Porque o Santander vai fechar sua agência em BD

 

O Banco Santander anunciou o fechamento da sua agência de Bom Despacho. Isto causará transtornos para os idosos e para servidores públicos. Aos idosos, porque grande número deles recebe suas aposentadorias na agência que será fechada. Aos servidores públicos, porque muitos têm contas nessa agência. Como fechar agências é uma tendência que não vai parar, é preciso encontrar alternativas que acolham as pessoas atingidas.

Bancos não pensam em pessoas. Bancos não pensam no que é melhor para seus clientes. Bancos só pensam no que é melhor para seus acionistas. Por isto, fechar ou abrir agências é questão de cálculo de lucro, não de bom atendimento, ou de humanidade. O fechamento da agência do Santander em Bom Despacho é mostra desta visão de negócios.

Quem é o Santander

Entre os bancos privados, o Santander é o terceiro maior banco do Brasil. Seu patrimônio, no Brasil, é de R$ 1,2 trilhão. Ele tem 70 milhões de clientes em 1.126 agências. Isto lhe garantiu um lucro de R$ 14 bilhões em 2024, e mais R$ 4 bilhões só no primeiro trimestre de 2025.
Também na Europa o Santander é forte. Em especial, na Espanha, Portugal e Polônia. É o maior banco da zona do Euro, onde tem 180 milhões de correntistas, e opera oito mil agências.

Agência do Santander na cidade de Tábua, em Portugal, que tem 12 mil habitantes (Foto: Google Inc)

Pois bem! Esta potência bancária tem um interesse imediato a atender: aumentar seus lucros. Daí, sua decisão de fechar a agência de Bom Despacho. Com isto, reduzirá seus custos, tentando empurrar seus clientes para o atendimento via Internet e caixas automáticos.
Esta prática é antiga. Segundo notícias veiculadas na Internet, faz pouco tempo o banco fechou 95 agências na Inglaterra, vendeu a metade das suas agências na Polônia, e fechou ou fundiu agências em Portugal.

IA para faturar mais

Segundo declarações do próprio banco, a intenção é transformar as antigas agências bancárias em escritórios para uso coletivo chamados work café. Mais de 300 agências já funcionam assim. O cliente não vai mais a uma agência bancária, mas a um escritório onde pode ligar seu computador, fazer um lanche e trabalhar.

Ainda segundo declarações do banco, atualmente 40% das chamadas de call center (ligações telefônicas) são atendidas por IA (inteligência artificial) e 80% dos negócios são baseados em IA. Portanto, menos gente do lado de dentro e do lado de fora dos seus balcões.
Isto também implica menos empregos e menos atendimento humanizado.

O fechamento de agências menores

Aí voltamos à questão do fechamento da agência de Bom Despacho. Para o banco, não compensa transformar agências pequenas em work café. Também não compensa tratar o cliente como gente. O que o banco quer são clientes que movimentam grandes somas de dinheiro e não precisam de ajuda e atenção. Clientes que entrem no computador e resolvam todos os seus problemas por conta própria.

Ora, aposentados não têm muito dinheiro, não fazem grandes operações com banco, e muitas vezes não conseguem operar os sistemas eletrônicos, como caixas automáticos e aplicativos de celular. Portanto, são clientes descartáveis.

Para o Santander, os clientes de Bom Despacho são descartáveis. O fechamento da agência diminuirá suas despesas e trará mais lucros. Só isto interessa. Não há preocupação com os benefícios ou malefícios para a sociedade.

Como sempre, quando o lucro se sobrepõe aos valores humanos, os pequeninos pagam mais caros. No caso do Santander em Bom Despacho, estes pequeninos são os aposentados, os servidores públicos, e os correntistas de pequena monta, em geral.

Alternativas

Felizmente, idosos, aposentadores, servidores e pequenos correntistas têm boas alternativas em Bom Despacho. Primeiro, a Caixa, o maior banco do Brasil em número de clientes. Segundo, o Banco do Brasil, o maior banco do país em financiamento do agronegócio. Finalmente, as cooperativas de crédito, como Credesp e Credibom.

A Caixa opera todos os programas de renda do Governo Federal e tem muita experiência no trato com pessoas simples. Ela avança no sistema bancário eletrônico, sem descuidar do atendimento pessoal nas agências. As pessoas mais simples precisam deste atendimento, e a Caixa o faz.

O Banco do Brasil é sustento do agronegócio do Brasil. Embora atenda à população em geral, este não é seu ponto forte. O atendimento empresarial, principalmente no setor rural, é onde o Banco brilha. Por intermédio do BB, o Governo Federal libera os bilhões que movimentam nossa produção agropecuária.

Quanto às cooperativas nascidas em Bom Despacho — Credibom e Credesp — elas são modestas quando comparadas com Caixa, BB, e outros. Pelo menos em número de correntistas e patrimônio. No entanto, são as instituições financeiras que mais trazem benefícios para a cidade. Afinal, seus acionistas (cooperados) são daqui. As sobras (lucros) que elas produzem, ficam por aqui mesmo. Não vão para Brasília, São Paulo ou Europa. Só por isto, já merecem nossa atenção. Veja outros conteúdos seguindo @jornaldenegocios.

Mas, para os correntistas que movimentam pequenos valores e não são do interesse dos grandes bancos, as cooperativas são um oásis. Nelas, todo cliente recebe tratamento de quem é dono.

Aborrecimentos e oportunidades

Sim, o fechamento da agência do Santander em Bom Despacho trará aborrecimentos. Não apenas para aposentadores e servidores, mas para todos os seus correntistas. Algumas destas pessoas continuarão com o banco. Ou porque ficarão satisfeitas em fazer toda a movimentação por meios eletrônicos — como computadores, telefones e caixa eletrônicos — ou porque podem ir até Nova Serrana, sempre que precisarem. Mas, para a maioria, estas alternativas não funcionarão. Portanto, é hora de mudar.

Mudanças são desconfortáveis, mas são também oportunidades. Quem até então se sentia obrigado a ter conta no Santander, agora terá oportunidade de considerar alternativas. Por exemplo, tornar-se cooperado na Credibom ou Credesp. Nestas duas cooperativas, o bom-despachense poderá ter excelentes serviços digitais, mas poderá, também, ter o direito de ser bem atendido pessoalmente em suas agências físicas.

E mais: ao optar por abrir conta e receber salários e proventos nas cooperativas, o correntista estará, também, impulsionando a economia local. Vai ajudar Bom Despacho, sem fazer força.

Mas, se optar por bancos mais tradicionais, poderá escolher entre a Caixa e o Banco do Brasil, por exemplo. Ficará mais bem atendido do que era atendido pelo Santander.

É como dizem: há males que vêm para bem. O fechamento desta agência pode ser um desses males. Quem sabe, daqui a alguns meses, quem hoje passa por este aborrecimento possa olhar para trás e dizer: já foi tarde!

É o que acho que acontecerá. (Portal iBOM / Fernando Cabral / Foto: iBOM).

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