Lavar passeio com mangueira é desperdiçar água preciosa

 

ALEXANDRE MAGALHÃES – Há uma década, em 2014, a capital de São Paulo, ou seja, a cidade de São Paulo, ficou sem água. Sobrou apenas 1% do volume morto, a raspa do tacho de água que abastece a cidade.

Planos de evacuação da cidade foram criados, leis proibindo lavar carros, passeios, até dar água aos animais foram discutidas e implementadas e o desastre ficou muito perto de se concretizar.

Felizmente, a chuva voltou e os reservatórios voltaram a subir seus níveis de água, demorando vários anos para chegar perto do mínimo necessário para se viver tranquilamente em São Paulo.

Desde essa época, muitos paulistanos, como eu e minha falecida mãe, passamos a comprar baldes de cem litros e juntar água do banho, da lavagem de roupa e da chuva, para usar no dia a dia. Essas águas armazenadas são usadas nos banheiros, para lavar o quintal, o carro, entre outras possibilidades.

Meus olhos, por causa dessa grave crise hídrica ocorrida há uma década, ficaram mais atento aos desperdícios de água do dia a dia.

Nos últimos quinze dias que passei em Bom Despacho, completaram-se quatro meses desde a última chuva na cidade. Fora isso, o tempo seco e a umidade reduzida no ar que respiramos estão afetando a todos.

Por isso, quando vejo pessoas lavando suas calçadas ou passeios fico triste e impressionado como as pessoas não têm a menor noção do que é razoável fazer.

Desperdício

Outro dia, saí da casa de minha namorada bom-despachense já fazendo minha corrida diária. Estava indo em direção à Avenida Doutor Roberto. Ao entrar na Rua Capitão Jaime Gotelipe, parecia que estava em uma cena de filme estadunidense: avistei sete pessoas segurando suas mangueiras (ou gomeiras, como se diz em Bom Despacho), lavando tranquilamente as calçadas em frente suas casas. Sete ao mesmo tempo, só nesta rua.

Todas pareciam estar fazendo a lavagem com afinco. Ao invés de varrer as folhas, todas optaram por empurrar folhinha por folhinha para o meio fio, gastando milhares de litros da preciosa água para se livrarem das incômodas folhinhas mortas que, abusadas, estavam sobre os passeios defronte suas residências.

Lágrimas brotaram em meus olhos, pois relembrei dos difíceis tempos vividos em minha cidade natal, onde até os animais domésticos teriam de ser sacrificados pela falta d´água.

E o pior, tenho visto muita gente lavando suas calçadas em todos os cantos de Bom Despacho. Por causa da crise de 2014, os paulistanos aprenderam que só se deve lavar a cozinha, os banheiros, o quintal e as calçadas com um balde, não usando gomeiras, pois ao limitar a quantidade de água a um único balde, economizamos nosso mais precioso líquido, evitando enormes desperdícios, especialmente agora, quando é época de seca na cidade.

A prefeitura, o estado e o governo federal podem e devem fazer campanhas educativas contra o desperdício de água. Costuma dar bons resultados. Pequenos gestos, como fechar a torneira enquanto escovamos os dentes, usar um balde de água para lavar o carro ou o quintal de casa, não usar mangueiras para empurrar folhas para fora da calçada, são pequenos atos que mudam a consciência e a vida de uma população.

Água é vida! Passeios podem ficam sujos e quando voltar a chover, podemos aproveitar a água da chuva para lavá-los.

Dica de um paulistano, que viu o desastre de perto, para a população de uma cidade tão linda como Bom Despacho! (Portal iBOM / Alexandre Magalhães / Imagem ilustrativa).

 

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