Mundinho foi um homem à frente do seu tempo
ALEXANDRE BORGES – Falecido em 12 de maio último, aos 94 anos de idade, o empresário e produtor rural Raimundo Nonato de Oliveira, o Mundinho, marcou a história de Bom Despacho/MG.
Empresário bem sucedido, começou a trabalhar com apenas 14 anos de idade e depois empreendeu em diversos negócios. Alegre, irreverente e bem humorado, Mundinho era exímio contador de causos. Visionário e empreendedor, teve participação ativa em instituições da cidade e também como voluntário em causas sociais.
Raimundo Nonato de Oliveira nasceu em 28.09.1930, na rua da Garça, em Bom Despacho. Foi criado numa fazenda no local chamado Pouso Alto, onde ajudava a cuidar do gado. Depois foi para a Lagoa Verde para estudar. Aos 13 anos mudou-se para Bom Despacho buscando completar os estudos no Coronel Praxedes.
Aos 14 anos, já emancipado, o jovem Mundinho conseguiu seu primeiro emprego na antiga Casa Pedrinho, do seu tio Pedro Araújo de Oliveira, na Praça Inconfidência. Com 16 anos acabou voltando à roça para trabalhar na fazenda Picão. Em 1949, de volta à cidade, fez o Tiro de Guerra. Depois, em sociedade com um primo, montou seu primeiro negócio na esquina da Avenida das Palmeiras com a avenida Rio Branco, em Bom Despacho.
Tempos depois comprou a parte do sócio e foi expandindo os negócios. Trabalhou com armazém, bar, açougue e transportes. Em 1961 decidiu entrar no ramo de material para construção, onde ficou até se aposentar e deixar o negócio para os filhos.
Futebol era sua grande paixão. Jogou no antigo time do Rosarense Futebol Clube, junto com nomes conhecidos na cidade como Geraldo Goleiro, Buru, Nelson de Barros, Arlindo, Nô Alexandre, Guará, Baêta, Sô Pedro, Nestor e Zé Vicente. O técnico era José Calais.
Família e política
Em 6 de junho de 1955 Mundinho casou-se com Dora Mesquita de Oliveira. O casal teve cinco filhos: Marilene, Eliana, Fernando, Eneida e José Márcio. Ao longo da sua vida dedicou-se a muitas instituições da cidade, como Lions Clube, Cooperbom, Credibom e Santa Casa, além de ajudar em causas e ações assistenciais. Foi também um dos fundadores do Ipê Campestre Clube.
Bem humorado e de riso fácil, Mundinho estava sempre de bem com a vida. Era um homem à frente do seu tempo. Por sua história e por ser muito conhecido em Bom Despacho, foi procurado diversas vezes por lideranças políticas que sonhavam em vê-lo candidato a prefeito ou a vereador.
Em 1992, entrevistado pelo Jornal da Cidade – publicado na época pelo Jornal de Negócios -, sobre possível candidatura a prefeito de Bom Despacho, Mundinho disse ao jornal não concordar “com o jogo de interesses, a corrupção e os métodos de sedução (…) quase sempre utilizados no meio político”. Nunca aceitou ser candidato.
Último vídeo
No dia 04/12/2024, na sala da sua casa, na Avenida 1° de Junho, em Bom Despacho, Mundinho gravou um pequeno vídeo contando um caso para o Jornal de Negócios. O objetivo era preparar a participação dele no PodBom Podcast, onde contaria seus “causos” ao vivo. Infelizmente, foi o último vídeo gravado com Mundinho. Devido ao seu quadro de saúde, ele não teve como participar do podcast.
No vídeo gravado para o Jornal, Mundinho conta o “causo” da brincadeira que fez no Bar do Guaxo dizendo que o Padre Jayme Lopes Cançado lhe teria ficado devendo uma fêmea de canarinho. Memórias de uma Bom Despacho de outros tempos, rica em personagens que deixaram saudade. Assista ao vídeo clicando AQUI.
Fica este último vídeo como uma lembrança da alegria e das boas memórias deixadas por Raimundo Nonato de Oliveira, o Mundinho.
NOTA DO EDITOR – Este texto contém informações extraídas do livro “Meu Pequeno Mundo”, editado por sua esposa Dora Mesquita em Setembro 2000, quando Mundinho completou 70 anos de idade. (Portal iBOM / Vídeo: iBOM).