Mãe, maior expressão do amor

A sociedade adora um ranking, uma classificação. Fãs do esporte, como eu, esperam ansiosamente para, a cada quatro anos, acompanharem as Olimpíadas e descobrirem quem são os melhores em cada modalidade, quais os esportes que mais inovaram, quais os recordes quebrados. A imprensa divulga periodicamente rankings de instituições públicas, aqueles em que normalmente o Corpo de Bombeiros aparece em primeiro lugar e as casas legislativas em último. Temos ainda a cerimônia do Oscar, que estabelece anualmente os melhores do cinema mundial – ok, com um forte viés para Hollywood, mas que vem se democratizando com os anos. Há ainda os novos rankings das redes sociais, que medem o sucesso de uma pessoa pelas quantidades de seguidores, likes e compartilhamentos.

Imaginem agora se tivéssemos um ranking para medir quais as figuras humanas mais amadas. Seriam os namorados e namoradas, os cônjuges, os filhos, mães, pais, amigos, irmãos?… Acredito que as respostas seriam bem variadas, em função da história e da fase da vida de cada um. Mas e se invertêssemos a ordem dos fatores e perguntássemos qual o grupo humano que mais dá amor… Eu apostaria minhas fichas que as mães apareceriam na resposta da maioria! À primeira vista, é estranho pensar essa perspectiva e notar que não há exatamente uma reciprocidade. Mas quem disse que mãe ama para ter retribuição?…

Mãe é uma figura única nas nossas vidas, especial mesmo. Quando penso em Dona Rita, minha mãe, lembro de tantas histórias de amor e entrega que só fazem reforçar essa visão. Lembro do colo quentinho para tentar conter o choro assustado do aniversário de 1 ano, da preparação das roupas para as festas juninas e das bandeiras do Brasil para as copas, do famoso “irmão não briga, irmão tem que dar certo” quando tretava com Reinaldo ou Gisela. Há também situações corriqueiras, como fazer o curativo no joelho ou no dedão do pé quando voltava com ele ensanguentado da rua, ou passar o pente fino debaixo de sol para tirar piolho, preparar um delicioso frango caipira ou um lombo assado no almoço, fritar um biscoito de polvilho ou assar um pão de queijo fresquinho nas manhãs frias na roça. Isso sem falar na cobrança da “mãe-professora” para que seus filhos estudassem com dedicação e disciplina, porque “o estudo e a independência que ele traz são as heranças que temos para vocês”.

Quando a coisa ficava “mais séria”, ela também estava sempre por lá, para me acolher depois do fim de um namoro, para puxar minha orelha quando me deslumbrei demais com a vida acadêmica ou profissional e me esqueci da família, para orar pela saúde de meu filho recém-nascido na UTI, para me aconselhar e apoiar em todos os momentos mais críticos de minha vida. Momentos em que, inclusive, ela parecia saber que eu precisava de ajuda antes mesmo de me dar conta disso. São tantas, mas tantas demonstrações de amor, que é difícil enumerar.

Tive outras figuras maternas importantes em minha vida. Como não lembrar com carinho de Vó Meranda, aquela senhora que colocava a netaiada toda para dentro de casa nas férias e me recebia com um sorriso largo qualquer dia do ano que fosse. Lembro do sorriso, da doçura no olhar, do convite de sempre para um café, da cozinheira de mão cheia, da textura das mãos ao me abençoar. Mãe de 6 filhos, fazia de sua casa um retrato fidedigno daquela casa da mãe e da avó, realizando ali tantas celebrações em família, como as natalinas e os dias das mães e dos pais. Como faz falta a senhora para nos reunirmos mais, Dona Meranda!

Saindo ali do início da Avenida das Palmeiras para ir até a Praça Inconfidência, encontrava lá Vó Maria sentada em sua cadeira na varanda ou na entrada da sala de casa, assistindo a sua novela ou à missa na TV. Mãe de 13 filhos, 3 dos quais faleceram muito cedo, viveu toda uma vida como mãe, criando todos com retidão e união. Pregava com paixão a fé em Deus e a importância da família. Antes desta pandemia que ainda nos assombra, emocionava-me sempre ver meu pai e seus irmãos se reunirem para rezar o terço na casa de um deles – encontro semanal que espero vê-los retomar logo, e que é uma das marcas do forte laço familiar construído por Dona Maria. E, abrindo um parêntesis, falando em figura materna, não posso deixar de reconhecer a atuação de Tia Dorinha nesse papel. Apesar de irmã no papel, ela é muito mais do que isso há alguns anos. Alguns de seus irmãos e irmãs podiam inclusive passar a te dar um presentinho nesse segundo domingo de maio, hein, tia?…

Na sequência de minha vida pessoal, casei-me com Fabiana, com quem tive dois filhos maravilhosos. Nosso casamento terminou, mas a mãe e parceira na construção de um ambiente familiar de afeto e harmonia, ainda que em dois lares, esteve e está sempre presente! Casando-me novamente, encontrei outra mãe extraordinária, Raquel, que, além de cuidar com esmero de sua filha de nascença, tornou-se a “boadastra” de meus filhos – neologismo que eles adotaram por não considerarem justo chamar pessoa tão doce, acessível e carinhosa de “madastra”. Nesse rearranjo familiar moderno, a vida de nossos filhos é sim diferente da que idealizamos. Mas, se perdeu em alguns aspectos, ganhou em outros, e essas duas preciosas presenças maternas foram e são fundamentais para isso.

O mundo moderno, como todo organismo vivo, segue em constante mudança, mas algumas coisas seguem firmes, como o amor de mãe! Muito além dos aspectos gestacional e genético, a maternidade é um dom extraordinário e uma função essencial para sermos quem e o que somos. E, não tenho dúvida em afirmar, é a figura que melhor nos apresenta aquele amor romântico, incondicional e para sempre.

Vocês, mães, são um norte para sermos o melhor que temos de humanos! Nossos parabéns, nosso amor e nossa gratidão eterna!

PS: Dona Rita, claro, um beijo especial para a senhora! Amamos você dimais da conta!

Paulo Henrique Alves Araújo

Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

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