Eleições mostraram as insatisfações em Bom Despacho

As eleições municipais transcorreram com relativa tranquilidade no último domingo. A cidade permaneceu serena ao longo de todo o dia e assim continuou por um bom período depois do encerramento da votação às 17 horas. De acordo com a Justiça Eleitoral, uma mudança na forma de apuração e divulgação dos resultados das eleições, concentrando em Brasília o que antes era dividido entre os Tribunais Regionais Eleitorais, nos estados, gerou uma sobrecarga que, aliada a um problema técnico em um supercomputador (super?), levou a um atraso de pelo menos 4 horas nas apurações em todo o Brasil. Em Bom Despacho, o resultado oficial só saiu depois das 22 horas. Inovações sempre vêm acompanhadas de algum risco.

Mas voltando a nossas eleições, gostaria de falar um pouco de um sentimento percebido nos votos. Primeiro, tivemos a reeleição do Doutor Bertolino como prefeito. Ou eleição, uma vez que ele não fora eleito prefeito no pleito anterior, assumiu apenas no primeiro semestre deste ano e foi eleito com margem de pouco mais de 600 votos (ou 2,5% dos votos válidos). Além disso, na Câmara Municipal, tivemos a reeleição de apenas 1 vereador. Novamente, uma vez que o mesmo ocorreu nas últimas eleições municipais em 2016.

Na eleição para prefeito, apesar de perceber um forte apoio à candidata Joice Quirino em vários grupos, confesso que esperava uma vitória menos apertada ao Doutor Bertolino. Nascido na cidade (critério que sim, parece fazer diferença para o bom-despachense – pelo menos é citado por muitos), conhecido e respeitado como médico e empreendedor de sucesso, acreditava eu (e muitos amigos) que Bertinho seria eleito. Além disso, tendo herdado a prefeitura do município há pouco tempo e realizado muitas obras nesse intervalo, acreditávamos que ele teria elevada aprovação dos bom-despachenses. Claro que as obras tiveram importante contribuição do antecessor, Fernando Cabral, por ter deixado dinheiro em caixa, mas Doutor Bertolino foi quem viabilizou a execução de tudo em prazo exíguo. E ele ainda teve uma pandemia para cuidar, dando sequência a números menos trágicos no município do que em todos nossos vizinhos. Ele e Juliana, sua vice, apresentaram ainda uma boa pauta de propostas para o futuro governo, realista, factível e com potencial para nos trazer o tão desejado desenvolvimento econômico.

Enfim, parecia-me bastante favorável o cenário. Mas não foi o que se observou nas urnas. Joice Quirino teve expressiva votação e mostrou que algo mais precisa ser mudado na atual administração que ganhou mais 4 anos dos cidadãos de Bom Despacho. Sugiro que Doutor Bertolino use o tempo que ainda temos até dezembro para ouvir os demais candidatos e, se possível, alguns de seus apoiadores, para buscar boas propostas para incorporar ao seu plano de governo. Isso pode fortalecê-lo e atender melhor à nossa população. Fica a sugestão.

Na Câmara de Vereadores, além da mudança de nomes, pareceu-me haver uma nova mudança de perfis. Enquanto, na eleição de 2016, Bom Despacho escolheu pessoas com níveis mais altos de formação, nesta me pareceu que buscamos por pessoas que estão mais próximas do nosso dia a dia, das nossas dores, e que atendem melhor às necessidades imediatas do cidadão bom-despachense. Pareceu-me que Bom Despacho apostou em “acadêmicos” em 2016 e não gostou dos resultados. Agora, quer pessoas que lhes entreguem resultados mais palpáveis, imediatos, de preferência que já fizeram ou façam isso no dia a dia. Faz sentido, houve uma frustração, a mudança é natural e até saudável.

Pareceu-me transparecer nesta eleição um sentimento de frustração com a política local. O prefeito foi reeleito por pequena margem e a Câmara de Vereadores mudou quase que por completo, repetindo 2016. Os eleitos devem ficar atentos a esses sinais. Para o bem de Bom Despacho, é importante aprender, identificar o que precisa ser aperfeiçoado e agir. Na Câmara, se forem pessoas diferentes agindo como antes, será mais do mesmo. Na prefeitura, é preciso entender o que falta para o trabalho “encantar” o bom-despachense. Vamos ver que resultados colheremos a partir de 2021.

Paulo Henrique Alves Araújo

Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

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