Babá é presa por agredir duas crianças

Uma babá foi presa pela Polícia Militar em Bom Despacho na tarde de quarta-feira (5/5), após ser filmada agredindo duas crianças pequenas que estavam sob seus cuidados enquanto os pais trabalhavam.

O caso aconteceu no bairro São José. As crianças – uma menina de 1 ano e 8 meses e a irmã, de 2 anos e 8 meses de idade – ficavam aos cuidados da babá SMRP, de 22 anos. O pai das crianças é policial militar e a mãe estuda e trabalha em Belo Horizonte.

Segundo os pais, nos últimos dias as meninas apresentavam comportamento estranho, inquietação e medo quando a babá chegava. A menor delas, que ainda não sabe se comunicar, chegava a desferir tapas contra o próprio rosto. Tentava mostrar aos pais o que estava acontecendo.

Diante da situação, o pai instalou uma câmera na residência que lhe permitia acompanhar as imagens pelo celular. Na terça-feira (4/5) a câmera registrou a babá puxando a menina com força pelo braço e a jogando num colchão. Mostrou também ela deitada no sofá mexendo no celular enquanto as crianças ficavam sozinhas. Nesse dia o pai não conseguiu gravar as imagens.

Na quarta-feira (5/5) o pai conseguiu gravar a ação da babá. As imagens mostram a cuidadora agredindo as crianças e dando até um tapa no rosto da caçula, que tem apenas 1 ano e 8 meses de idade. O vídeo foi postado em redes sociais. O site IBOM decidiu não publicar o vídeo porque ele contém cenas de angústia e constrangimento das crianças. Após registrar as agressões, os pais acionaram a Polícia Militar, que compareceu na residência. De acordo com a PM, a babá “acabou admitindo a prática de maus tratos contra as crianças, sendo presa em flagrante”.

Após ser presa, a babá foi conduzida para a Delegacia de Polícia Civil, junto com as crianças e os pais. Segundo o IBOM apurou, as meninas foram submetidas a exame de corpo de delito no posto médico legal da Delegacia. O legista constatou lesões corporais de natureza leve em ambas.

Diante das provas apresentadas, o delegado Rodrigo Noronha ratificou o flagrante e enquadrou o caso como Crime de Tortura previsto no art. 1°, II, da Lei 9455, que prevê prisão de até 8 anos em caso de condenação, com acréscimo de mais 1/3 em caso da vítima ser criança, como é o caso. Por isso, o delegado pediu que a prisão em flagrante seja convertida em prisão preventiva. Neste caso, a babá poderá ficar presa até o julgamento. “O comportamento da conduzida é odioso. Como garantidora (…) seria a responsável por cuidar das crianças, de forma exemplar e não por torturá-las”, registrou o delegado. Segundo Noronha disse ao IBOM, a prisão preventiva visa também evitar a “reiteração da conduta criminosa” pela autora.

Em vídeo, delegado Rodrigo Noronha fala sobre o caso

 

A babá passou a noite presa, com previsão de ser transferida para o presídio de Dores do Indaiá, onde ficam presas do sexo feminino na região, à disposição da Justiça.

O delegado Rodrigo Noronha ressaltou para o IBOM que os pais devem “sempre monitorar o comportamento dos filhos”, especialmente das crianças pequenas. “No caso, a criança de 1 ano e pouco tentou contar aos pais o que estava acontecendo dando tapas no próprio rosto, pois ainda não sabe falar”. Segundo o delegado, o episódio serve de alerta para que os pais “fiquem atentos a quaisquer sinais de mudança de comportamento dos filhos e jamais ignorem informações por eles trazidas, ainda que por meio de sinais ou gestos”.

 

Mãe das crianças fez desabafo emocionado

Em sua página no Instagram, a mãe das crianças agredidas, Anna Carolina, publicou uma mensagem de alerta. Com o título “Se você é pai ou mãe, por favor leia isso e não seja mais uma vítima”, ela faz um desabafo emocionado sobre o ocorrido com suas filhas. “Coração de mãe não falha, algo incomoda muito quando os filhos não estão bem ou algo muito grave está prestes a acontecer”, escreveu.

Anna Carolina conta que na segunda-feira (3/5) à tarde ela viajou para Belo Horizonte, onde daria plantão numa maternidade em que trabalha. Antes de sair, Anna Carolina fez a filha mais velha dormir e depois foi até a caçula. “Coloquei a bênção (…), disse que a amava muito e que não demorava”.

Na Rodoviária, ao despedir-se do marido, pediu-lhe: “Por favor, pelo amor de Deus, cuida muito bem dessas meninas”. Segundo Anna, “algo estava mais estranho do que o normal”.

À noite, o marido pediu uma câmera emprestada ao irmão e instalou em casa. “O instinto de pai também não falhou”, escreveu Anna.

No desabafo, ela relata o pânico demonstrado pela filha ou ouvir a babá chegando. “Ela sempre corre para os nossos braços com um desespero que nunca tínhamos presenciado”. Segundo Anna, a criança “vem mostrando comportamento que não ensinamos em casa: ela fica dando tapas no próprio rostinho dela”.

E continua: “essa mensagem serve de alerta para tantos pais que precisam deixar os seus filhos com alguém para garantir um futuro digno e melhor para os seus”.

Anna Carolina diz que ela e o marido estão tomando “todas as medidas que precisam ser feitas para que essa pessoa não cometa em outras famílias os danos irreparáveis e destrutivos que cometeu na minha vida, do meu esposo e principalmente nas milhas filhas”.

Termina dizendo: “Tenhamos fé que essa dor um dia seja mais leve, mas amena e menos dolorida. E que Deus nos dê forças para voltar a acreditar que ainda é possível ver compaixão de uns pelos outros”.

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