Natal em tempos de pandemia
O Covid-19 não veio como castigo nem dos céus nem do inferno. Talvez seja mais fruto das mãos do próprio ser humano na sua sanha de destruir o meio ambiente. Mas o Covid-19 está aí para derrubar a economia e ceifar vidas humanas.
Não é pior que a Negra Peste da Idade Média, que matou um terço da humanidade de então. Nem do que a Gripe Espanhola de 1918, que custou a vida de cerca de 100 milhões de pessoas. Nestas duas pandemias faltavam conhecimentos científicos e medicamentos com os quais minimizar-se-ia uma tragédia humanitária maior que esta do século XXI.
Século do esplendor da medicina, que ainda encontra gente do povo e altas autoridades da filosofia do negacionismo, que se pautam pelas ignorâncias irracionais de outrora e abrem caminho para que o seu povo possa cair nas garras da “peste” como no Brasil e nos Estados Unidos.
Mas apesar desta ignorância “supimpa e dolorosa”, existe gente que luta contra essa tragédia com máscaras e isolamento social e recusa-se a usar drogas mágicas que são apresentadas como curas para esta praga moderna e universal. Praga que há de passar, graças às pesquisas de infectologistas, médicos e cientistas no confronto das benditas e anunciadas vacinas.
Mas no meio dessa tragédia toda, chegou dezembro de 2020, o ano das trevas, e se anuncia o brilho da luz da noite de natal. Porque, no dia 25, Jesus nasceu, e com o nascimento do Menino, “o mundo tornou a começar.”
Vejam a genialidade do pensamento do extraordinário escritor mineiro João Guimarães Rosa. Sim, o mundo tornou a começar. Há 2020 anos o mundo era um mundo da desigualdade, da escravidão, do autoritarismo dos soberanos e das nobrezas absolutistas, que viviam como nababos à custa da miséria quase total da população. Vivia-se do império do medo de um Deus castigador do Antigo Testamento e de outras religiões de ídolos similares.
Mas “um menino nasceu e o mundo tornou a começar.” Ele veio para pregar a paz e o perdão. A igualdade e o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.
Desde então, não há como negar: apesar dos trancos e barrancos, das imperfeições e egoísmo da humanidade, o mundo mudou para melhor com os ensinamentos e doutrinas de Jesus de Nazaré, o maior dos filósofos e dos humanistas de todos os tempos.
A noite em que Ele nasceu, faz mais de 20 séculos, sempre foi comemorada entre os cristãos como a noite do encontro da paz, da harmonia do amor entre os humanos. Um dia de abraços e beijos, de reencontros, de reunião das famílias no recôndito dos lares. Bisavós e avós, pais e mães, irmãos, crianças, jovens e adultos, familiares se tocam, se desejam boas festas,
Esquecem-se de antigas “quizilas” para uma noite de alegria e confraternização.
O Natal é uma festa de todos e para todos. O borbulhar da aproximação, de afetos, abraços, a troca de presentes, os faustos banquetes ou infelizmente só uma comidinha melhor nas famílias pobres. Os vinhos tornam as pessoas mais afáveis e mais imbuídas do espírito natalino. As missas próprias da data, as orações, os cultos religiosos de diversos credos elevam o homem e o fazem sentir-se mais perto de Deus.
E o Natal, em tempos de Covid-19, que é o tema desta crônica de hoje, do natal de 2020? Volto ao assunto já. Nessa época do afastamento. Da proibição de abraços carinhosos nos amigos e entre os membros das famílias, no meio das quais alguns moram longe e vieram ao berço natal dar e receber afeto como há pouco fazia-se naturalmente, jubilosamente sem medo de pegar os vírus do mal.
Diz um poeta que a gente ama uns aos outros é com o corpo. Com a alma nós amamos a Deus.
Mas nesse natal, os filhos que estão perto ou que estão longe, o amor dos beijos, dos colos, dos abraços apertados, de corpos que se tocam, de Feliz Natal e Boas Festas, essa manifestação de amor não é recomendável… por amor …. pela prudência de não transmitir ou adquirir a pandemia.
É aconselhável não acreditar nos que dizem que a Covid-19 é “uma gripezinha” e quem tem medo dela é um maricas. Não creia nisso, quem vai nessa é um babaca. Não seguir os que apregoam que você não precisa de usar máscaras, eles são os negacionistas das conquistas cientificas e medicinais, negacionistas da ciência e racionalidade e filhos da ignorância “supimpa e dolorosa”.
Para festejar o natal não use seu corpo. Use seu olhar doce e atraente. Suas palavras amorosas e tocantes. Sua alma profunda e sincera. Deixe seu físico preservar-se sadio e são. Sua vida e a do próximo fluir com plenitude e sem riscos.
Para finalizar, eis nossa mensagem de fim de ano, deste colunista e de toda a direção e companheiros do Jornal de Negócios, há mais de 30 natais servindo Bom Despacho e sua gente amiga e generosa:
Seja feliz e deixe que seu próximo também o seja, esperando por outros natais mais serenos e livres de isolamentos, infelicidades e distâncias.
Ainda assim, desejamos-lhe um venturoso natal e votos de Boas Festas e um 2021 mais tranquilo, mais próspero e mais afetuoso. Que esse 2020 de tristes lembranças, que está indo, embora leve consigo todas as suas mazelas e todas as suas pandemias. Deus certamente o permitirá!