Com o pé e o coração na estrada
ROBERTA T. VILLELA – Para muitas pessoas, levantar e sair da zona de conforto para praticar uma atividade física é uma tarefa bem árdua. As desculpas são falta de tempo, preguiça, falta de motivação e por aí vai. Só quem realmente se propõe a fazer uma atividade física com regularidade descobre no corpo, na mente e na alma que ela é um santo remédio.
Poderia gastar toda a página enumerando seus benefícios: prevenção de doenças, fortalecimento muscular, inclusive o cardíaco, redução da pressão arterial, aumento dos níveis de HDL (colesterol bom) e diminuição dos níveis de LDL (colesterol ruim), melhora da circulação sanguínea, liberação de endorfina e por aí vai. Isso para falar da parte física.
Tem também a sensação de organização mental que muitas atividades nos proporcionam e, no caso dos esportes possíveis de serem praticados coletivamente, tem a doce e cheia de aprendizado socialização.
Não há regras pré determinadas. Não há esporte melhor que o outro. O importante é levantar da cadeira, da cama e do sofá e movimentar o corpo.
Bom Despacho, hoje, conta com grande apoio da Secretaria Municipal de Esportes, possui inúmeras academias, grupos de bike, de corrida, aulas de natação, de luta, de futebol, de tênis, pilates e yoga (que nem sei é considerada uma modalidade esportiva, mas também traz muitos benefícios).
O segredo é achar algo com o que se identifique e praticar com regularidade e, de preferência, com bons equipamentos, quando exigidos e com orientação profissional.
De uns anos pra ca descobri como a atividade física me faz bem, acalma minha mente, ajuda a elaborar meus sentimentos, alivia minhas tensões, controla minha muita ansiedade e mantém meu peso numa certa estabilidade, além de me proporcionar grandes experiências e trazer lindos e queridos amigos.
Nunca fui a mais veloz ou alguém que se destacasse nos esportes que pratiquei, mas sempre os pratiquei fiz com regularidade, fosse nadando com a Andreia, correndo com o pessoal da Correbom, pedalando com o pessoal da bike, treinando com o Lineker e o Toninho ou simplesmente calçando meu tênis e me preparando para uma simples caminhada.
No último domingo, 12 de dezembro, participei da 22ª Volta Internacional da Pampulha. Estava inscrita há um tempo, mas saindo de uma infecção meio brava, sem treinar e passando por um turbilhão de mudanças na vida pessoal, de início pensei: não vou!
Depois reconsiderei, já que havia mais quatro pessoas combinadas de ir comigo no carro. Só de Bom Despacho éramos 68 inscritos. Montamos um grande grupo antecipadamente para preparar a logística da prova, organizar formas de irmos e contar com o apoio da Correbom e da Prefeitura.
Levantei às duas horas da manhã, me preparei, peguei o pessoal que iria comigo e pus o pé, o tênis e o coração na estrada.
No carro, cheguei a pensar em participar da prova apenas como espectadora. Lá chegando, a festa armada, 10 mil participantes felizes em poder voltar a vivenciar provas coletivas depois de tanta espera por causa da pandemia, não resisti.
O espetáculo e a energia do evento acabaram me alcançando. Tinha de tudo: atletas profissionais, amadores, pais empurrando carrinho por todo o percurso de 18 quilômetros, pessoas com próteses em uma e às vezes nas duas pernas … Pensei: também consigo.
Respirei fundo, me hidratei, rezei e contei com o apoio e a parceria de uma grande amiga, a Renata Lago, com quem dividi todo o percurso. Corremos por 18 quilômetros, lentamente, no nosso ritmo, sem nos cobrar. Às vezes chorando por conseguir dar o próximo passo, às vezes gargalhando de algum engraçadinho que passava ao lado com uma piada pronta, às vezes nos emocionando com a batalha de quem estava ao nosso lado, mas por quase todo o caminho, simplesmente silenciosas, vivendo nosso processo de superação, introspecção e cura. Porque é isso que o esporte faz, ele, por muitos motivos, nos cura!
E é por isso que vale a pena pegar o tênis, ou as luvas, ou a toca, ou a bike e se aventurar a dar o primeiro passo para sair do ócio.
Bora tentar!