ao aprender com aquele africano humilde e esforçado um pouco sobre a vida, em como ser um humano cheio de vontade de vencer.

Viva a vida! Independente do resultado da eleição. (Imagem ilustrativa)

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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