Nas redes sociais quem mente e calunia não descansa

FERNANDO CABRAL – Em 2020 temos assistido a uma escalada da violência contra candidatos. Segundo matéria publicada no G1, nos últimos quatro anos foram registrados 327 casos atos violentos contra políticos. Destes, 125 foram homicídios (https://tinyurl.com/viol-g1). Alguns bem perto de nós, como o assassinato do candidato a vereador Cássio Remis, em Patrocínio. Com demasiada frequência nestes os ataques são premeditados e não dão chance de defesa à vítima. Qual a causa do ressurgimento desta violência que deveria estar enterrada num distante passado?

Na segunda-feira (26/10) virei mais um número nas estatísticas da violência política. Fui atacado de surpresa, com um murro nas costas.

Eram sete horas da noite. Eu voltava para casa carregando sacolas de supermercado. Um fim de dia normal.

No entanto, os vídeos das câmaras de segurança da Praça da Matriz e da Rua Dr. José Gonçalves mostram que havia algo diferente acontecendo. Uma pessoa me seguia se esgueirando entre os transeuntes. Quando eu passava pela esquina da Rua Gersino Antunes, o agressor colocou no chão o seu celular e sua carteira, me alcançou e me desferiu um violento soco nas costas.

Cai para a frente. Quando comecei a me levantar, a pessoa tentou socar o meu rosto. Apanhado de surpresa, eu me defendi como pude. Mas um dos socos amassou a armação dos meus óculos e quebrou uma das lentes.

O golpe foi particularmente doloroso porque minha espinha está inflamada por causa da espondilite que me atacou no final do ano passado. Hoje, cinco dias depois, ainda dói.

De onde saiu esta violência gratuita e covarde?

Não conheço a pessoa. Nunca tive atrito com ela. Nunca a provoquei e nunca lhe dei motivo para um ataque traiçoeiro e violento como este. Mais violento ainda quando se constata que eu tenho quase 70 anos e o agressor tem 34.

A pergunta que eu me faço e muitos me fazem é “por quê esta violência?”

Não tenho resposta.

Não temos respostas certas para atos inopinados como o assassinato de John Lennon ou o esfaqueamento de Jair Bolsonaro, quando candidato a Presidente da República. Terrorismo? Loucura? Paixão?

Talvez um pouco de cada. Talvez tudo ao mesmo tempo. Mas ao menos um dos motivos eu tenho por certo: é a violência com que a campanha política está sendo desenvolvida em Bom Despacho este ano.

Nas redes sociais mentirosos e caluniadores não descansam. Dia e noite mentem, insultam, insuflam o ódio. Não têm medo de punição.

 

Paixão?

Algumas pessoas tentam explicar esta violência como consequência da paixão política. Mas será que a paixão por um candidato ou por uma causa justifica ódio e violência? Não acredito e não aceito esta explicação. A paixão nos faz defender com veemência aquilo em que acreditamos. Mas ser veemente é argumentar com arrebatamento e convicção, não é semear violência e cultivar ódio.

Na política a paixão deve ser usada para defender as propostas dos candidatos, não para incitar ao crime.

Mas, infelizmente, não é esta paixão saudável que temos visto. Em vez dela, vemos pessoas que estão tentando envenenar o eleitor com ódio.

Seguem alguns exemplos disto.

 

Mentiras

Mentiras, boatos, ou fake news – não importa como os chamemos – tornaram-se o feijão com arroz das redes sociais. E o mentiroso não tem medo de ser desmascarado. Um exemplo vem de pessoa chamada Acir Parreiras, bem conhecida na praça. Depois de mentir que fui o prefeito caro para os cofres públicos ele completou mentindo mais ainda:

Sem contar que o que era pago pelo Tribunal de Contas vinha descontado no FPM de Bom Despacho. Um prefeito que custou aos cofres públicos em torno de 60 mil por mês. E se ganhar pra vereador, vai ser do mesmo jeito.

Quando fui prefeito não custei nada a Bom Despacho. Recebi meu salário do Governo Federal. Valor que nem no meu mais alucinado sonho chega próximo da metade do número inventado por Acir Parreiras. Mas, como se a mentira do valor não bastasse, o mentiroso acrescenta que todo o mês o Tribunal de Contas desconta o valor que me paga no FPM de Bom Despacho.

É muita ousadia desta pessoa embutir tantas mentiras em apenas duas frases.

