A minha vida depende da agricultura

 

Mesmo quando estou em São Paulo, como é o caso agora, procuro olhar o site do Jornal de Negócios para manter-me atualizado sobre a cidade de Bom Despacho.

Dias atrás li uma notícia sobre o quinquagésimo aniversário da ExpoBom. Não é todo dia que um espaço como este faz cinquenta anos. A notícia do Jornal de Negócios mostrava que o setor de agronegócios está tão bem, que a tradicional feira do setor teve de aumentar o número de expositores, pois havia muito mais produtores querendo participar do evento, do que os espaços originalmente disponíveis.

Isso é um ótimo sinal, já que a cidade de Bom Despacho vive e respira as agruras e as bonanças do agronegócio. Quando o setor agropecuário vai bem, a cidade melhora a arrecadação, o número de empregados aumenta, diminui a pobreza do município, entre vários outros efeitos.

Lendo a notícia, comecei a lembrar das várias feiras que participei em um parque especializado em agropecuária que existe aqui em São Paulo, o Parque da Água Branca. Há muitos anos havia feiras muito específicas, como feira de aves, de suínos, de equinos, de bovinos etc. Eu adorava ver os animais bem de perto, sentir o cheiro dos bichos. Além disso, semanalmente havia a feira de produtos das fazendas, como queijos, verduras, legumes, frutas e outras coisas típicas. Adorava.

A última feira agropecuária que participei foi em Buenos Aires. Eu e minha filha Isabella estávamos na cidade e decidimos visitá-la. Havia exposição de animais, concurso de cabras, de ovelhas, de touros, cavalos e um monte de outros bichos. Minha ficou encantada!

Se minha agenda casar com o evento da ExpoBom, farei questão de fazer uma visita.

Minha vida depende da agricultura

Nunca dependi tanto da agricultura como agora. Na verdade, o mundo depende deste setor para sobreviver. Isso inclui a pecuária, que usa muito dos produtos da agricultura para alimentar seus animais.

Minha sensação é de que a agricultura é o centro de minha vida. Desde que me tornei vegano, ou seja, parei de comer carne de qualquer natureza, leite e seus derivados, ovos, mel e deixei de usar produtos feitos à base de animais, o que inclui sapatos, roupas, bolsas, sabonetes, shampoos etc,, só tenho consumido verduras, legumes e frutas. Geralmente, compro os produtos in natura e evito comprar produtos que imitam carne ou hamburgueres. Isso me dá a sensação de maior dependência ainda dos agricultores.

Comer bem pagando pouco

Toda quarta-feira, quando estou em São Paulo, vou a uma feira livre, um lugar onde se vende produtos agropecuários frescos e de boa qualidade. São 942 destas feiras ocorrendo na cidade, em 942 ruas diferentes espalhadas por São Paulo. Estas feiras ocorrem uma vez por semana cada uma, entre terça-feira e domingo. Segunda-feira é o único dia da semana que não há feiras livres em minha cidade natal.

Nesta semana comprei vinte tipos de verduras diferentes, como catalônia agrião, alfaces crespa, lisa e roxa, mostarda, espinafre, almeirão, entre muitas outras opções. Também comprei abobrinhas, chuchu, beringelas, cenouras e beterrabas (ambas com as ramas, que são deliciosas de comer cozidas), alcachofras, tomates, milhos, pimentões, pepinos, jilós, quiabos, entre outras muitas escolhas possíveis.

Além disso, há as frutas: melões, abacates, maçãs, mexericas, caquis, figos, mangas, goiabas, mamões, abacaxis, morangos, enfim, uma infinidade de deliciosas opções.
Sempre fico espantado com o preço baixo das verduras e dos legumes. Hoje paguei cada pé de alface R$ 2,00 e cada milho, que vou cozinhar e me deliciar, R$ 1,00 cada. Tento entender como o produtor ganha dinheiro com esses produtos, já que eles chegam até mim depois de semanas ou meses sendo tratados pelos produtores, depois de serem transportados do campo para o entreposto comercial do Ceagesp, onde o feirante vai comprá-lo para me revender. Depois de tudo isso, eu os compro por alguns poucos reais, que será dividido por todos que trabalharam no processo. Claro, entendo que cada produtor planta milhares de pés de alface e milhares de milhos, mas, mesmo assim, cada um ganha um pequeno valor, especialmente quando penso no valor que esses produtos têm em minha vida.

Os produtores de Bom Despacho

Em Bom Despacho é possível achar toda a cadeia produtiva em uma única pessoa. Sempre vejo o Joãozinho ou o Tõe pelas ruas do bairro Esplanada vendendo seus produtos. Eles plantam/tiram o leite, transportam e vendem diretamente ao consumidor final. Seus dias começam de madrugada e terminam muito tarde, quando terminam suas entregas para a população. Alimentam muita gente, mas ao contrário dos produtores de TV ou celular, não ficam milionários. Ser produtores agropecuário não deve ser fácil.

Onde está o dinheiro?

Nos últimos dias, minha bom-despachense preferida veio a São Paulo. Fomos a muitos restaurantes na cidade, alguns muito bons, outros muito diferentes, com comida de vários países do mundo. Uma diversão. Adoro ir a restaurantes com pratos de países muito diferentes do Brasil, pois isto é uma forma de conhecer melhor cada cultura.

Porém, ir a restaurantes me faz perceber com quem fica o dinheiro dos produtores agropecuários. Hoje, na feira livre, comprei quatro alcachofras por R$ 15,00, ou seja, menos de R$ 4,00 cada uma. Na semana passada, comprei uma salada de alcachofras, feita com no máximo duas delas, e paguei R$ 70,00. Hummm… acho que estamos valorizando muito quem comercializa e pouco quem planta, cuida e colhe…

Claro, cada pessoa, cada setor da economia, tem sua importância na economia local e nacional, mas tendo a achar que Joãozinhos e Tões mereciam ficar com uma parte um pouco melhor da distribuição de meu salário…

Parabéns, ExpoBom!

Parabéns, ExpoBom! Obrigado aos agricultores, particularmente, e aos pecuaristas que alimentam também muita gente, apesar de eu ter me tornado um vegano feliz! Vocês sustentam o mundo e nos deixam mais felizes.

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

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