Infância e as histórias de avô

 

AELSON ZUCA LOBATO – Quando eu era criança ouvi uma história de meu avô materno que chegou e brotou fortemente no terreno fértil de minha memória infantil. O centro da história abordava uma árvore que chorava. Os pingos do choro mostraram a força das palavras que nascem na infância. Passei a ver em qualquer árvore um enorme guarda-chuva nos oferecendo uma sombra amiga. Uma jornada de descanso.

Lembro-me também que ao iniciar meu curso ginasial, a dona Isa, esposa do Dr. Juca, trouxe de São João Del Rei uma equipe de psicólogos para realizar testes vocacionais. Dois dados curiosos foram observados pelos psicólogos: o espírito alegre, criativo e artístico das crianças, bem como pequenas rugas em volta dos olhos delas. O espírito criativo e artístico foi justificado que estava ligado ao aspecto geográfico da cidade, ou seja, o município está localizado sem nenhuma barreira para os olhos, o que não acontece com muitas cidades mineiras cercadas por montanhas. Já as rugas foram debitadas às pouquíssimas árvores de nossa cidade.

As histórias do meu avô voltaram a aparecer. Nossas ruas sem árvores obrigavam as pessoas, principalmente as crianças, a andarem com os olhos quase fechados. Daí as pequenas rugas. Depois dessas curiosas conclusões as autoridades começaram a abrir os olhos para a necessidade da arborização da cidade. Siga @jornaldenegocios e veja mais conteúdos.

Estou escrevendo tudo isso para mostrar, mais uma vez, a força das palavras que vem da infância.

Outro dia uma pessoa amiga me abordou fazendo a seguinte pergunta: Zuca, é verdade que você planta uma árvore no seu quintal toda vez que nasce um parente seu? Respondi: quando fui secretário de Meio Ambiente plantamos mais de mil árvores. Já no meu quintal eu planto só quando nasce um neto. Todas frutíferas. Já são oito: abil, grumixama, jabuticaba, fruta do conde, tâmara, camu-camu, pitomba e achachairu. Esta é boliviana. Já tem árvore de 22 anos.

Meus netos adoram suas árvores de forma tão carinhosa que me faz voltar ao estilo envolvente das histórias do meu avô. Todos os dias após meu desjejum dou um giro pelo quintal entre as árvores dos meus netos. Esta volta pelo quintal é um encontro com meus netos.
É muito bom sentir o prazer de nascer e o crescer de uma árvore. Sábado passado voltei a sentir um prazer quando ouvi de uma pessoa uma colocação gratificante. Estava na feira da Praça da Estação. Ele disse: se não fossem as sombras dessas palmeiras e oitis a feira já tinha acabado.

Encerro minhas palavras ouvindo uma notícia: a nossa TV aberta será interativa, uma programação personalizada e de graça. É a TV 3.0. Estreia em 2026. Mais um momento para uma grande arborização. (iBOM / Aelson Zuca Lobato é advogado, ex-vereador e professor aposentado).

 

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