Mas mentiras como estas inventadas por Acir Parreiras não são inocentes. Elas têm o objetivo de irritar o cidadão que não está satisfeito com os políticos que roubam. Eles existem e não são poucos. Aqui em Bom Despacho mesmo, tem políticos ladrões bem conhecidos.

 

Argumentos falaciosos

Até 2012 a Prefeitura recolhia cachorros na rua e matava com crueldade. A partir de 2013 a prefeitura passou a contar com o apoio da Associação Bicho Amigo. Esta associação de voluntários que protegem os animais passou a ter um pouco mais de condições de cuidar dos animais. Os cães e gatos abandonados passaram a ser acolhidos, tratados, castrados e colocados para doação.

Semanas atrás o Prefeito promulgou uma lei que garante maior proteção aos animais e cobra responsabilidade dos proprietários irresponsáveis que abandonam animais nas ruas.

Pois bem, esta lei obriga que todos deem um tratamento ético aos animais. No entanto, há situações em que é impossível tratar o animal. É o que acontece quando ele está com câncer em fase terminal ou com leishmaniose grave. É também o que acontece quando o animal é atropelado e não tem condições de ser recuperado. Nestas circunstâncias, o animal deve ser eutanasiado. Este é o procedimento mundial.

Dois dos 36 artigos da lei recém-publicada usam a palavra eutanásia. Ambas as vezes, como último recurso para aliviar o sofrimento do animal. No entanto, pessoas de má-fé estão disseminando argumentos falaciosos dizendo que a prefeitura adotou a eutanásia como controle de natalidade.

É mentira. Quem quiser ver o que a lei diz, ela está publicada na página da prefeitura (https://tinyurl.com/protegecao). É só ler e que estão mentindo. Entre os mentirosos estão alguns daqueles que antes de 2013 mandavam matar os animais recolhidos.

 

Ameaças

Mas o descaramento nas redes sociais não para nas mentiras. Ele avança para a pregação da violência pura e simples. Para este artigo, separei alguns exemplos que um leitor coletou no grupo “ELEIÇÕES BD 2020”, onde um grupo de pessoas tem sido particularmente virulento na geração de mentiras e de mensagens de ódio. Entre eles, membros muito ativos que identificam como Tininha, Acir, Eduardo Lorêdo, Poderosa, Nara Borges.

Acima estão algumas destas mensagens. Destaco algumas palavras da Tininha: “quero que ele vá para o inferno, que é o lugar dele”; “chegou a hora da vingança”; “Tá na mira”.

Quando ela diz que “tá na mira”, ela mostra uma arma de fogo.

Uma pessoa chamada Eduardo Lorêdo, no mesmo grupo, publica uma foto e um vídeo que me mostra caminhando pelas ruas do Bairro São Vicente. E aí ele diz que eu poderia ser linchado se continuar andando pelas ruas da Cidade Nova.

As imagens que têm publicado mostram, também, que eles estão me seguindo há meses. Não importa onde eu vá, eles me seguem, me fotografam, me filmam e me exibem nos grupos. Estão me intimidando.

 

Medo sim, covardia, não

Depois de repetidamente filmado e fotografado por pregadores de ódio; depois de ser exposto nas redes sociais por mentiras contadas por Acir Parreiras e ameaças feitas por Eduardo Lorêdo e Tininha; depois de ser covardemente atacado pelas costas, não posso deixar de ter medo.

No entanto, não sou covarde. O medo de ser agredido novamente não impedirá que eu faça o que é certo e o que precisa ser feito. Não deixarei de circular pelas ruas de Bom Despacho. Desordeiros, provocadores, mentirosos e incitadores como os citados membros do grupo “ELEIÇÕES BD 2020” não representam as pessoas de bem de nossa cidade. Elas não representam a alma e o espírito de tanta gente boa que mora e trabalha no São Vicente e na Cidade Nova.

As ruas do São Vicente pertencem a seus moradores, não aos agressores das redes sociais. Para garantir isto temos as nossas polícias, que vem agindo de forma firme na repressão dos meliantes de toda ordem. Polícia, aliás, que no dia da agressão agiu rapidamente e alcançou o agressor e minutos.

Quanto ao destino do agressor e dos estimuladores do ódio e da violência, seus nomes estão com o Ministério Público e com a Justiça. Caberá a ela julgar e decidir se haverá ou não punição.

Quando a mim, o sentimento do medo confesso que tenho; já a fraqueza da covardia, não.

 

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

Fernando Cabral

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e ex-prefeito de Bom Despacho

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