As histórias encantadoras da Indianara Brasil
ALEXANDRE MAGALHÃES – Há alguns dias, quando a campanha para prefeito de Bom Despacho, deixou de ser “pré-campanha” e virou “campanha” oficialmente, saí para tomar umas cervejas com o candidato Professor Lau e sua equipe. Comentei que o nome do candidato, Wenceslau era um nome engraçado. Alguém na mesa, disse algo como “você precisa ouvir as histórias da Indianara sobre os nomes da família”. Fiquei com aquilo na cabeça.
Depois do evento do candidato, fui ao restaurante Villa´s, ao lado da Escola Miguel Gontijo, para comer, beber, conversar e ouvir boa música, já que o Roniere e o Leo Assunção estariam presentes em nossa mesa.
Como cheguei mais cedo e a namorada bom-despachense iria chegar mais tarde, fiquei alguns minutos só na mesa. Depois, chegou a Indianara, esposa do Xingu. Conversamos alguns minutos sobre Bom Despacho, campanha política, falta de chuva, entre outros temas. Lembrei do comentário sobre os nomes da família dela e, curioso que sou com nomes e sobrenomes, perguntei a ela sobre a origem de seu nome, Indianara. Ela me disse: “a minha história é inacreditável”. Insisti para que contasse a história de sua família.
Indianara ajeitou-se na cadeira e perguntou: “quantos minutos você tem para eu te contar a história”. “Pode tomar o tempo necessário para me contar sua saga. Adoro esse tema de origem de famílias, sobrenomes etc”. Deleite-me com a história de sua família”, cutuquei.
“Meu avô adorava a cultura indígena”, começou Indianara. “Quando nasceu meu pai, o primeiro filho, meu avô deu o nome de Índio do Brasil a ele”.
Os outros filhos receberam os seguintes nomes: Inimar Goianases, Ubiratan Goitacazes, Potiguara Aimorés, Paraguassu Tabajaras, Iandira Araújo, Guaraciaba Araújo e Irani Araújo. Reparem, raro leitor e rara leitora, que só as mulheres receberam o sobrenome original da família, que era Araújo. Os homens receberam sobrenomes de povos originários do Brasil.
Boquiaberto, perguntei por que o avô havia decidido dar nomes e sobrenomes indígenas para os filhos. A resposta foi maravilhosa: “Simplesmente porque ele gostava da cultura indígena e começou a ler sobre o assunto. Ele guardava uma lista de nomes indígenas e quando nasciam netas e netos, ele enviava uma carta com sugestões de nomes. Assim, quase toda minha família tem nomes e sobrenomes indígenas. Apenas meu tio Paraguassu e minha tia Irani não colocaram nomes indígenas nos filhos, os demais seguiram as sugestões dele e todos colocaram nomes indígenas nos filhos também”.
Ual! E concluiu: “Lá em casa somos Guacira Iandara Brasil, Ianacã Índio Brasil e Indianara Brasil. E alguns netos também colocaram nomes indígenas nos filhos. Uma loucura sem fim”. Rarara.
Não canso de recontar a história da Indianara Brasil
Fiquei encantado com as histórias da Indianara Brasil, e as tenho repetido para todos os bom-despachenses que encontro. As histórias são maravilhosas e mostram quão rico é nosso Brasil profundo. Quantas histórias como essas devem existir em nosso país?
Minha namorada bom-despachense fica sempre muito constrangida com minha curiosidade com a história das famílias e dos nomes das pessoas. Lembro de uma viagem que fizemos para a Lapinha, quando fizemos a travessia do Tabuleiro. No passeio, conhecemos a Mairna. Quando soube seu nome, e para desespero de minha namorada, perguntei se Mairna era o nome escolhido pelos pais dela, ou se o sujeito do cartório havia invertido o nome Marina ao escrevê-lo no livro de registros. Ela me explicou que Mairna era uma amiga de sua mãe, que homenageou essa pessoa ao escolher seu nome.
Desta vez, minha namorada adorou o resultado de minha curiosidade: as da Indianara são maravilhosas!
Obrigado, Indianara, por dividir comigo um pouco da riqueza de suas histórias pessoais e familiares. (Portal iBOM / Alexandre Magalhães / Foto: arquivo Indianara Brasil).