Papai Noel, eu fui um bom menino em 2021

O ano de 2021 foi bom para mim, no geral. Papai Noel me deu presentes durante o ano todo. Não posso reclamar! Obrigado, bom velhinho!

Enquanto o Brasil passava maus bocados com a pandemia, com muitas mortes e famílias perdendo parentes queridos, pai, mãe, filhos, minha família paulistana sobreviveu inteira ao covid-19. Felizmente. O medo de perder minha mãe, já na casa dos setenta e sete anos, ou meus irmãos, deficientes mentais e sempre muito frágeis, nos fez sofrer muito. Mas, todos sobreviveram.

Em 2021, enquanto milhões de brasileiros perdiam seus empregos, ou não conseguiam empregar-se, eu passei os doze meses com meu emprego na Admetricks. Esta empresa é um ponto fora da curva: tenho salário em dólar e a empresa preza por cuidar de seus funcionários. A cada aniversário do funcionário, natal ou festas importantes no chile, sede da empresa, recebo uma caixa de vinhos da melhor qualidade. Ao menor sinal de instabilidade emocional do funcionário, especialmente nestes tempos bicudos de reclusão e contatos só pela internet com os clientes, a equipe de RH já faz seu trabalho, dá uns dias de folga para a pessoa, conversa e monitora a saúde de todos. Quando me separei de minha namorada bom-despachense e pareci triste, meu chefe me ligava várias vezes por dia para saber se eu estava bem, se precisava descansar uns dias, se precisava de um psicólogo, que seria pago pela empresa, entre outros mimos.

Em 2021, meus times, o paulista e o mineiro, ganharam campeonatos. O Palmeiras ganhou o bicampeonato consecutivo da Libertadores da América o torneio mais importante do continente, tornando-se tricampeão no total, sendo a primeira vez que um time é campeão duas vezes do torneio no mesmo ano, fruto do calendário herdado da covid-19. Meu segundo time, o Galo, adotado da família da minha agora ex-namorada bom-despachense, foi campeão Brasileiro e da Copa do Brasil, os mais importantes torneios nacionais. Meus cunhados e minha ex-namorada bom-despachense viram seu time ser campeão do Brasileirão pela primeira vez em suas vidas, já que o primeiro e último título do Galo havia sido em 1971, ano no qual eles ainda não haviam nascido.

Em 2021, consegui pagar uma promessa a minha filha Isabella, mandando-a estudar nos Estados Unidos. Ela está fazendo o segundo grau lá, oficialmente matriculada em escola regular, com direito a diploma e tudo. O fato de ela ter ido já foi um presente de Papai Noel para ela e para mim. Tendo sido aprovada em todos os testes do governo americano, tendo sido escolhida por uma família norte-americana, por sorte do estado de Ohio, no qual minha filha torcia morar (não se pode escolher nem o tipo de família, nem o estado que o adolescente irá viver. É a regra do programa), os consulados dos Estados Unidos no Brasil estavam todos fechados por causa da pandemia. O embarque dela deveria ser na primeira semana de agosto e os consulados estavam fechados até julho. Tivemos de ir a Porto Alegre tentar o visto, já que apenas esta unidade, mais a de Recife, abriram em julho. Enfim, o visto saiu dez dias antes do embarque e, UFA, finalmente ela pode ir para seu sonho. Vive em um lugar de muita neve, muito frio em três quartos do ano. Torcia por isso, para ter essa experiência de um novo país e um clima diferente e conseguiu. Neste momento, está passando as curtas férias escolares de final de ano na Disney, outro sonho realizado. Para ela e para mim. Valeu, Noel!

Em 2021, cumpri minha promessa de arrumar um personal trainer de corrida para melhorar meu tempo e preparar-me para correr uma maratona. Por indicação de minha ex-namorada bom-despachense, Gean começou a me treinar. Consegui reduzir meu tempo em um minuto por quilômetro, um feito e tanto para alguém da minha idade, cinquenta e cinco anos.

Em 2021, continuei a ser vegano, tarefa árdua em um mundo no qual a maioria come carne, inclusive minha família paulistana. Sempre que digo a alguém que sou vegano, sinto um enorme orgulho, principalmente por não estar mais contribuindo com a matança de animais em ritmo industrial. Minha ex-namorada bom-despachense sempre me disse que os animais de pequenos produtores, como os de Bom Despacho, não são tão maltratados como os de grandes propriedades, e que eu poderia comer queijo sem peso na consciência. Porém, preferi manter a dieta vegana 100%, apesar de meu ex-cunhado jurar que eu comi um bolo de aniversário na festa de um ano de sua filha Elis. Não me recordo do fato, mas, se aconteceu, foi fruto do excesso de chopp que eu consumi no dia.

Em 2021, prometi a mim mesmo que leria alguns clássicos. Cumpri! Li de Dostoievski “Crime e Castigo”, “O Idiota”, “Os Irmãos Karamazov” e “Humilhados e Ofendidos”. Venci também as 1.500 páginas do segundo volume de “O Capital” do Karl Marx. Descobri, que ao contrário do que imaginava, Marx trata até da importância do marketing e da distribuição dos produtos para as empresas. Adoro quando cumpro as promessas de leitura, pois em um mundo com celular, TV a cabo e tantas atrações para o dia a dia, ler é um grande desafio para nossa concentração.

Em 2021, também cuidei do corpo. Fui à academia todos os dias. No começo do ano, quando estava em Bom Despacho, frequentei a Boa Forma praticamente de domingo a domingo, só não fazendo exercícios quando ela esteve fechada por conta da pandemia. De volta a São Paulo em julho, também fui aluno exemplar de segunda a sábado, já que minha academia paulistana não abre aos domingos.

Em 2021, não tive nenhum problema de saúde, nem uma gripe para contar história. Nenhuma dor no corpo, nenhuma dor de cabeça, nenhuma ressaca! Obrigado, Papai Noel, por isso, também.

Em 2021, voltei a jogar futebol na várzea paulistana, na Associação Atlética Anhanguera. Mais do que isso, ao reencontrar meu amigo Roberto, com o qual joguei há vinte anos, reencontrei muitos amigos do tempo que eu jogava futebol regularmente. Desde novembro, todos os domingos, às 6:00 horas da manhã já estou a caminho do campo. Que alegria! Que prazer em jogar e em rever meus velhos companheiros de várzea.

Papai Noel, apesar de todos estes presentes, gostaria que você me desse um último e mais importante de todos: uma morena bom-despachense, com seus 48 anos, cabelos longos e escuros, olhos castanhos, beleza incomparável, inteligência acima da média, um amor incalculável pelas corridas e pelas pedaladas, uma paixão por viajar, a bondade em pessoa. No dia 24 de dezembro, vou deixar a janela aberta e um vinho sobre a mesa para o senhor. Mas, não esqueça de me devolver a minha namorada bom-despachense! Tenho sofrido muito, bem velhinho, e acho que meu coração não vai resistir muito tempo. Obrigado, Papai Noel!

Bom Natal a todos os bom-despachenses! Que seus sonhos (e o meu) se realizem!

Alexandre Magalhães

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *