Uma mineira bom-despachense em São Paulo
Há poucas semanas minha namorada visitou-me em São Paulo. Passou perto de duas semanas lá, passeando, visitando parques, como o Horto Florestal, indo ao cinema, andando de metrô e de trem. Enfim, vivendo um pouco da cidade de São Paulo.
Em um dos dias que ela estava lá, saímos para almoçar. Além de mim, estavam meu chefe estadunidense e um companheiro mexicano.
Escolhemos um restaurante bem paulistano, com mesas nas calçadas, gente branca de bem com a vida, excluindo as minorias da clientela, reservando a esses grupos as funções de serviçais. Triste São Paulo!
Minha namorada sentou-se entre mim e o estadunidense. Como já era esperado, conversou alegremente com todos e, sem perceber, a cada frase dirigida ao estadunidense, cutucava-o no braço. Percebendo que ele estava um pouco incomodado com as dedadas em seu braço, eu pedi desculpas a ele, explicando que os mineiros que conheço são muito próximos e usam muito as mãos para conversar. Meu chefe tentou disfarçar seu incômodo, mas acabou admitindo: “estou um pouco incomodado com isso (as cutucadas)”. Todos rimos e minha namorada, desde então, conta essa história para todos seus amigos, tentando explicar que os brasileiros em geral, e os mineiros em particular, e os bom-despachenses especificamente, usam muito as mãos em suas conversas e contatos com as pessoas.
As culturas são diferentes e não há certo e errado, apenas maneiras diferentes de ver a vida e de viver. E viva as diferenças! E viva o respeito por cada uma delas!
Apresentando carne de porco para uma bom-despachense
Nestes dias que passou em São Paulo, cumpri uma antiga promessa: levei minha namorada para comer no restaurante Casa do Porco. Criado por um chef famoso chamado Jefferson Rueda, a casa serve basicamente carne suína.
Este tipo de carne é a base da culinária mineira e eu queria saber quão diferente são os pratos servidos neste restaurante e os que são consumidos nos restaurantes, sítios e fazendas de Bom Despacho.
Foi uma experiência interessante, apesar de que eu não como carne há cinco anos e comi só uma saladinha, que estava maravilhosa. E umas caipirinhas maravilhosas de jabuticaba, já que ninguém é de ferro. Barrigada, ou pancetta, como chamamos em São Paulo, papada de porco, cabeça de porco, entre outras iguarias foram consumidas neste jantar. E tudo foi aprovado pela mineiríssima bom-despachense. E o melhor de tudo: é um restaurante relativamente barato, se considerarmos a fama que tem, as duas horas de fila diárias ou seis meses para conseguir uma reserva no local.
Levar uma mineira para comer carne de porco em São Paulo é como levar um mineiro para experimentar cachaça feita na Austrália ou Polônia. É, no mínimo, muito engraçado!
A maioridade de minha filha
Na semana passada, dia 18, minha filha completou dezoito anos. Adoro quando as pessoas comentam algo como “já? Passou tão rápido, não?” O tempo, apesar de ser um fenômeno físico, tem uma percepção muito pessoal. Achamos que algumas coisas passam muito rápido e outras passam muito vagarosamente. Basta ver como o jogo acaba logo, quando nosso time está perdendo e, ao contrário, quando nosso time está ganhando apertado, por um gol de diferença, o tempo não passa.
Meu medo, quando vi minha filha nascer, foi sempre com o futuro da humanidade. Como será a vida adulta de minha filha? Terá água na cidade? Lembrando que a cidade de São Paulo ficou com 3% de água apenas em suas represas há dez anos. Haverá violência? Haverá emprego? Minha filha terá uma boa vida? Perguntas assim me impediram de querer ter filhos antes de a Isabella nascer.
Hoje, sou testemunha de alguém que está escolhendo seu caminho, sua profissão, lutando por aquilo que ela considera importante, pelo respeito aos diferentes, pela luta por um mundo melhor, enfim, sou testemunha de que ela me representa e representará para termos um mundo mais humano. Que bom! Fico orgulhoso!
Minha quase terceira idade
Uma semana depois do aniversário de minha filha, eu completei mais de três vezes mais idade do que a Isabella. Estava em São Paulo na semana passada e vim a Bom Despacho para soprar minhas velinhas aqui no domingo.
Depois disso, já estou me considerando bom-despachense por adoção…
Outubro: haja coração!
Depois da eleição, que passarei em São Paulo, pois considero que todos devem votar neste momento histórico, voltarei a Bom Despacho para passar dois momentos históricos: 1) vou assistir ao show do Chico Buarque em Belo Horizonte. Com os grandes da MPB todos na faixa dos oitenta anos ou quase lá, como o próprio Chico, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Gal Costa, Maria Bethânia, entre dezenas de outros músicos brasileiros, como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Renato Teixeira, Tetê Espíndola e Almir Sater (pouco mais novos que os outros) etc etc etc., acredito que não dá para perder qualquer show desses monstros. Levarei alguns lenços para disfarçar as lágrimas…
2) a bom-despachense mais importante de minha vida fará aniversário no meio do mês e não quero perder esse evento por nada.
A vida não é fácil…
É incrível com ocorrem acidentes nas estradas de Bom Despacho. Sempre que leio o website ou as mídias sociais do Jornal de Negócios, há tristes notícias sobre batidas, atropelamentos e mortes… Muito triste!
No dia 23/9, ao sair da Praça de Esportes e ir ao bar do Tio Vicente e Tia Tita, no bairro São José, logo atrás da Mata do Tio João, passei pela rotatória que fica pertinho do supermercado BH e do Fidelis da Avenida Doutor Roberto. A polícia havia fechado a passagem para quem queria seguir pela Av. Dr. Roberto. Sem saber o que tinha acontecido, vi uma enorme mancha de sangue no asfalto.
Horas depois, me contaram que um jovem ciclista havia morrido em um acidente envolvendo um caminhão. Pela versão que ouvi, o jovem sangrou até a morte, já que a ajuda médica não chegou a tempo de salvá-lo. Muito triste!
Queimadas e acidentes de trânsito com mortes são as duas coisas que mais me deixam tristes em Bom Despacho.