Azares e tragédias do mês de agosto

AELSON ZUCA LOBATO – Julho terminou. Com ele as últimas festas “juninas”. Vem chegando agosto. Na minha infância ouvia muitas histórias colocando o agosto como responsável por muitos azares e tragédias. Quando Getúlio se suicidou a culpa caiu no mês de agosto … as boas coisas que aconteciam no mês eram abafadas pelo azar.

Casamento no mês de agosto era coisa raríssima. O último que me lembro foi de um professor. Viveu junto até o final da vida. Casadinho.

Já quando eu fazia o ginasial na Escola Estadual Miguel Gontijo, os professores de Português gostavam de pedir redações aproveitando o dia dos pais e a festa do Reinado. Tudo no mês de agosto. A verdade é que cada mês do ano vem cheia de significados, oportunidades de festejos populares e comemorações religiosas e outros eventos.

Oportunidades que oferecem momentos para reflexão, que mostram a importância de ver olhares e atuações diversificadas. Comportamentos que precisam ser revistos e reiniciados.

Outro dia, revendo uma crônica de Drummond, publicada no dia 15/7/64, intitulada “Festival”, encontrei uma frase curiosa do grande poeta: “Já notei que o prazer de beber cerveja começa pelo prazer de vê-la sair da garrafa. Não salta escandalosa como a champanha, nem apenas funcional como vinho tinto; possui estilo próprio e diverte os olhos com sua espuma que pode ser regulada conforme o capricho de quem a verte no copo”.

Estou citando a cerveja porque outro dia tive o prazer de participar de um encontro que tinha como objetivo apagar os “azares” do “agosto” politico. Encontro de amigos que tiveram um certo momento de distanciamento por causa de “divergências” políticas. O encontro mostrou que podemos ser diferentes como os meses do ano, mas podemos manter a importância de cada particularidade.

A verdade é que o encontro enterrou os pequenos conflitos e divergências, valorizou a carga de amizade e reaproximou todos os participantes. E tudo foi comemorado com o prazer do abrir da “garrafa” da amizade. Deixamos o local marcando para agosto, mês dos pais e do Reinado, um novo encontro com o prazer de outra “garrafa”, com todos os diferentes prazeres.

O chamado “fazer as pazes” é como a “adolescência, espalha-se e comunica-se como um perfume”. (iBOM / Aelson Zuca Lobato é advogado, ex-vereador e professor aposentado).

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