Orlando Ferreira de Freitas, adeus a um imortal

Tomei emprestado esse título ao jornalista e escritor Renato Fragoso em sua coluna da revista da Cooperbom, edição 15, de fevereiro/22, com o qual concordo em gênero, número e caso.

A família de Orlando viu-o partir para o reino dos céus, em 26/01/22, em sua residência, nos braços de sua esposa, em Bom Despacho. A cidade de Bom Despacho, que o acolheu em 1975, quando desposou Jaine Amaral e, vindo de Nova Serrana, aqui viveu desde então. O casal teve 3 filhos, Débora, Flávio e Saulo, que lhes deram netos.

Nascido em 14 de março de 1948, aqui faleceu pertinho de completar 73 anos. Desse tempo de vida, 46 anos ele viveu em Bom Despacho, a sua segunda pátria, que ele amou e serviu com brilhantismo e dedicação por mais de 46 anos.

Orlando é hoje para os bom-despachenses um imortal sim, como escreveu o Renato Fragoso. Orlando foi o redentor da história de nosso município. Uma história baseada em ícones e lendas em que a luz da verdade da pesquisa histórica científica de um gênio da paleografia provou por seus estudos, por exemplo, que a cidade teve seu berço não na Praça da Matriz, mas lá nos píncaros da Cruz do Monte. Orlando reinventou e reescreveu com base nas verdades científicas, pesquisadas e confirmadas com talento, arte e dedicação incansável por esse gênio imortal que bons ventos trouxeram para habitar as terras da Senhora do Bom Despacho.

Instituto Histórico de Minas fez homenagem a Orlando

Creio que a publicação do Instituto histórico e Geográfico de Minas Gerais foi uma das páginas mais completas que falaram do Orlando, após seu falecimento. Porque ele é um dos mais íntimos amigos que tive, perdoem-me por tratá-lo só pelo primeiro nome. Foi a pedido meu que Orlando escreveu em janeiro de 2005, a mais completa obra de nossa terra natal: “Raízes de Bom Despacho.”

Pela importância dessa publicação e outras mais, repito, Orlando se tornou um imortal do panteão de nossa história.

Pesquisador nato, Orlando Ferreira de Freitas nasceu em Nova Serrana-MG. Dedicou-se muito à Genealogia do Centro-Oeste mineiro, resgatando a história de sua terra natal e de Bom Despacho, além das raízes das principais e mais antigas famílias povoadoras da vasta região de Pitangui, a Sétima Vila do Ouro de Minas Gerais.

Nos dizeres do também saudoso Dr. Guaracy de Castro Nogueira, Orlando Ferreira de Freitas nasceu “para grandes voos. Estudioso, dedicado, persistente, sempre buscando a verdade”. “Dono de memória privilegiada, habilidade inata para a paleografia, tornou-se consagrado genealogista e historiador de raça”. Durante décadas, “com muita seriedade e obstinação”, pesquisou em diversos arquivos, cartórios e cúrias. Firmando-se nas melhores fontes primárias, desvendou mistérios e desmistificou várias “lendas, mitos e fantasias” que distorciam o passado da região onde nasceu.

“Homem polivalente, bom administrador”, empresário, jornalista, ex-seminarista, desenhista, formado em desenho artístico e publicitário, atuou no movimento cooperativista. Gerente da Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho (COOPERBOM, 1983-1984), Presidente da CIPA-COOPERBOM, foi gerente e diretor comercial (1984-1991) da Cooperativa de Eletrificação Rural do Engenho do Ribeiro (CERER), além de sócio fundador e membro ativo do Conselho Fiscal da Cooperativa de Crédito Rural de Bom Despacho (CREDIBOM), sendo eleito, ainda, Diretor Secretário da Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural de Minas Gerais (FECOREMG).

Com amor à comunicação e grande facilidade de expressão, fundou os jornais “Correio de Nova Serrana” (pioneiro em sua terra), “Informativo da Cerer” e “Correio Cooperbom”.

“Legítimo descendente dos que plantaram a civilização dos povos pitanguienses”, do “belo trabalho genealógico“ e historiográfico de Orlando, destacam-se três importantes livros, o primeiro e o último em parceria com sua prima Maria Beatriz de Freitas Fonseca: “As Origens de Nova Serrana” (Nova Serrana, Gráfica Sidil, 2002, 254 páginas), “Raízes de Bom Despacho” (Bom Despacho, Edição do Autor, 232 páginas), “Genealogia e Histórias do Cercado de Pitangui (Nova Serrana)” (Nova Serrana, Edição dos Autores, 2013, 2 volumes, 1.210 páginas). Este, em capa dura, constitui magnífica obra genealógica. Reúne informações preciosas sobre cerca de 300 famílias que iniciaram o povoamento do Centro-Oeste mineiro, a exemplo dos Assunção, Alves Corgozinho, Alves de Carvalho, Amorim, Bahia da Rocha, Caetano da Fonseca, Correia de Lacerda, Ferreira do Amaral, Gontijo, Gomes Ferreira, Teixeira Bueno, Pinto Ferreira, Pinto Coelho, Pinto da Fonseca, Cardoso de Oliveira (descendentes do Padre Belchior Pinheiro de Oliveira), Novais da Cunha, além de mais de duas centenas de outros títulos.

Orlando Ferreira de Freitas era membro do Instituto Histórico de Pitangui, do Instituto Maria de Castro Nogueira (Itaúna-MG), da Ordem Rosacruz e da Academia Bom-Despachense de Letras (ABDL). Aos 73 anos de idade deixa esplêndida obra, digna de todos os aplausos, referência obrigatória para estudiosos.

Nossa solidariedade e nossos sentimentos à esposa, Jaine Amaral Freitas, aos filhos Flávio, Débora e Saulo, aos netos, demais familiares, amigos e todos os admiradores da pessoa e da obra desse grande homem, que tanto amou e valorizou a História e a Genealogia, especialmente do Centro-Oeste mineiro.

Belo Horizonte, 29 de janeiro de 2022.

Comissão Cultural Permanente de Genealogia do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais

FOTO: Lançamento em Bom Despacho do livro “O Cercado de Pitangui”, dia 28/5/2014. Na foto estão, da esquerda para a direita: o coordenador da Biblioteca Municipal, Ronan Nunes; secretária de Planejamento Maria de Fátima Rodrigues; o autor Orlando Ferreira; o prefeito Fernando Cabral e a co-autora, Maria Beatriz Freitas (Foto: Arquivo PMBD)

Tadeu Araújo

Tadeu Araújo Teixeira é professor, escritor, colunista e membro da ABDL

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