Encontros quebram o amargor da solidão
AELSON ZUCA LOBATO – Outro dia fui abordado por um amigo que me deu uma sugestão: Zuca, você já pensou em escrever uma crônica abordando vários grupos de “papos-soltos” da nossa cidade?
Chegando em casa perguntei à Maria Angélica o que ela achava da sugestão do amigo. Ela achou interessante e até sugeriu o título da crônica: “Encontros”!
Bom Despacho tem uma tradição de grupos que se reúnem para “papos-soltos”. Os encontros são frequentes em praças de bairros e praças centrais. Na Praça da Matriz eu me lembro de um que se reunia em um banco em frente ao Xuá. Todos os seus frequentadores já se foram: Buduca, Dr. Orlando, Zé Grandeza, Luiz Couto, Bertinho e outros. Só o Buduca de militar reformado.
Já na Praça da Estação o grupo por nome de “Bom Dia Brasil” era formado só por militares reformados. Quem abria a “sessão” era o tenente Dão. O simpático Dão Preto, figura muito estimada no meio militar e civil. Em várias ocasiões de encontros desse grupo o número de presentes alcançava 15 pessoas. Frequentei o local várias vezes. Ouvi muitas histórias do 7° Batalhão. Todos os participantes tinham pequenos casos da corporação para contar. Alguns “contados à boca pequena”. Afinal, o 7° BPM marcou e continua marcando a história de Bom Despacho em atividades diversas.
Este ano conheci um grupo que se reúne na Praça da Matriz. Todos os seus membros são conhecidos. Muitos, amigos de muitos anos. A maioria é formada de pessoas que já passaram dos setenta. De vez em quando frequento o local que fica em frente ao ponto de táxi de Chiquinho. O nome do local, ou seja, os nomes do local, vou deixar apenas as iniciais: PM, SM, PF. Tem mais, mas vou ficar apenas com estas três siglas. Veja mais conteúdos sobre Bom Despacho e região seguindo @jornaldenegocios.
Já participei de vários papos dessa turma. Às vezes alguém sai pisando duro, nervoso e com raiva depois de uma discussão. Mas no outro dia já chega alegre, sem raiva, como se nada tivesse acontecido no dia anterior. Muitos desse grupo são frequentadores diários do local. Entre eles estão os irmãos Menezes Oranício e Dão, Lalado, Camargo, Chiquinho, Luiz, Valdirão, Somé, Júlio, dois Mozares, o Foschete e o Marques. Tem até frequência feminina, a Efigênia.
Os encontros da maioria dos grupos sempre deixam as marcas da importância de ouvir democraticamente. Surgem junto às gozações, debates, muitas risadas, controvérsias, solidariedade e liberdade de palavras.
E a grande verdade é que esses encontros reaproximam e quebram o amargor que costuma nascer da solidão. Frustração e amargura surgem quando nossa alma não é escutada. Sem entusiasmo a vida é empobrecida.
Viva a alegria dos grupos! (iBOM / Aelson Zuca Lobato é advogado, ex-vereador e professor aposentado / Imagem: iBOM via IA).