Noite mágica sob a lona de um circo
Rico de satisfação por ter vivenciado um espetáculo em uma cidade que carece de opções de lazer como teatro, cinema, shopping center (por que não?) e, claro, um bom circo.
VANDER ANDRÉ ARAÚJO – “Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor!” assim cantava Teixeirinha, e seguimos repetindo esse verso agora que Bom Despacho se enche de alegria com a chegada de um circo. É como se estivesse oficialmente aberta a temporada da felicidade, com o palhaço nos convidando, entusiasmado, para esquecermos os problemas da vida, mesmo que apenas por algumas horas.
“Meia-entrada para todos!”, anunciam os outdoors espalhados pela avenida em determinados dias. Irresistível. E torcemos para que, em outros momentos, a entrada seja gratuita para todas as crianças, mesmo que sujeita à lotação. Os preços, convenhamos, não são os mais acessíveis, são um tanto “salgados”, como a pipoca, para boa parte da população. Mas, sejamos justos: vale cada centavo investido nessas quase duas horas sob a lona. Ao sair, podemos tiras as nossas fotos para rede social (ou não) e exclamar com alegria: “Estou rico!” Rico de satisfação por ter vivenciado um espetáculo em uma cidade que carece de opções de lazer como teatro, cinema, shopping center (por que não?) e, claro, um bom circo.
E assim eu fiz. No sábado 19/4) fui à sessão das 17h30, acompanhado da minha família. O ambiente é acolhedor, com totens automatizados para compra de ingressos e uma antessala com bebidas, churros, pipoca, balões e brinquedos irresistíveis para as crianças. Logo somos conduzidos aos nossos lugares e, sim, ali também há hierarquia: existe até área VIP (acredite!). O anúncio das normas de segurança e a apresentação são feitas também em inglês. Sim, o circo que chegou a Bom Despacho é internacional e tem até bandeira portuguesa!
O show começa pontualmente. A iluminação é caprichada e há uma banda ao vivo que embala cada momento com a trilha sonora mais comovente possível, principalmente nos instantes de tensão durante os arriscadíssimos números.
O palhaço, provocado pelo animador de plateia, brinca com os gentílicos dos estados brasileiros, até ser provocado: “E quem nasce em Bom Despacho é o quê?” “Gente boa demais!”, respondeu, se esquecendo do uai. Afinal, ele não queria sair dali debaixo de vaias… ou coisa pior.
Das manifestações artísticas, o circo é uma das mais completas: une teatro, performance e destreza física. Com milhares de anos de história (dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos) ganhou corpo durante o Império Romano com corridas de carruagens, lutas de gladiadores e demonstrações de habilidades incomuns no Coliseu. Já o circo moderno, com picadeiro circular e atrações como as que assistimos hoje, surgiu na Inglaterra no século XVIII. No Brasil, o circo ganhou força a partir do século XIX, com forte influência dos ciganos que fugiram das perseguições na Europa e chegaram inclusive na nossa cidade, conforme relatos dos nossos antepassados.
Permitam-me dar alguns spoilers sobre o circo montado ali ao lado do Fidelis, com a certeza de que isso apenas vai aguçar o interesse dos leitores: há apresentações musicais com danças sincronizadas, uma mágica surpreendente que nos faz reviver aquele espanto infantil com o ilusionismo: “Como isso é possível?”. Tem o homem-bala, que sai voando de um canhão como nos desenhos animados, indo parar em uma rede acima de nossas cabeças incrédulas. O arqueiro testa sua pontaria com tiros e flechas certeiras — ou quase. Mas o momento de maior suspense vem com o barulho das motocicletas no Globo da Morte: quatro pilotos girando em alta velocidade, deixando todos na ponta da cadeira, espantados com sua destreza! Malabaristas impecáveis e uma acrobata no céu arrancam um uníssono “uauuu!” da plateia.
Bom, paro por aqui, ou vão dizer que estou fazendo muita propaganda. Pode até ser. Mas o que quero mesmo é exaltar a riqueza dessa arte “de fora” que chegou até nós. E, claro, lembrar também do trabalho maravilhoso da palhaça bom-despachense Beringela, que animou a festa das crianças (e também dos adultos que lotaram o Mineirão), durante a Feira Literária na Praça da Matriz.
Que a arte e a diversão continuem enriquecendo nossa cidade, despertando sorrisos que nos identificam como cidadãos-sorriso, nos lembrando da beleza do encontro coletivo. Como cantam os Titãs, que não nos falte o pão — porque, pelo que percebi, estamos todos famintos de cultura e de alegria em Bom Despacho.
E que, como os artistas cantaram na música ao final do espetáculo, Tempos Modernos do Lulu Santos, sigamos também acreditando que “eu vejo a vida melhor no futuro”. Porque, depois de uma noite mágica sob a lona de um circo, é impossível não imaginar um amanhã mais leve, mais justo e mais feliz para todos. (Portal iBOM / Vander André Araújo / Foto do alto publicada pelo Circo Estoril).
Gente e incrível saber como algo tão especial,faz tão diferença em nossa cidade,eu ainda não fui vê de pertinho o quanto e lindo de se vê cada um daquele circo da o seu melhor,mais a certeza de que cada um que passou por ali,viu o quanto e maravilhoso e lindo cada espetáculo, parabéns pelas belas palavras e parabéns a todos do circo
Estoril.