Voltei a São Paulo mas já com saudades de BD

 

Depois de cinco meses em Bom Despacho, voltei a São Paulo para alguns compromissos profissionais. Claro, vou aproveitar para visitar minha mãe, meus irmãos, amigos, enfim, revisitar a cidade onde já não passo tanto tempo.

É engraçado como vai mudando nossa ideia sobre nossa própria cidade. Quanto mais tempo passo em Bom Despacho, mais estranho algumas coisas em São Paulo, aspectos que sempre foram tão normais para mim.

Logo na chegada, nas calçadas ao redor da estação rodoviária, passou a me incomodar as dezenas de pessoas dormindo na rua. Como foi possível viver tantos anos cruzando com essas pessoas em situação tão complicada e torná-las quase invisíveis, já que elas viraram paisagem para mim, um paulistano típico.

O tráfego intenso também me causou estranheza, que me acostumei ao trânsito menos caótico de Bom Despacho. Todos os carros com os vidros fechados, como se fosse possível ao motorista se isolar da brutal cidade que está fora de seu veículo.

Mas, há coisas boas também, claro. As largas avenidas arborizadas nas quais corro e ando nos horários livres de meu dia. Muito menos animais abandonados nas ruas, pelo contrário, muita gente passeando com seus animais de estimação, recolhendo sua sujeira, tentando manter as calçadas limpas para quem anda por elas.

Ir ao cinema, que sempre é um grande prazer, visitar uma livraria, ter muitas opções para comer algo diferente. Isso é apaixonante em São Paulo.

Não precisar utilizar o carro para andar pela cidade é uma das coisas que mais gosto em São Paulo. O transporte público funciona bem, apesar de ser caro, o que me permite ler muito mais enquanto me desloco pelas grandes distâncias que separam os bairros.

A Virada Cultural aconteceu no final de semana anterior. Foram dezenas de shows para todos os gostos, atraindo milhares de pessoas a cada um deles. Isso é interessante em São Paulo, esta mobilização para eventos culturais e artísticos, com as pessoas saindo de casa e andando pelas ruas para ouvir boa música, conhecer novos artistas, voltar a passear pela cidade depois de dois anos reclusos em suas casas.

Enfim, com uma semana aqui, já começo a me readaptar a minha cidade natal.

O medo de andar em São Paulo

Nunca fui assaltado. Nem aqui, nem em qualquer outro lugar. Nunca tive medo de transitar por São Paulo. Costumo andar muito a pé, movendo-me por qualquer bairro a qualquer hora do dia ou da noite.

Porém, passando muitos meses em Bom Despacho começo a ter um pouco de medo de andar por algumas áreas da cidade. Como em Bom Despacho meu medo de assalto é zero (pode ser apenas uma percepção de segurança, mas é assim que me sinto), a possibilidade de ser roubado aqui traz uma estranheza. Tento vencer esta neurose saindo e enfrentando-a.

Esta sensação de perigo aumentará nos próximos dias, quando uma bom-despachense, que é a razão de minhas passagens por Bom Despacho, estará em São Paulo. Meu sentimento de que sou responsável pela visitante em minha terra, me deixa um pouco estressado. Optamos por ficar na região central da cidade, onde abundam os bares, restaurantes, cafés, teatros e cinemas. Mas, onde são maiores as chances de sofrermos algum tipo de violência, seja um roubo de celular, um assalto a mão armada ou um simples susto comum em cidade grande, como um carro não respeitar um semáforo fechado, por exemplo.

Não pretendo deixar de andar por minha cidade, mas que é muito mais tranquilo andar por Bom Despacho, isso não tenho dúvidas.

Dengue

Em Bom Despacho, há algumas semanas, fui agraciado com a dengue. Passei maus bocados, sendo que dormi uma semana seguida quase sem forças para levantar-me da cama. Febre, dor no corpo, falta de apetite e queda nas “plaquetas sanguíneas” me pegaram em cheio.

Domingo anterior fui jogar meu futebol com os amigos em um campo de várzea chamado Anhanguera. Ainda sentindo os efeitos da dengue, estava fraco, sem muitas forças nas pernas. Meus chutes e passes quase não saíam do lugar. Que doença que maltrata! Espero que tenha sido a primeira e última vez que enfrento isso.

Aos poucos a vida começa a voltar ao normal

Neste último fim de semana de maio aconteceu um dos eventos que mais gosto em Bom Despacho: o Circuito dos Ranchos. Amigos se reúnem para tocar boa música, beber, comer bem, enfim, viver a vida. Depois de dois anos sem que nenhum encontro tivesse ocorrido, por causa da pandemia do coronavírus, os rancheiros decidiram que era hora de voltar às atividades mensais.

Pena que eu tive de vir a São Paulo neste período. Não vejo a hora de voltar a frequentar ambiente tão relaxante e ouvir o melhor da MPB. Para mim, este Circuito é a cara de Bom Despacho!

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